sábado, 29 de março de 2008

CRIMINOSOS, NUNCA MAIS !









Os únicos bancos que não experimentam temor ante futuras crises são os bancos de dados do Reino Unido.

Conseguiram reunir o ADN de quatro milhões e meio de pessoas que tiveram problemas com a justiça, com a finalidade de no dia de amanhã a justiça tenha menos problemas com elas, para as identificar.

Nem Orwell, (*), nem sequer Ray Bradbury, (**), haviam chegado tão longe.

Incluso Kafka terá sido superado pela Scotland Yard, que quer fichar os possíveis delinquentes desde os cinco anos, ou seja, antes que tenham cometido algum delito.

Trata-se de acumular a informação genética dos alunos da primária cuja conduta indique que estão predispostos a delinquir, o que não deixa de ser uma forma de vingança adiantada.

E as ciências forenses adiantam que é uma barbaridade.

Rebatidas as teses de Lombroso, (***), que estava convencido de que certa estrutura craniana predispõe ao seu usuário arremeter contra o seu vizinho da esquerda, a Scotland Yard aspira a identificar os culpados antes que o sejam.

Não deixa de ser um êxito policial sem precedentes deter um criminoso com antecedência, antes que tenha cometido o crime.

"Temos que saber quem vai ser um perigo para a sociedade", explicou um dos senhores que estão persuadidos de que prevenir é melhor que curar.

O estado policial avança mais que o estado enfraquecido, mas é uma consequência dele, entendido como "depositário de forças imanentes e eternas".

Regressa-se à receita de Luís XIV, "o estado sou eu", mas com o protagonista disperso.

Ao fim e ao cabo, o conceito implica uma abstracção, mas não deixa de ser arrepiante que um miúdo de doze anos, mais a mais inglês, ou seja, membro da mais evoluída tribo humana, esteja fichado pela polícia.

Não pelo que fez, mas sim pelo que vai fazer.



(*)
George Orwell, (1903/1950), foi um escritor e jornalista inglês. "Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", (título original Nineteen Eighty-Four), é o título de um romance escrito por ERIC ARTHUR BLAIR sob o pseudónimo de George Orwell e publicado em 8 de Junho de 1948 que retrata o quotidiano numa sociedade totalitária.

(**)
Ray Bradbury, Douglas Ray Bradbury (nascido 22 de agosto de 1920) é um escritor americano, de ascendência sueca, cuja obra literária é de fantasia, terror, ficção científica, mistério.
É mais conhecido por "O marciano Crônicas", e o romance "Fahrenheit 451".
É amplamente considerado como sendo um dos maiores e mais populares escritores americanos de ficção indagativa durante o século XX.

(***)
Cesare Lombroso, 1835/1909, foi um professor universitário e criminologista italiano,

Tornou-se mundialmente famoso pelos seus estudos e teorias no campo da relação entre características físicas e mentais.

1 comentário:

mac disse...

Isto faz lembrar o filme "Relatório Minoritário" de Spielberg. Acho que era João de Bosco que dizia "não há rapazes maus"; isto é acreditar que os há, e ainda pior que isso, que não conseguirão mudar o seu intimo. Mais uma prova de que a sociedade limita-se a cruzar impávidamente os braços, em vez de arregaçar as mangas e tentar mudar comportamentos.