Os acomodadores, (arrumadores, do tipo dos que existem nos cinemas, os "lanterninhas"), da glória olímpica, deveriam colocar alguns mais em sítios proeminentes, já que o pedestal não é assim tão caro.
Houve um tempo em que não abundava gente dedicada a cultivar a sua capacidade física, já que geralmente se encontravam a cultivar os campos.
Nessas épocas era lógico que o pódio albergava só os três mais destacados, mas agora há milhentos atletas, quase todos "bonzíssimos" e continua-se com os mesmos três lugares.
É certo que passado o tempo, só recordamos os "mais grandes" entre os maiores, mas não podemos esquecer que a estátua do vencedor, está fabricada com os fragmentos dos derrotados.
A vitória, toda a vitória, exige que haja algum ou alguns vencidos.
Para paliar ou atenuar esta inelidível e inelutável exigência, inventou-se o "slogam", tão consolador como falso, de que "o importante é participar".
Atribuem-no ao barão de Cubertin, mas parece-me que o plagiou ao arcebispo de Filadélfia.
Se mo permitem e mo desculpam, prometo que não servirá de precedente, que me expresse sem nenhuma reserva ou recato, direi: - puta que pariu os dois!
Ou melhor, uma de igual calibre, para cada um deles.
Para o barão e para o arcebispo.
Se o importante é participar é porque constitui os requisitos imprescindíveis para poder ganhar, que é o que é verdadeiramente importante.
Os louros serenos da vitória só adornam algumas testas.
As demais chocam com a realidade e ficam com um "galo".
É o êxito que se procura, por mais voltas que dêem na pista.
Que trabalho custaria alargar o pódio para que mais, pudessem subir?
Kipling (*) dizia que tanto o êxito como o fracasso devem ser observados como dois impostores.
Mas talvez seja preferível ser assim, com um pouco de desprezo, ao primeiro.
Ganhando se aprende.
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Aqui fica o seu poema :
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!
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2 comentários:
há traduções pavorosas do "If" de Kipling, essa que colocoou não está má, sim, senhor!
hã tempos coloquei o poema no meu blogue e nenhuma me satisfazia, tive que juntar várias, juntando-lhe alterações minhas, ficou uma
Miscelânea...
a nossa geração viveu o poema como um lema! Será por essa razão que não entendemos essa forma de estar na vida...tem razão, José Torres.
JúliaML
A tradução não é minha.
O meu inglês há muito que se esboroou.
Mas esta tradução tinha linhas trocadas, no poema.
Como gosto dele, aproveitei "levar" o texto.
Mas vou deixar, (mais tarede ou mais cedoe), este blog.
O trabalho que me dá ... não me deixa o prazer e o tempo para me dedicar à "minha escrita".
Obrigada pelas palavras.
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