quinta-feira, 29 de novembro de 2007

TUDO SÃO NÚMEROS






Se não tens uma empresa, o melhor é que não faças cálculos, salvo o caso de aspirares a ter uma.

Sabe-se que um livro ajuda a triunfar, sobretudo se é um livro de contabilidade, mas também se sabe que é preferível ler outros; os que ensinam a não aspirar a ser o número um e que "com o número dois nasce a pena ou comiseração".

Vírgilio, que se conhece ter sido algo supersticioso, disse que os deuses gostam dos números ímpares.

A verdade é que sempre tiveram boa fama, incluso antes de inventar-se a imprensa, mas ninguém ignora que com números pode demonstrar-se qualquer coisa e basta colocá-los no lugar conveniente.

Agora em Portugal, fazem-se muitos números, incluindo os circenses e nem todos a cargo do nosso voluntarioso governo, (será que todos conhecem os números ?).

Quantos mais tu depois de oito são dez?, pergunta o "refraneiro", que gosta de deixar sem contestação os seus interrogantes.

Denúncias várias, calculam que uma em cada mil portuguesas sofre maus tratos, (de índole vária), mas nunca poderemos saber a percentagem exacta das que sofrem em silêncio.

Os números oficiais, ou são as mortes, as feridas ou as que conseguiram ainda falar, para se queixarem, (fala-se em números, sempre números impessoais, cerca de 6000/ano 2006).

Enquanto calam, a lei contra a violência do género será do género tonto, mas a estatística, se bem que não ajude a corrigir algumas coisas, aporta dados para se saber o número das que são incorrigíveis.

Fazem-se números sobre os imigrantes ilegais e sobre os nativos que pairam nas nossas calçadas.

São dois balanços desoladores.

Parece-me pois, que ainda ninguém teve a santa paciência de os contar, que são milhares os pobres que vivem nas ruas.

Mais pobre, menos pobre.

Uma contabilidade muito difícil de fazer, sobretudo no inverno, já que o seu número se altera à medida que vão morrendo de frio alguns e se incorporam outros, no calor da caridade dos transeuntes.

Fazer o balanço do terror ocupa bastante tempo.

Talvez o mesmo que seja necessário para impedi-lo!


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