quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

- A vergonha de confessar o primeiro erro leva-nos a cometer muitos outros ! (Jean de La Fontaine, poeta francês, 1621-1695)

MISSEIS PARA MATAR A FOME!










Um míssil caiu sobre Jerusalém.

Israel testa o Jericó III, com capacidade nuclear e 4500 km de alcance.

Nos países bíblicos, soam as sirenes da guerra. As eléctricas, pois as outras já tangem ou badalam há larguíssimas centenas de anos.

O artefacto assassino representa um avanço indubitável sobre o seu antecessor na dinastia letal, o Jericó II, que matava menos, já que transporta o triplo da carga não convencional ou seja, nuclear, química e bacteriológica.

A isso chamamos progresso.

Não se sabe se é licito deduzir, quando se bombardeia a História Sagrada que nos faziam estudar quando éramos putos, que o cristianismo é uma experiência fracassada.

Não se querem, nem os próximos nem os longos.

Que seria deste planeta se a Jesus Cristo não lhe tivesse ocorrido dar uma volta por aqui, apregoando o amor?

Os israelitas voltaram a atacar a faixa de Gaza, que cada vez fica mais estreita e tem encerrados todos os postos de fronteira.

Pior estão no Quénia, onde não irá ficar um opositor vivo.

Descobriram que o melhor sistema para eliminá-los é deixar que se agrupem em manifestações de protesto e, quando haja um número razoável de dissidentes, disparar sobre eles.

Comparado com este panorama mundial, o nosso não passa dum pobre petardo.

O ministro da Saúde, assegura que se pode ter plena confiança nos portugueses e que quer devolver a saúde que a sociedade merece.

A oposição clama das medidas e chamam-lhe indecente, desafiando-o, não sei se para um duelo com espada ou navalha.

Entretanto, morre-se em Anadia, em Alijó, depois em ali já …

Proponho que se aprove rapidamente um diploma sobre a clonagem humana.

Fico à espera que num dia não muito distante, os embriões humanos clonados, não saiam aos sacanas dos seus pais e abandonem a tradição de matarem-se entre eles, mas isto pertence à ciência-ficção.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

- O exagero é a verdade que perdeu a calma ! (Kahlil Gibran, escritor sírio-americano, 1883-1931)

PROMESSAS TODOS AS FAZEM !!!









Gosto de ler e reler o quotidiano espanhol, tanto mais que salvo qualquer imponderável, mais dia, menos dia, vendo a barraca onde me abrigo e parto para o lado de lá da fronteira.

Palavra do "xistosa"!

Ninguém tenha dúvidas.

Penso que essa hora já esteve mais distante e é por isso que todos os dias dou corda aos relógios, para que não parem e avancem.

Que ninguém fale de dúvidas, soam a ser, nem agradecidas nem satisfeitas, já que mudam de bolso, quando não de nacionalidade e vão-se, para viver na ampla comarca do ouvido.

O prometido é duvidoso.

Quem pode acreditar nesta altura do campeonato e á profundidade dos partidos políticos, que os seus lideres podem cumprir com tudo o que estão a oferecer?

Agora que os "moinhos de vento", já estão a gerar, em Espanha, 10 % da energia eléctrica, os espanhóis dar-se iam por satisfeitos, (aliás como sucede por cá), se fossem cumpridas 10 % das promessas eleitorais.

Inclusivamente ficariam com uma dor de dentes, já que não podem cantar a letra do hino nacional, cuja ausência de letra, fá-los encontrar em falta a ausência de dentaduras.

O presidente Zapatero, prometeu que subirá para 850 euros, as pensões mínimas, (LERAM BEM, são mesmo, oitocentos e cinquenta euros) e para 700 as de viuvez.

O do PP, Rajoy, diz que eliminará a Educação para a Cidadania, considerando, sem dúvida que os espanhóis já estão suficientemente educados.

Não satisfeito com tal promessa, quer garantir por lei, o ensino do castelhano.

Decidido a superar-se a si mesmo, Rajoy, fará com que todos os putos, uma vez aprendido o idioma de Cervantes, aprendam também o de Shakespeare.

Dentro de pouco tempo serão bilingues, incluindo os ventríloquos.

A clientela mais crédula renova-se em cada ciclo eleitoral.

Pessoas que não acreditam nos saldos que começam no Reis, (dia de oferendas em Espanha e não no Natal) nos grandes armazéns comerciais que trazem todos os camelos que os donos da politica urdem.

Por que não há-de haver eleições em cada seis meses?

Ainda que só cumpram uma infinitésima parte do que ofereceram, a vida dos espanhóis melhoraria muito, (por cá, parece-me que se passa algo muito parecido).

Até agora, lá, como cá, só melhora a de quem se especializou em promessas.

Quem os vai recordar do que disseram que iam fazer?

É necessária uma grande memória para nos esquecermos de tudo e é impossível a nostalgia do bem que todos íamos passar se tivessem ganho uns ou outros dos mercadores da felicidade.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

- O medo é útil quando nos deixa alerta ! ( Dalai Lama)

MADRID - UMA BATALHA










Por algum lado se começa, porque todos sabemos como acaba.

Uma certeira facada, dada há cerca de dois meses, no coração de Madrid e ao mesmo tempo no dum menor de 16 anos, que é uma idade para não se saber com toda a certeza o que se quer, proporcionou mais um assassinato, remetendo-nos para as mais obscuras épocas.

Não temos remédio?

A batalha do metro de Madrid, qualificada de campal, ainda que o campo esteja mais a norte, disfarçado de asfalto, é a de sempre: um contra outros ou, para ser mais preciso, os mesmos contra os mesmos.

No seu "O Meu Dicionário Filosófico ", do grande Fernando Savater (*), anuncia que o seu livro é um antídoto contra os piores venenos da política: "a estupidez de direitas e a estupidez de esquerdas".

O pior dessa violenta estultícia, que parece não só congénita como hereditária, é que é uma flor maldita que requer ser regada com sangue.

Não é um exclusivo.

O célebre actor Robert Redford, ex galã, acusa o seu país de ter mandado morrer jovens por uma "mentira monstruosa".

Necessitamos de tempos de paz para recontar os mortos.

O monumento aos caídos, na Guerra do Vietname, é um bom livro de contabilidade.

Ali, entre mortos e desaparecidos, deixaram de beber coca cola, 58.256 jovens.

No Iraque, que ainda não houve paz para a recontagem, parece-me que ultrapassam as 5000.

No Afeganistão, ainda que não se esteja pronto para fazer números, os americanos já perderam, talvez mais de 1000 compatriotas.

Coincidem estas listas necrológicas, com as declarações de Jacques Diouf, secretário geral da FAO, que assegura que para acabar com a fome, necessita tão só de 2 % dos gastos militares do mundo.

Que desastre este mundo!

Não sabemos se foi deixado da mão de Deus ou se nunca esteve seguro por ela.

O que sabemos é que uma criatura com menos de 16 anos, foi morto numa disputa entre grupos de "ideologia oposta".

(*)

Fernando Savater, nasceu em San Sebastián em 1947.
Catedrático de ética na Universidade Complutense de Madrid, é autor de uma vasta obra que abarca o ensaio, a narrativa e o teatro.

Fernando Savater é um dos pensadores mais destacados de Espamha e tem vindo a ganhar grande popularidade no mundo inteiro.
Escritor prolifico, de Ensaios, Novelas, Teatro, Traduções, Obras em colaboração com outros escritores, etc.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

- Se tremes diante de qualquer injustiça, estejas onde estiveres, então somos companheiros ! (Che Guevara)

MORRE UM . OUTRO É ASSASSINADO POLITICAMENTE.



Raio X duma bomba igual á que explodiu em Londres!







Passou-se algo de bom e portanto os arautos de sempre, não se arejarão suficientemente em rádios, jornais, revistas e televisões.

Entendo por notícia tudo o que altera a normalidade.

Não que um poeta do calibre de Ángel González, (*) viva a consumir whisky, como que morra, logo na altura em que se fala mais dele.

Morreu dia 12, a terra ainda está revolta; como um comboio que chega à sua hora, só se tiver um atraso muito superior ao normal.

"Não há notícias: boas notícias", dizem os ingleses.

Nós, valha-nos ao menos isso, vamos mais longe e conformamo-nos, como aqueles crentes que foram a Lourdes, em ficarmos como estávamos.

Agora temos claros motivos de júbilo: uma célula islâmica cancerosa, com ramificações vindas de Espanha, que preparava um atentado em Barcelona, segundo os crentes e adivinhos.

A polícia espanhola deteve 15 suspeitos, 13 paquistaneses e 2 indígenas da Índia, que tinham feito um grande aprovisionamento de explosivos.

Quantos lutos, quantas lágrimas teremos poupado?

O material destrutivo encontrado é uma substância conhecida no meio, como "a mãe de Satã", com uma notável eficácia.

Ponham aos filhos dessa mãe os adjectivos que mais se coadunem ou mais ajustados, que serão sem dúvida os mesmos que eu estou a pensar.

O aprazado combate de revancha das Cruzadas está-se a travar de um modo isolado e sub-reptício.

Os terroristas, por agora, estão a fazer uma guerra de guerrilha.

O que se passaria no mundo se Osana Bin Laden fosse dono duma bomba atómica?

A mãe de Satâ, teria uma família numerosíssima.

Ainda bem que foram detidos e que não houve mortes em Barcelona e que continuemos a ler e a falar, (como no JN de hoje, 22-01-2008, que a exclusão de Alberto Ruiz-Gallardón, alcaide, ou Presidente da Câmara de Madrid, das listas do PP, é uma besteira, já que ele ganhou com maioria absoluta um feudo socialista, mas não era isso que estava em causa. Era a independência dum político honesto, que talvez não tenha agradado ao "dono" do PP, (lá como cá!!!), Mariano Rajoy.

Gallardón, aceita que foi apunhalado … mas, as eleições que são em 9 de Março e ele frisa que no dia 10, do mesmo mês, deixa a política e perguntou aos jornalistas se lhe arranjavam trabalho.

Pagou o preço da honestidade.

A catástrofe íntima que sempre provoca um atentado dura pouco e restringe-se a um âmbito menor.

Lamentamo-lo todos, mas só choram os que pertencem ás famílias dos mortos.

Devemos alegrar-nos e dizer muito baixinho, de modo que não se eleve a voz, pois pode haver amplificadores,

VIVA A POLÍCIA !!! VIVA A GUARDIA CIVIL.

(*)
Vida deste poeta, veja aqui.
Ángel González Muñiz (Oviedo, 06/09/1925 -Madrid, 12/01/2008 2008), poeta espanhol.
Li dele "A Todo Amor", mas pelo que sei ou se calhar não sei, não tem a obra traduzida para português.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

- Quem vive sob o domínio da sensação tenta realizar todas as possibilidades, mas estas não lhe proporcionam mais do que uma actualidade transitória.
A ameaça do tédio é perpétua e consequentemente a busca de novidades conduz, em última instância, ao desespero !
(Soren Kieerkegard , 1813/1883, filósofo e teólogo dinamarquês)

MAQUILHADORES ou COMPOSITORES DE IMAGEM









Em geral têm cara-de-pau, mas também muito mérito.

Como conseguir que um estrábico seja gabado pelo seu doce olhar, ou que um calvo se despenteie ao pronunciar um discurso?

As aparências só enganam aos que são chamados ao engano e respondem à sua própria chamada.

O importante para qualquer líder é cuidar da sua linha interior, mas também é recomendável que vigie o seu peso, ainda que não coincida com o específico das tabelas.

Os criadores ou criativos de imagem sabem, que nos debates televisivos aos futuros votantes lhes influencia mais a gravata que a ideologia.

Um senhor como Sören Kierkegaard (*), que era um sacana, teria muito pouco que fazer face a um tipo como Gary Grant.

Como se arranja isso?

Parece-me que não é suficiente, fazer a barba de manhã e à tarde, como fazia Nixon, ou vestir-se de cores claras ou beijar a miudagem dos subúrbios, normalmente os mais sujos de ranho.

Também não se alcançam os objectivos propostos, ainda que haja algo que pode influir, como visitar os lares de Terceira Idade, ou lares de terceira, vencendo a natural repugnância, de abraçar os velhotes ou anciãos, que normalmente não desejam ser abraçados por nenhum desconhecido.

Todas estas práticas são úteis, como também é frequentar os transportes públicos e parar em todas as bancas dos mercados, sem necessidade de comprar nada.

Só para saudar com idêntica cordialidade, os pescadores rivais.

Tenho entendido que o senhor MeneZes está a ser aconselhado nessas práticas e o único que falta aprontar é que lhe coloquem uns óculos ou umas lentes de contacto, azuis se o líder dos populares autorizar, porque é um senhor inteligente e sereno, que também crê mais nas aparências do que nas promessas.

Ultimamente tem deixado de fazer promessas, daquelas que depois de terminar a conversa já tinham passado à história, mesmo que não fossem história.

Esses senhores, que modificam a imagem, que inculquem nos seus "pacientes" a certeza de arranjar trabalho remunerado para todos, os que gostam de trabalhar, não os que só querem ser remunerados.

Concomitantemente, ofereçam uma baixa nos impostos.

Desde o céu, em que não acreditava, Simone de Beauvoir sorrirá!


(*)
Sören Kierkegaard, (1813/1855), filósofo e teólogo dinamarquês, autor de "Ou Aqui … ou Acolá", onde opõe à vida estética, a vida moral e a vida religiosa.
Escreveu também, "O conceito da Angústia" e "Fases do Caminho da Vida".
Foi um propagador dum cristianismo austero, individualista e trágico.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

- Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha a luz ! (Victor Hugo, 6-02-1802/22-05-1885, escritor e poeta francês).

LEITURA GLOBAL

Assassino.


Peixes assassinos.



Assassina?


Qualquer um pode encontrá-lo, nesse impaciente estado de transe bagunçado onde se aguarda que o semáforo mude de âmbar para verde.

Também nos podemos cruzar com ele em metade da rua ou ser esse desconhecido, contíguo da nossa "localidade" no cinema.

Em todo o caso é um próximo-parente, ou seja um próximo-vizinho, mas a verdade é que algo o diferencia dos outros.

Todos os dias, mesmo que chova, logo de manhã, gosto de ler, sem molhar o papel informático, três diários espanhóis.

Não sou um saudosista de Ourique, Aljubarrota ou do Tratado de Tordesilhas, mas gosto ler o que se passa na "casa vizinha".

Sou curioso e gosto de bisbilhotar, o Faro de Vigo, O ABC e o El Pais. Raramente o El Mondo. (Gosto de andar informado, pois podemos ser invadidos, se não por outro motivo, pelo menos pelo preço da gasolina)

O Juiz de Menores, exerceu com ele, o tal próximo-parente ou próximo vizinho, um tipo de piedade que consiste em aumentar o risco para o resto de todos os compatriotas.

Estou a referir-me à notícia sobre um assassino, conhecido que ficou pelo nome de "assassino do sabre".

Qualquer um pode ter um mau momento.

O adolescente matou o seu pai e a sua mãe, com uma espada ou sabre japonês que atravessa e corta um cabelo no ar.

Não satisfeito com essa poda na sua árvore genealógica, carregou sobre a sua pequena irmã.

Agora, este conflituoso tipo, que actualmente tem 24 anos, foi colocado em liberdade sem vigilância policial.

FARÁ ISTO LEMBRAR ALGO DO NOSSO PORTUGAL ?

Como reprovar o perdão?

Todos ou quase todos, menos os que o outorgaram, aspiramos a ele.

A misericórdia está um patamar acima da justiça, mas não deixa de ser inquietante que este campeão do crime, agora que tanto se fala da família como instituição sagrada, pode andar à solta, depois de eliminar a sua.

O "estafermo" está como uma cabra, mas as cabras não usam sabres.

Estatelam-se no monte, mas não estatelam corpos.

Os juízes perdoaram-lhe oito meses de internamento terapêutico, mas isto tem pouca importância.

É igual o oito ou oitenta.

O problema consiste em não saber se o agressivo louco vai voltar a ter um mau momento e vai levar por diante todos os que tenha ao lado.

Vamos a ver se os "vizinhos" têm sorte e não lhe ocorre entrar no mesmo bar em que estão esses vizinhos, a tomar um copo e fumando um cigarro.

Se lhe incomodar o fumo, voltará a usar o sabre?

domingo, 20 de janeiro de 2008

- Experiência não é o que aconteceu contigo; mas o que tu fizeste com o que te aconteceu ! (Aldous Leonard Huxley, escritor inglês, 26-07-1894/22-11-1963)

DE LONGE (Espanha!)




O governo espanhol proibiu uma manifestação, mas não se notou porque há sempre muitas.

O que originou este pedido, foi a morte de um menor, parece-me que antifascista, ocasionada por um "maior", parece-me que neonazi.

A manifestação proibida excedia a desaventurada ocorrência e queria converter-se numa apoteose da xenofobia e do racismo, ambas envoltas no muito nobre propósito de aumentar a segurança citadina.

Falava-se dos estrangeiros, dum modo geral, como "essa escória vinda de terras longínquas".

É de se supor que não se aludia aos turistas ricos que chegam armados com máquinas fotográficas, mas sim a certas áreas, não necessariamente kosovares, que disparam outros artefactos.

Em qualquer caso, os "slogans" englobam muita gente.

Conta, Alvin Toffler (*) uma experiência realizada com pintos recém-nascidos, por cientistas de bata branca:

Escolhe-se um à sorte, que ande a pedi-las, como todos os seus irmãos de raça e pinta-se de verde.

Os seus irmãos de ninhada são unanimemente amarelos e não se sabe como se põem de acordo, mas todos debicam até matar o intruso.

O repúdio da colectividade pelo distinto talvez não se deva extrapolar, já que não somos pássaros, mas entre os humanos também há aves de mau agoiro.

Não é o menor dos problemas que se põe aos espanhóis, que irão ter eleições onde irão falar dos imigrantes e da sua, ou não, integração.

São mais de três milhões e meio com residência autorizada e cinco milhões domiciliados.

Uns perguntam se foram demasiado abertas as portas e outros perguntam por que há portas.

Só não entendo por que é que lhes chamam escória.

Alguns servem o exército espanhol, talvez não sabendo ou não cantando o hino.

Talvez não gostem da letra!


(*)
Alvin Toffler, (03/Outubro1928), escritor americano, futurista, abarcando temos de diversa índole, mas actuais.
Vive en Los Angeles, com a mulher, Heidi Toffler, que também é escritora.

sábado, 19 de janeiro de 2008

- O cosmos pode ser infinitamente maior do que o homem, mas um único acto de amor vale mais do que toda a massa do universo ! (Pascal, filósofo francês, 1623-1662)

MUDANÇAS CLIMÁTICAS







A pertinaz seca que o Alentejo e grande parte da Península Ibérica, inclusive o local onde passo férias, (zona de Múrcia), padece todos os anos, talvez o Verão de 2007, seja uma excepção dos últimos, muito últimos anos, uma excepção, corresponde a "normas" bem conhecidas em épocas anteriores.

É atribuída insistentemente ás mudanças climatéricas, mesmo que estejam perfeitamente documentados os ciclos anteriores, que mostram claramente que tudo é normal, ao longo de muitos anos em que se regista, em registos o tempo, não o dos relógios, mas o dos termómetros, higrómetros, barómetros e quejandos.

Mas não pára aqui a insistência, não sei se de sedentos ecologistas e dos seus sequazes políticos, se de políticos falhados que não sabem o que ruminar e vomitar.

O local onde costumo passar férias, La Manga del Mar Menor: "apareceram mais medusas, ou alforrecas, ou águas-vivas, ou caravelas, estes dois termos, mais usuais no Brasil", no Mediterrâneo e isso é também atribuído, imediatamente, ás mudanças de clima, neste caso, somada à sobre-exploração pesqueira …

Vou para lá há 18 anos e sempre foi assim … felizmente!

Nada, nem ninguém, pode desdizer, recordando perfeitamente, que na nossa infância e adolescência era muito frequente a erupção de pragas de medusas, muito parecidas com as actuais, que nos amargavam os verões junto ao mar, como o peixe aranha, nas costas portuguesas.

Recordo-me muito bem, era pequeno, como todos quando foram pequenos, que … começou a chover no dia primeiro de férias, dia 1 de Agosto e só terminou no dia 30.

Um só dia sem chuva, no areal à beira-mar da Nazaré, em pleno Verão, depois duma estafante viagem com partida de Castelo Branco.

Há uns anos, encontrei um taxista que se lembrava dessa "anormalidade", foi o único até hoje, mas para mim, basta-me a minha recordação.

Sabemos que o clima é afectado por grandes ciclos, os mesmos que deram lugar ás conhecidas "glaciações", mas de maneira nenhuma é real essa mudança súbita que alguns charlatães querem colar-nos à nossa frente, para apoiar as suas políticas fundamentalistas.

Mas nada me surpreende, pois é o mesmo que chamar à mudança climática, a volúvel espontaneidade da natureza!


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

- Pratique sempre o bem; isto contentará algumas pessoas e deixará as demais perplexas ! (Mark Twain, escritor norte-americano, 1835-1910)

EMPURRAR O CARRO






Refiro-me ao carro das compras.

A diferença do que roubaram naquela canção tonta e popular, cujo extravio foi sonoramente divulgado, para o que agora nos estão a tirar é o conteúdo.

Só os preços do chão ou pavimento permanecem impávidos ante a crise, mas para encher o carro de compras, é cada dia mais caro.

Há quem atire as culpas aos cereais, que cada vez há menos e há quem atire a culpa aos políticos, que cada vez abundam mais.

Sempre foi mal o ano para pouco trigo e nos últimos seis ou sete anos, o consumo mundial tem sido superior à sua produção.

Nos países subdesenvolvidos, que são quase todos, pode chegar um momento em que o pão nosso de cada dia não compareça à mesa mais que um dia e no outro já não.

Tipo um jogo, dia-sim, dia-não.

Por outro lado, nas nações onde o desenvolvimento ainda não se iniciou, não existe esse alarme do pão, que segundo os poetas "premeia e bendiz", porque nunca cumpriu o acto da sua presença à mesa.

E não falamos da massa, das bolachas, do leite, dos ovos, o açúcar, o azeite, o whisky, o cognac e outros produtos de primeira necessidade, que esses países só conhecem por alusão ou referência.

O encarecimento que se avizinha e que está a começar a assomar com a sua pata negra – roga-se que não confundam esta pata, com a dos presuntos de boa criação – denominam-na os economistas, "mudança de ciclo".

Quando mudam os ares económicos, se é para bem, os "bem instalados" tomamos precauções para não nos resfriarmos, mas os pobres apanham tremendas pneumonias.

Tão graves, que em muitos casos os impedem de contrair outras.

Em qualquer dos casos, temos de prosseguir empurrando o carrinho das compras.

Pesa o mesmo, mas o seu conteúdo custa mais 1200 euros ao ano, (se é verdadeira a inflação inflada pelo governo), ou seja, temos que fazer mais força.

Questão de energía.

O mau, não é não poder aforrar dinheiro mas sim, não poder aforrar esforços.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

- Na juventude aprendemos, na maturidade compreendemos ! (Ebner-Eschenbach, romancista alemão, 1830-1916)

CARTEIRAS, (de Escola), TRISTES







Havia que ensinar a ensinar.

A agitação a que se submeteu a pedagogia, vem-na afastando do amor, incluso dessa consequência que chamamos paciència.

Não são culpados os professores, mas sim os que exercem sobre eles o seu hipotético magistério.

Que seria dos putos sem a desobediência? Perguntava Jean Cocteau.

É certo que estão defendidos por ela, mas agora deu origem a que nós, os adultos, estejamos indefesos.

De sua majestade, o professor foi passando a ser considerado culpado de algo, por tudo o que se esforça para inculcar-lhes certas maneiras e a explicar aos parvos que a do "i" é a do pontito.

Todas as estatísticas são e estão dificeis de acreditar, mas muito especialmente as que se referem à escolaridade.

Como é possível que uma taxa algo elevada, acuse de maltratos os professores?

Como é possível haver professores maltratados?

O “mobbing”, (espécie de mafia de estatísticas), não se conhece no nosso livre idioma uma palavra aproximada, assegura que uma percentagem não desprezível dos nossos alunos sofre de stress e que um número mais elevado, acuse o seu professor de maltratos.

O professor, sofrerá de quê, quando é maltratado?

Antes, ligava-se menos ao stress, porque não se conhecia a palavra.

Não há nada melhor para não padecer de uma doença que não se tenha descoberto o seu nome.

Basta não chamar estúpidos ou néscios aos atrasados mentais para diminuir o seu número nas estatísticas.


Os conflitos de indisciplina não são novos, o que é novo é a liberdade de “arejá-los”.

Gente da minha geração, sofria castigos físicos.

Professores, não só enlutados, exerciam com evidente sadismo, patente nos castigos físicos e um mal encoberto homosexualismo, nalguns locais, ainda que alguns reverendos o encobrissem muito bem, mas não posso acreditar nas estatísticas actuais.

Há professores espancados !!!

E alunos?

Alguns até nem deveriam ser espancados. Coitado do instrumento de espancamento que não merece tratos de polé.

Mais a mais, para que não me tirem da cabeça e do velho coração que é possível a melhoria moral.

A profissão de professor é a que sempre admirei mais.

Com ela sigoe continuo, já que nunca abandonei a de estudante.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

- Os primeiros quarenta anos de vida dão-nos o texto, os trinta seguintes, o comentário ! (Schopenhauer)

HIPÓCRITAS OLÍMPICOS








Al Gore, recebeu o prémio de quê, do quê, por quê e para quê agora? O que fez para tal distinção ??? AH!!! então é isso ...


Como Mussolini, o presidente francês, Sarkozy, monta um cavalo branco e presume montar uma mulher todas as noites.

É um tipo loquaz, como todos os exibicionistas, mas ao ditador italiano nunca o atraiçoaram as suas amantes.

A última morreu com ele, compartindo a sua má sorte.

Como cambalacho, a penúltima senhora Sarkozy, a tal Cecilia, dedica-se a colocá-lo como um farrapo.

O mal é que este retalho está feito do mesmo tecido da bandeira do seu país.

Dizem que ele é um tipo sórdido que nunca quis a ninguém.

Um miserável ao qual só lhe interessa unicamente o poder.

Como se podem dissimular essas qualidades até alcançar o posto de presidente da República?

Tem que ser um recordista nas Olimpíadas da Hipocrisia, qualidade que foi definida como homenagem que o vício rende à virtude, mas que fica bem claro que procura grandes benefícios aos seus assíduos cultivadores.

Abundam em qualquer latitude.

Assim como a mulher do candidato negro Obama, que, mais que negro, é café com leite, faz valer a sua decidida epiderme para ajudar as possibilidades de eleição do seu cônjuge, Hilary sente-se apoiada pelo seu pálido marido.

Nada importa à sua intenção de separação, quanto ao avassalador episódio da flautista Mónica Lewinsky.

Os interesses são os interesses.

Agora estão mais juntos do que nunca.

O que as primárias uniram, não há deus que os separe.

A hipocrisia deve ser considerada como uma das belas artes.

Requer uma subtilíssima acomodação à conveniência.

Não só se pratica entre casamentos mal ou bem estabelecidos.

O Papa, que é solteiro e o seu séquito de cardeais, estão a reprovar com dureza o divórcio.

Será o divórcio entre casados, ou o divórcio com as suas retrógradas ideias ?


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

- As nossas mentes possuem por natureza um insaciável desejo de saber a verdade ! (Cícero, orador, político italiano, 106-43 a.C.)

VIRTUDES ou CONDENADOS ???





Os ingleses, se bem que nem todos, dizem que o ouro é tempo.

Nós os menos diligentes, entre os quais me incluo, somente dizemos que o tempo é ouro.

A verdade é que não é todo o tempo que reluz e o ouro, nesta época, é um pseudónimo do petróleo.

Esse líquido pelo qual transcorre o sangue da modernidade, alcançou no Império a barreira histórica dos 100 dólares por barril e isso fez disparar o preço do ouro.

Uma estranha relação.

Que importa, por exemplo ao transmontano, que num distrito longínquo, tenha subido o preço do leite, do frango ou da farinha?

Isso só significa que, assim como nos havíamos adaptado a viver com mais, teremos que nos irmos habituando a fazê-lo com menos.

Não é necessário ser um bom vaqueiro para se dar conta que as vacas fracas do povoado se escaparam.

O desemprego e a inflação vão modificar o nosso modo de vida.

Inclusive a maneira de viver de quem não gozava desses modos, mas confiavam em que fossem permanentes e estranham o ruído que fazem os sinais de alarme, mais a mais quando estamos ainda longe de eleições.

Acreditar em quê?

As temporadas de bonança não são mais que o prelúdio de sequências de escassez, mas não vale a pena ficar assim, já que temos ainda algo que adaptar.

Para ver chegar os maus tempos, os nossos políticos não necessitaram de comprar óculos graduados.

O que se lhes pode reprovar é que até anteontem foram todos tão optimistas e agora, brusca e unanimemente, preguem cautelas ou catástrofes.

Resistiremos.

A missão do povo sempre foi a mesma: aguentar.

Suportar aquilo que lhe causam, porque jamais o pode arremessar contra os seus insuportáveis chefes.

Tudo parece indicar que vamos continuar a ser condenados a praticar a terrível virtude da austeridade.

Virão tempos melhores.

Já se sabe que Deus aperta, mas não descança.


domingo, 13 de janeiro de 2008

- As violências de que somos vítimas fazem-nos sofrer menos do que as que nós mesmo fazemos ! (La Rochefoucaud, escritor francês, 1613-1680)

AINDA AS BOAS FESTAS COM BONS DESEJOS



Clique na imagem

Se excluirmos um pequeno número de compatriotas que fugiram deste meio, para evitar estes "empanturrosos" dias, os outros felicitaram-se mutuamente.

Cruzaram-se não sei quantos milhões de SMS.

As mensagens destas abençoadas noites são "bonississimas" para as operadoras de telecomunicações, que são os únicos que merecem ser felicitados pelas seus lucros.

Salvo erro tipográfico ou de paralaxe, parece-me que embolsaram cerca de 4 milhões de euros, só em mensagens curtas.

A síntese, que desertou desde há muito dos discursos dos políticos, refugiou-se nas doces senhas "festivalescas".

Não sei qual o preço médio de cada texto, talvez cerca de 10 cêntimos ou mais, não sei, mas é agiotagem em breves palavras, mas há grandes discursos pelos quais ninguém pagaria um euro.

Será que nós, portugueses, nos queremos tanto, para desejarmos tanta felicidade mutua?

Metade do país não tem nada a ver com a outra metade.

Há manifestações para todos os gostos, incluindo as de mau ou péssimo gosto.

Continuamos a ser tão tolerantes que aceitamos qualquer coisa, menos que nos levem a contrária.

Bem pode baldoar, Fernando Savater, (*), explicando que o laicismo não é uma atitude anti-religiosa, mas sim evangélica.

Consiste em dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César e em preservar as leis civis da férula religiosa.

Parece que não há maneira, ou melhor, que ainda a não encontrámos mas o que nos deixa ser confortador é que continuamos a felicitarmo-nos.

A que é que chamamos felicidade?

Antonio Machado (**), deu uma eficaz receita para consegui-la: "uma boa saúde e a cabeça vazia".

A Baudelair, alguém lhe perguntou se era feliz, ao que ele respondeu, que não havia caído tão baixo.

Prefiro a resposta de um amigo meu, ao qual não podíamos caluniar acusando-o de ser algo rufião, quando lhe perguntávamos se era feliz e dizia: "nem falta me faz".


(*)

Fernando Fernández-Savater Martín, S. Sebastián, (21/07/1947), é um escritor, novelista, tradutor, autor dramático e filósofo español. Actualmente é catedrático de Filosofía na Universidad Complutense de Madrid. Colaborador habitual do jornal EL País desde a sua fundação, é adjunto do director na revista Claves para la Razón Práctica.

"En la sociedad laica tienen acogida las creencias religiosas en cuanto derecho de quienes las asumen, pero no como deber que pueda imponerse a nadie. De modo que es necesaria una disposición secularizada y tolerante de la religión, incompatible con la visión integrista que tiende a convertir los dogmas propios en obligaciones sociales para otros o para todos. Lo mismo resulta válido para las demás formas de cultura comunitaria, aunque no sean estrictamente religiosas, tal como dice Tzvetan Todorov: «Pertenecer a una comunidad es, ciertamente, un derecho del individuo pero en modo alguno un deber; las comunidades son bienvenidas en el seno de la democracia, pero sólo a condición de que no engendren desigualdades e intolerancia» (Memoria del mal)."





(**)

Antonio Machado Sevilha,(1875-1939).
O maior poeta da geração contemporânea espanhola.
Entre outros, autor de Campos de Costela, Novas Canções, Outros Poemas, etc.


"Anoche cuando dormía
soñé, bendita ilusión,

que una fontana fluía

dentro de mi corazón.

Di, por qué acequia escondida,

agua, vienes hasta mí,

manantial de nueva vida

en donde nunca bebí?"



À noite quando dormia
sonhei, bendita ilusão.
que uma fonte fluía
dentro do meu coração.

Diz, por que seca escondida,
água, vens até mim,
manancial de nova vida
de onde nunca bebi?

sábado, 12 de janeiro de 2008

- A vida só pode ser entendida olhando-se para trás. Mas só pode ser vivida olhando-se para frente ! (S. Kierkegaard)

HÁ BEIRA DA REFORMA !!!



IRS sobe para os reformados!!!




Se está a debater a idade ideal para retirar-se do trabalho, já sabe que naturalmente só estão de acordo os que nunca trabalharam.

Parece claro que essa idade não deve ser a mesma para um investigador ou para um centrocampista, ainda que o seu campo de investigação seja mais amplo que o de um estádio.

A tendência actual parece que aspira a aproximar a idade média da reforma, que já foi mais baixa, aos 65 anos, que é a legal, entendendo por legalidade a da obrigatoriedade.

Parece-me, uma época de gloriosa madureza, na qual não se pode estar cansado se não se é cansado.

Em Portugal, há muita gente madura que não está podre e que não padece de nenhuma enfermidade, mais que essa, de índole psiquiátrica, que consiste em estarem loucos por irem-se do trabalho.

Qual é a idade ideal para ausentar-se do trabalho?

Depende das ideias que tenham.

Eu que já levo alguns anitos por cá, refiro-me ao mundo, (não só ao mundo laboral), conheci atitudes muito díspares a respeito da reforma.

Vi pessoas que choraram quando lhes chegou essa hora de a considerarem "inservivel", suficientemente exprimida ou expressa.

Outros davam saltos de júbilo, na medida das suas possibilidades ginásticas, que não eram excessivas.

Talvez dependa disso o que Juan Ramón, (*), chamou "o trabalho saboroso", que é o trabalho que não custa realizar, ainda que seja também, o de se poder falar muito e rápido ou inclusive sentado.

Se alguém não é parvo de todo, fazer o que se gosta não exclui a insatisfação sobre os resultados.

Nunca nos poremos de acordo sobre a idade ideal para abandonar o trabalho e ganhar o "dobro" do que se ganhava na véspera.

Há pessoas para quem essa data coincide exactamente com o dia em que conheceram o chefe de pessoal da sua empresa.

(*)
Juan Ramón Jiménez Mantecón (Nasceu em Moguer, Huelva, a 23 de Dezembro de 1881, tendo morrido em San Juan, Porto Rico, a 29 de Maio de 1958), foi um poeta espanhol, que ganhou o prémio Nobel da Literatura em 1956, quando se encontrava exílado em Porto Rico.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

- Quem é mais porco? O porco ou o homem que come o porco?

PENA PARA A VIDA DEPOIS DA MORTE !!!





O Supremo dos EUA começa a interessar-se por um assunto que merece a consideração vital e que afecta a pena de morte, ou a vida dos condenados.

Não se trata de suprimi-la, mas sim de melhorar os procedimentos para que se possa cumpri-la.

Já Mart Twain, que era um humorista, batalhou pela abolição da chamada pena capital, mas impôs uma condição que a iniciaram os senhores assassinos.

No Império, há sempre partidários do mal, mas agora o Supremo Tribunal de Justiça estuda, se a forma que se aplica em alguns estados, é cruel.

Estuda-se e debate-se não sobre a licitude, ou seja, se é justo assassinar um assassino, o que segundo Borges, (*), equivale a autorizar-se que se coma um canibal, se é ou não constitucional a injecção letal.

Ainda que se tenha procedido à desinfecção da agulha hipodérmica, para evitar qualquer possibilidade de infecção.

Da decisão do alto tribunal depende a vida de muitos condenados.

(Salvo erro, neste momento são quarenta que estão na fila, para ser filados!).

Se declaram anticonstitucional, a estadia no "corredor da morte", que tem vistas privilegiadas para outras celas, pode prolongar-se.

Entretanto há a vida e há a esperança.

O mau é que esta esperança reduz-se a outras fórmulas já ensaiadas com êxito: a câmara de gás, que faz subir muito os gastos, ou a cadeira eléctrica, que também aumenta os recibos da luz, das penitenciárias.

Da decisão do alto Tribunal, depende a vida de quarenta condenados, imediatos.

O que se discute, são as maneiras, que são muito importantes.

Estão entre o discurso do método, não ante a possível derrogação da pena de morte, que parece distante e continuará a permanecer, ganhe a Hillary ou o Obama, se é que não ganham os republicanos, que, neste caso, será reforçada a continuação.

Parece-me que se vai arruinar o Império dos Poderosos.

Durante o passado ano de 2007, consta-me que "unicamente" se registaram 42 execuções.

Só a poucos é que se teve de desejar Felizes Páscoas, ou Festas Felizes.

Ano Novo, MORTE NOVA!!!


(*) Jorge Luis Borges Acevedo, de ascendência portuguesa, de Torre de Moncorvo, (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 /Genebra, 14 de Junho de 1986), foi um escritor, poeta e ensaísta argentino mundialmente conhecido pelos seus contos.





quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

- Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons ! (Freud)

DOENÇAS dos PROGNÓSTICOS






Assim como em Iowa a primeira dama que quer ser o primeiro cavalheiro, Hillary Clinton, o afro-americano Barak Obama e o ex-senador John Edwards, estão praticamente empatados para o primeiro lugar democrata.

Aqui em Portugal, que nos toca mais próximo, querem-nos convencer de que há um "match" nulo virtual, entre o PS e o PSD, talvez com uma inclinação para o primeiro.

O que sucederia se as eleições fossem amanhã?

Nunca o saberemos porque não é a data prevista para tal acto.

As mais solventes pesquisas não têm em conta a tendência do português médio a enganar os pesquisadores.

Como te vou dizer a ti, que nem te conheço, como penso votar?

Aqui não se soltam ou largam as peças, a não ser os que nadam, que largam a roupa.

Para fazer mais dificultosa a sempre árdua profissão de profeta, há muita gente que em vez de emprestar o seu voto o entrega para sempre.

Entendem que o que se dá não se tira e declaram-se independentes dos acontecimentos.

Como Epicuro e sem necessidade de penetrar na sua doutrina, um grande número de portugueses mostra-se impávido perante o azar.

Meteu-se-lhes na cabeça que, passe-se o que se passar ou o que se deixa passar e façam o que façam os seus lideres, ainda que façam de índios, eles votarão no seu partido.

Esta conduta que confunde a lealdade com o comportamento da pedra-pomes, até que as profecias eleitorais, apesar de credíveis, não as podemos querer.

Somos como um membro de um jurado literário que votava no seu favorito sem se ter dado ao incómodo de conhecer o que haviam escrito o resto dos concursantes.

Quando lhe reprovaram a atitude confessou que o fazia para "não deixar-se influenciar".

Por fim, pior estão no Quénia.

Os distúrbios, depois das eleições já fizeram mais de 300 mortos, se é que alguém os contou.

Só 30 deles morreram calcinados numa igreja.

Tinham-se acolhido ao sagrado.