Ministro à porta
É curioso que nos obsequiem com alguma coisa, pessoas que não nos querem nada, mas não é menos, que nós nos vejamos obrigados a obsequiar outros que nos conduzem sem cuidado.
O que se passaria se todo o ano fosse Natal?
Desejaríamos felicidades mútuas, coisa bastante tolerável, mas ver-nos-íamos na necessidade de estar a fazer embrulhos, coisa bastante chata.
Em tempos, do meu santo patrono, Mariano José de Lara (*), todo o ano era Carnaval.
Um ciclo menos hipócrita.
Ninguém deve fiar-se, nem num pêlo desta eventual alegria obrigatória.
Se alguém chegado, por mar, num batel, ou por terra, a "salto" - um ancião, uma jovem mulher ou um recém-nascido - procurar "pousada", oferecer-se-lhe-ia uma hospitalidade parecida com a que comemora o Natal cristão, ou seja, teriam de meter-se num estábulo, partindo do princípio que há estábulos livres, onde não tivessem que pagar o trespasse.
O Tempo, com maiúscula, quiçá seja plano, mas como nós somos criaturas temporais, parcelámo-lo e dizemos isso de, ano novo, vida nova.
Talvez não haja outra forma de aguentar "isto" se não criarmos ilusões.
Temos de criá-las nós, já que ninguém no-las dá feitas.
O Presidente da República e o Primeiro Ministro, nas suas saudações e palavras, presumem o crescimento.
Também Musharraf, apesar de parecer que irá adiar as eleições, as mantém proximamente, apesar do assassinato de Benazir Bhutto.
O mal, vão ser os recibos de 2008.
A electricidade, mais 3,6 %, o gás, mais 3,6 %, os transportes, mais 3,9 %, as portagens, mais 2,94 %, o leite, mais 12%, o pão, mais 30 %, a água …
TUDO ACIMA DA INFLAÇÃO PREVISTA PELOS NÉSCIOS GOVERNANTES, (que pensam que o Zé povinho é parvo. Se podessem tomar o poder …!)
A verdade é que isto não é de recibo.
Os pessimistas, quando vêem uma luz no final do túnel, pensam que é outro comboio que vem em direcção contrária, mas há outra variedade de pessimistas: OS QUE SÓ VÊEM O TÚNEL!
(*)
Os melhores poetas do primeiro terço do século XIX, como Manuel José Quintana, expressam atitudes românticas em obras de forma clássica. O romantismo foi introduzido e cultivado por Ángel de Saavedra, duque de Rivas, pelo poeta e dramaturgo José Zorrilla, por José de Espronceda e Gustavo Adolfo Bécquer que, possivelmente, compôs os poemas mais delicados da língua espanhola. A prosa romântica de maior qualidade encontra-se nos escritos dos costumbristas (narrador de costumes) e nos artigos de Mariano José de Larra. A propósito, diga-se que o costumismo urbano (evitamos o castelhanismo costumbrismo, de todo desnecessário ) ocupa largo espaço na narrativa de ficção brasileira. A partir de D. Mariano José de Larra ( 1809-1837 ), na Península Ibérica, teve origem o moderno romance de costumes, com descrição, crítica social e, também, como forma de narrativa própria da estética romântica na sua fase final e já antecipadora do Realismo. Na literatura portuguesa, D. Mariano José de Larra inspirou livros como as Novelas do Minho, de Camilo Castelo Branco, ou como As pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis.
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