sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

EMPURRAR O CARRO






Refiro-me ao carro das compras.

A diferença do que roubaram naquela canção tonta e popular, cujo extravio foi sonoramente divulgado, para o que agora nos estão a tirar é o conteúdo.

Só os preços do chão ou pavimento permanecem impávidos ante a crise, mas para encher o carro de compras, é cada dia mais caro.

Há quem atire as culpas aos cereais, que cada vez há menos e há quem atire a culpa aos políticos, que cada vez abundam mais.

Sempre foi mal o ano para pouco trigo e nos últimos seis ou sete anos, o consumo mundial tem sido superior à sua produção.

Nos países subdesenvolvidos, que são quase todos, pode chegar um momento em que o pão nosso de cada dia não compareça à mesa mais que um dia e no outro já não.

Tipo um jogo, dia-sim, dia-não.

Por outro lado, nas nações onde o desenvolvimento ainda não se iniciou, não existe esse alarme do pão, que segundo os poetas "premeia e bendiz", porque nunca cumpriu o acto da sua presença à mesa.

E não falamos da massa, das bolachas, do leite, dos ovos, o açúcar, o azeite, o whisky, o cognac e outros produtos de primeira necessidade, que esses países só conhecem por alusão ou referência.

O encarecimento que se avizinha e que está a começar a assomar com a sua pata negra – roga-se que não confundam esta pata, com a dos presuntos de boa criação – denominam-na os economistas, "mudança de ciclo".

Quando mudam os ares económicos, se é para bem, os "bem instalados" tomamos precauções para não nos resfriarmos, mas os pobres apanham tremendas pneumonias.

Tão graves, que em muitos casos os impedem de contrair outras.

Em qualquer dos casos, temos de prosseguir empurrando o carrinho das compras.

Pesa o mesmo, mas o seu conteúdo custa mais 1200 euros ao ano, (se é verdadeira a inflação inflada pelo governo), ou seja, temos que fazer mais força.

Questão de energía.

O mau, não é não poder aforrar dinheiro mas sim, não poder aforrar esforços.


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