Afinal já existiam resquícios do azul.
Uma ilusão é sempre possível de sonhar!
Não há uma certeza absoluta do tema olímpico, plagiado pelo Barão de Cubertin ao arcebispo de Filadélfia, que assegura rotundamente que "o importante é participar".
O que sucede é que se não se participa, não há forma nenhuma de ganhar, que é o que de verdade importa.
Ignoro, enquanto escrevo isto, se os professores já fizeram as pazes, os funcionários públicos, idem, os fomentadores de novos partidos já juntaram os cacos e conseguiram colocá-lo(s) inteiro(s), (ou colá-los!), se o comandante da oposição já contratou os pintores … para lhe pintarem o tecto de azul e diversos outros assuntos que, para quem os assume, só com vitórias poderá sobreerguer-se.
É nestas alturas que penso num "parente" afastado, Manolo Machado, (*), quando dizia, "cheio estou de suspeitas de verdade".
Do que oiço e sei, tenho uma pista do número de compatriotas que gostam de opinar sobre os imediatos destinos da pátria.
Deixo bem claro que a abstenção me parece uma postura legítima.
Ás vezes requer reflexões tão profundas que obrigam a fazer submarinismo nos quartos de banho públicos.
Porquê, ter a maçada de eleger, opinar ou tomar uma opção, entre coisas que nos desagradam?
Que uma delas nos pareça a menos má, não é argumento suficiente para escolhê-la.
Espero que este problema moral afecte só a oposição ou melhor ainda só a minoria.
O normal será que, os que não opinam ou votam, é porque foram traídos sem cuidados.
Abstêm-se, não só os cépticos, mas os metediços espertos e voluntários.
Fraqueja periodicamente o direito, que não a obrigação, quando vamos emitir o voto, o que não deixa de ser assombroso é que cresçam as vocações políticas.
Há-de chegar um momento em que haverá mais chefes que índios.
Proliferam os que se sentem com capacidade para organizar a convivência enquanto escasseiam os que só aspiram a que os deixem viver em paz.
A política é uma profissão dura, se se exerce com honestidade, mal paga.
As invejas entre correligionários, desprezam quem tendo mais valia, tem menos tempo para dedicá-lo à intriga.
Vem um vento diferente e leva para outro lugar pessoas que deixaram ali os melhores e mais protegidos anos das suas vidas.
Alguns são só enxovalhados pelos redemoinhos e rebaixados ao nível dos joelhos dos seus chefes.
Outros têm que voltar ás suas antigas profissões.
Inclusive ás que não tinham anteriormente
(*)
Manuel Machado, (Sevilha,1874 / Madrid,1947), poeta espanhol, irmão doutro poeta, Antonio Machado.
Aqui fica o poema completo:
ARS MORIENDI
I
Morir es... Una flor hay, en el sueño
que, al despertar, no está ya en nuestras manos-,
de aromas y colores imposibles...
Y un día sin aurora la cortamos.
II
Dichoso es el que olvida
el porqué del viaje
y, en la estrella, en la flor, en el celaje,
deja su alma prendida.
III
Y yo había dicho: «¡Vive!»
Es decir: ama y besa,
escucha, mira, toca,
embriágate y sueña...
Y ahora suspiro: «¡Muérete!»
Es decir: calla, ciega,
abstente, para, olvida,
resígnate... y espera.
IV
Era un agua que se secó,
un aroma que se esfumó,
una lumbre que se apagó...
Y ya es sólo la aridez,
la insipidez,
la hez...
V
La Vida se aparece como un sueño
en nuestra infancia ... Luego despertamos
a verla, y caminamos
el encanto buscándole risueño
que primero soñamos;
... y, como no lo hallamos,
buscándolo seguimos,
hasta que para siempre nos dormimos.
VI
¡Y Ella viene siempre! Desde que nacemos,
su paso, lejano o próximo, huella
el mismo sendero por donde corremos
hasta dar con Ella.
VII
Lleno estoy de sospechas de verdade
que no me sirven ya para la vida,
pero que me preparan dulcemente
a bien morir ...
VIII
Mi pensaminto, como un sol ardiente,
ha cegado mi espíritu y secado
mi corazón ...
IX
El cuerpo joven, pero el alma helada,
sé que voy a morir, porque no amo
ya nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário