terça-feira, 15 de janeiro de 2008

VIRTUDES ou CONDENADOS ???





Os ingleses, se bem que nem todos, dizem que o ouro é tempo.

Nós os menos diligentes, entre os quais me incluo, somente dizemos que o tempo é ouro.

A verdade é que não é todo o tempo que reluz e o ouro, nesta época, é um pseudónimo do petróleo.

Esse líquido pelo qual transcorre o sangue da modernidade, alcançou no Império a barreira histórica dos 100 dólares por barril e isso fez disparar o preço do ouro.

Uma estranha relação.

Que importa, por exemplo ao transmontano, que num distrito longínquo, tenha subido o preço do leite, do frango ou da farinha?

Isso só significa que, assim como nos havíamos adaptado a viver com mais, teremos que nos irmos habituando a fazê-lo com menos.

Não é necessário ser um bom vaqueiro para se dar conta que as vacas fracas do povoado se escaparam.

O desemprego e a inflação vão modificar o nosso modo de vida.

Inclusive a maneira de viver de quem não gozava desses modos, mas confiavam em que fossem permanentes e estranham o ruído que fazem os sinais de alarme, mais a mais quando estamos ainda longe de eleições.

Acreditar em quê?

As temporadas de bonança não são mais que o prelúdio de sequências de escassez, mas não vale a pena ficar assim, já que temos ainda algo que adaptar.

Para ver chegar os maus tempos, os nossos políticos não necessitaram de comprar óculos graduados.

O que se lhes pode reprovar é que até anteontem foram todos tão optimistas e agora, brusca e unanimemente, preguem cautelas ou catástrofes.

Resistiremos.

A missão do povo sempre foi a mesma: aguentar.

Suportar aquilo que lhe causam, porque jamais o pode arremessar contra os seus insuportáveis chefes.

Tudo parece indicar que vamos continuar a ser condenados a praticar a terrível virtude da austeridade.

Virão tempos melhores.

Já se sabe que Deus aperta, mas não descança.


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