Chegamos a ser um país tão cosmopolita que ninguém pode estranhar que um taxista brasileiro morra apunhalado por um negro da África Tropical.
Do lutuoso desastre não devemos inferir a conclusão de que um taxista negro, não possa ser apunhalado por um brasileiro, nem que ambos não possam sucumbir ás mãos de um qualquer transeunte português, mas estas coisas fazem aparecer na actualidade a palavra xenofobia, que não perdeu a sua vigência desde Péricles, ainda que tenham decorrido alguns séculos desde o seu.
O dicionário define o termo xenofobia como, "ódio, repugnância e hostilidade para com os estrangeiros".
Talvez lhe devamos acrescentar, mas uma coisa é indicar e outra opinar, que esse tenebroso sentimento só o provocam os estrangeiros pobres.
Se vem um negro numa balsa ou canoa, procuramos devolvê-lo, quanto antes, ao seu país de origem, mas se por exemplo, se chegar o Pelé, pedimos-lhe um autógrafo, além de lhe pedir que prolongue a sua residência entre nós.
Para ser considerado verdadeiramente estrangeiro teve que demonstrar anteriormente a condição de pobre.
O dinheiro é uma nacionalidade.
Agora na Europa correm ventos xenófobos e o ar está a levar as folhas dos evangélicos cristãos que terão resistido a algumas desencadernações do catolicismo.
Na Suiça, a ultra direita xenófoba acabou de confirmar o seu esperado triunfo nas legislativas.
Os suíços não desejam compartilhar com ninguém o desejo de sê-lo, já que lhes custou bastante tê-lo conseguido.
A verdade é que todos gostaríamos de ser suíços amadores.
Segundo Jardiel Poncela (*), ali toma-se um pequeno almoço, constituído por café com leite e um bolo a acompanhar, chamado "espanhol".
A história sempre dependeu da geografia e é tal a desigualdade entre os diversos países continentais que falar de União Europeia é todavia um sonho.
Aqui somos os de dentro e os de fora.
(*)Henrique Jardiel Poncela Escritor espanhol, de teatro humorístico, mundialmente conhecido, com um senso crítico muito forte e personalizado, da década de 30/40.
Teve altos e baixos e trabalhou para roteiros de cinema em Hollywood.
O seu ambiente de trabalho eram os cafés madrilenos onde passava horas a tomar café e a escrever.
Em Hollywood, não se adaptou ao local de trabalho e pediu para lhe montaram uma réplica dos cafés europeus, pois o trabalho não lhe rendia.
Com esse ambiente foi profícuo.
Tem um pensamento interessante, " aqueles que gostam dos gatos são as pessoas que necessitam amar e aqueles que gostam dos cachorros são as pessoas que necessitam de ser amadas" .
Aconselho, "La ajetreada vida de un maestro del humor" (A intensa vida dum maestro do humor).
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