São criaturas recentes, dispostas a passar uma breve passagem por este mundo, já que duremos mais ou menos, todos morremos jovens.
Vejo-os de perto, quando gostaria de viajar mais além da minha poltrona e comprovar que se podem fazer grandes trajectos, olhando para um atlas onde as cordilheiras são como pirilampos e os rios como cabelos dum deus ou dum anjo, daqueles que os há nos céus.
Li uma crónica dum jornalista, que em visita à Nicarágua, arranjou como cicerone, um miúdo chamado Escolita, para lhe indicar a "casita" de Rúben Dario, (Poeta Nicaraguense, 18.01.1867/06.02.1916. É considerado um dos maiores poetas da língua castelhana).
Ás tantas, pergunta-lhe o jornalista:
- Como disseste que te chamavas ?
- "Escuelita, señor.
Então explicou a razão do seu nome.
A sua aldeia chamou-se em tempo "Motapa" e em tempos mais antigos, "Cocuyos" e agora era a "Cidade Dario", pois tinham chegado uns senhores vestidos de labita ou levita, que explicaram que a primeira coisa é a cultura e que havia de começar pela escola primária.
O seu pai acreditou nisso a pés juntos e de tal maneira que lhe colocou aquele nome, Escuelita.
Agora milhares de crianças nicaraguenses recebem brinquedos, enviados pela Espanha.
O Pai Natal, que só trabalha um dia por ano, nunca trabalhou na Nicarágua.
Desde o ano que se iniciou o calendário cristão, está em ano sabático.
Não podemos estranhar que fiquem desertas as varandas e que não haja ninguém nos parapeitos, porque não há nenhuma dessas coisas para lhe colocar em cima.
A Nicarágua é o segundo país mais pobre da América Central.
O primeiro é o Haiti.
Coincidentemente, ambos foram intervencionados militarmente pelos "poderosos" senhores do mundo, os americanos.
Ditaduras hereditárias subjugam os nicaraguenses, aos quais a democracia foi enxotada pelo poder das armas dos "conquistadores que vieram dum país mais a norte".
"As crianças curam a alma!" disse um russo que tentou, escrevendo novelas, decifrar a natureza humana.
Ali, há muitos que nunca ninguém lhes deu um beijo, que é muito mais grave, do que nunca lhes terem dado um brinquedo.
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