quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

MADRID - UMA BATALHA










Por algum lado se começa, porque todos sabemos como acaba.

Uma certeira facada, dada há cerca de dois meses, no coração de Madrid e ao mesmo tempo no dum menor de 16 anos, que é uma idade para não se saber com toda a certeza o que se quer, proporcionou mais um assassinato, remetendo-nos para as mais obscuras épocas.

Não temos remédio?

A batalha do metro de Madrid, qualificada de campal, ainda que o campo esteja mais a norte, disfarçado de asfalto, é a de sempre: um contra outros ou, para ser mais preciso, os mesmos contra os mesmos.

No seu "O Meu Dicionário Filosófico ", do grande Fernando Savater (*), anuncia que o seu livro é um antídoto contra os piores venenos da política: "a estupidez de direitas e a estupidez de esquerdas".

O pior dessa violenta estultícia, que parece não só congénita como hereditária, é que é uma flor maldita que requer ser regada com sangue.

Não é um exclusivo.

O célebre actor Robert Redford, ex galã, acusa o seu país de ter mandado morrer jovens por uma "mentira monstruosa".

Necessitamos de tempos de paz para recontar os mortos.

O monumento aos caídos, na Guerra do Vietname, é um bom livro de contabilidade.

Ali, entre mortos e desaparecidos, deixaram de beber coca cola, 58.256 jovens.

No Iraque, que ainda não houve paz para a recontagem, parece-me que ultrapassam as 5000.

No Afeganistão, ainda que não se esteja pronto para fazer números, os americanos já perderam, talvez mais de 1000 compatriotas.

Coincidem estas listas necrológicas, com as declarações de Jacques Diouf, secretário geral da FAO, que assegura que para acabar com a fome, necessita tão só de 2 % dos gastos militares do mundo.

Que desastre este mundo!

Não sabemos se foi deixado da mão de Deus ou se nunca esteve seguro por ela.

O que sabemos é que uma criatura com menos de 16 anos, foi morto numa disputa entre grupos de "ideologia oposta".

(*)

Fernando Savater, nasceu em San Sebastián em 1947.
Catedrático de ética na Universidade Complutense de Madrid, é autor de uma vasta obra que abarca o ensaio, a narrativa e o teatro.

Fernando Savater é um dos pensadores mais destacados de Espamha e tem vindo a ganhar grande popularidade no mundo inteiro.
Escritor prolifico, de Ensaios, Novelas, Teatro, Traduções, Obras em colaboração com outros escritores, etc.

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