quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

MORRE UM . OUTRO É ASSASSINADO POLITICAMENTE.



Raio X duma bomba igual á que explodiu em Londres!







Passou-se algo de bom e portanto os arautos de sempre, não se arejarão suficientemente em rádios, jornais, revistas e televisões.

Entendo por notícia tudo o que altera a normalidade.

Não que um poeta do calibre de Ángel González, (*) viva a consumir whisky, como que morra, logo na altura em que se fala mais dele.

Morreu dia 12, a terra ainda está revolta; como um comboio que chega à sua hora, só se tiver um atraso muito superior ao normal.

"Não há notícias: boas notícias", dizem os ingleses.

Nós, valha-nos ao menos isso, vamos mais longe e conformamo-nos, como aqueles crentes que foram a Lourdes, em ficarmos como estávamos.

Agora temos claros motivos de júbilo: uma célula islâmica cancerosa, com ramificações vindas de Espanha, que preparava um atentado em Barcelona, segundo os crentes e adivinhos.

A polícia espanhola deteve 15 suspeitos, 13 paquistaneses e 2 indígenas da Índia, que tinham feito um grande aprovisionamento de explosivos.

Quantos lutos, quantas lágrimas teremos poupado?

O material destrutivo encontrado é uma substância conhecida no meio, como "a mãe de Satã", com uma notável eficácia.

Ponham aos filhos dessa mãe os adjectivos que mais se coadunem ou mais ajustados, que serão sem dúvida os mesmos que eu estou a pensar.

O aprazado combate de revancha das Cruzadas está-se a travar de um modo isolado e sub-reptício.

Os terroristas, por agora, estão a fazer uma guerra de guerrilha.

O que se passaria no mundo se Osana Bin Laden fosse dono duma bomba atómica?

A mãe de Satâ, teria uma família numerosíssima.

Ainda bem que foram detidos e que não houve mortes em Barcelona e que continuemos a ler e a falar, (como no JN de hoje, 22-01-2008, que a exclusão de Alberto Ruiz-Gallardón, alcaide, ou Presidente da Câmara de Madrid, das listas do PP, é uma besteira, já que ele ganhou com maioria absoluta um feudo socialista, mas não era isso que estava em causa. Era a independência dum político honesto, que talvez não tenha agradado ao "dono" do PP, (lá como cá!!!), Mariano Rajoy.

Gallardón, aceita que foi apunhalado … mas, as eleições que são em 9 de Março e ele frisa que no dia 10, do mesmo mês, deixa a política e perguntou aos jornalistas se lhe arranjavam trabalho.

Pagou o preço da honestidade.

A catástrofe íntima que sempre provoca um atentado dura pouco e restringe-se a um âmbito menor.

Lamentamo-lo todos, mas só choram os que pertencem ás famílias dos mortos.

Devemos alegrar-nos e dizer muito baixinho, de modo que não se eleve a voz, pois pode haver amplificadores,

VIVA A POLÍCIA !!! VIVA A GUARDIA CIVIL.

(*)
Vida deste poeta, veja aqui.
Ángel González Muñiz (Oviedo, 06/09/1925 -Madrid, 12/01/2008 2008), poeta espanhol.
Li dele "A Todo Amor", mas pelo que sei ou se calhar não sei, não tem a obra traduzida para português.


Sem comentários: