sexta-feira, 30 de novembro de 2007

DIAS …


Picasso - La Vida





A vida portuguesa pode ser apelidada de muitas coisas, mas seria calunioso acusá-la de aborrecida.

Passam-se muitas coisas todos os dias e outras acabam por nunca se passar e trazemo-las à colação com o interessado truque da memória histórica, que serve a alguns para aferroar o rancor e a outros para impedir legítimos direitos a recordar.

Também sucedem coisas novas: somos dos países da EU onde mais circula cocaína e canabis.

Um recorde favorecido pela geografia, já que estamos muito próximos do Norte de África, (como a Espanha), mais propriamente de Marrocos e com muitos emigrantes na América Latina.

Talvez o mais influente seja o preço do petróleo que se acerca dos 100 dólares, mas há algo pior: que o presidente da OPEP, que deve saber algo sobre isso, augure que vai chegar aos 200 se se ataca o Irão.

O crude converteu-se numa arma, tão negra como todas as outras.

O certo é que a vida não está quieta.

Será que a reforma penal irá agravar os castigos para os insensatos condutores que gostam de andar a 200 quilómetros por hora?

Estes são os que deviam estar quietos nas suas garagens, lavando e limpando os automóveis.

Também serão contemplados os condutores sem carta, que não havendo estatísticas, (também para que servem ? São números!), mas estimam-se em alguns milhares.

A política rodoviária é catastrófica, mas no meio de tanta bagunça, por que teria de ser uma excepção?

A mim também me passaram coisas por estes dias.

O mais importante que poderia ocorrer-me.

Poderia dizer que já estão sós, o meu coração e o mar, mas já o disse alguém que expressava muito melhor que eu os seus sentimentos.

Mais a mais, não seria verdade.

Há outro coração e outro mar gémeos dos meus.

Estou um pouco aturdido, com isto da minha memória histórica pessoal.

"A vida prossegue", dizem-me os meus amigos.

A verdade é que não estou muito convicto.

Segundo a bitola a que chamamos vida.


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