sexta-feira, 14 de março de 2008
MÁSCARAS E DISFARCES
A indumentária, sempre vem sendo, através dos séculos, uma mostra e mesmo montra de hierarquia.
Os que dispõem de algumas moedas queriam que lhes dessem um simples olhar e para isso nada melhor que vestir-se luxuosamente.
Os potentados, os lindos figurões, tinham-no fácil, ainda que menos que os cavalheiros, que denunciavam a sua condição porque tinham um cavalo por baixo.
Na época que chamamos moderna, ainda que esteja a ficar muito antiga, produziu-se uma vergonhosa abdicação de classe.
Jovens endinheirados gostavam de vestir-se como mendigos amadores.
Compravam calças vaqueiras, (blue jeans), sem terem tido qualquer contacto com as vacas, para além do consumo de leite pasteurizado.
Mais a mais, se a duvidosa peça era recém-adquirida, deterioravam-na previamente.
Para ficar elegante era necessário esburacá-la ou rasgá-la e cobri-la com uma discreta porção de merda.
Tinha que estar na moda.
- Que elegante estás, disse alguém áquele lorde, nas corridas de cavalos.
- Sim? Reparaste?
Agora o que os impulsiona é a simular uma verdadeira aparência de pilha galinhas, ainda que não sejam o proprietário do galinheiro.
Em Espanha, nos penúltimos comícios eleitorais, ressuscitaram os disfarces, não é em vão, esta palavra, disfarce provém etimologicamente de dissimulação.
Quem enganam os que tiram a gravata e deixam barbear-se quando comparecem ante um auditório proletário?
O mais recente caso cómico, protagonizou-o Aznar, travestido de pantera cor de rosa, com a sua meia cabeleira e o seu bigode quase demissionário.
Os seus inimigos acusam-no de "facho", mas a verdade é que ia com boa fachada.
Woody Allen, disse que não tinha nada contra a eternidade, sempre que fosse vestido para a ocasião.
O Carnaval eleitoral, que já terminou, teve as suas exigências.
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