NÃO É A FOME QUE MATA
É O TEMPO DA FOME QUE NOS VAI MATANDO
É O SILÊNCIO NA DESCULPA, DOS OUTROS
É A PELE DISTANTE, DOS OUTROS
A OUTRA VIDA QUE NÃO NOS PERTENCE
NÃO É A FOME QUE (NOS) MATA
À DISTÂNCIA DO SOFRIMENTO, DOS OUTROS
SÃO OS OUTROS, AQUELES QUE CARREGAM A FOME
A NECESSIDADE, DOS OUTROS
AQUELES QUE SÃO, OS OUTROS COM FOME
PEDINDO
OUTROS
OUTRO
OUTR
OUT
OU, OS (OUTROS)
(AQUILO DA FOME…)
(Desenho de José Pádua e texto de Eduardo Nascimento)
Os que acreditam na Divina Providência e dizem, "Deus Providenciará", estão convencidos de que neste planeta suburbano há alimentos para todos.
Atribuem o terrorífico feito de que dois terços dos seus habitantes não podem fazer habitualmente a digestão por causas diversas, que também deviam estar previstas, como o egoísmo, a ambição e a torpeza.
Bem distribuídos ou, pelo menos, medianamente distribuídos, haveria para todos, ainda que agora sejamos muitos mais que nos míticos tempos de Adão e Eva, que nunca pensaram constituir uma família tão numerosa.
Tão-pouco o sub director geral da FAO, o catalão, José María Sumpsi, havia calculado que o número de presumíveis comensais seria tão numeroso.
A crise de alimentos é segundo ele, o maior desafio que já enfrentou a sua benemérita instituição.
Desde a catástrofe, que vi, (via TV), na Índia, faz trinta anos mais ou menos, não confundo a fome com o apetite.
Então, morriam de inanição uma 25.000 pessoas diariamente, mas agora algo mudou nestas coisas.
Naquele tempo havia crise alimentar porque não havia alimentos.
Agora na Índia, na China ou na Bolívia, o que querem é "comer filetes".
Uma legião inumerável de esfomeados sonham com um "entrecot" como adequado substituto das "tortitas" de milho ou arroz, que apesar de serem órfãos vão de branco.
A Organização para a Agricultura e a Alimentação, pensa que são os preços das matérias primas os culpáveis deste novo "tsunami" que assola 53 países.
Antes, as crises alimentares deviam-se a catástrofes naturais, que nos confirmavam que a Mãe Natureza tem muito mau feitio, mas agora os responsáveis são os bio-combustíveis.
Como queixar-se da crise portuguesa sabendo que 100 milhões de pessoas passam fome?
Só há uma maneira: negar-se a ser cidadão do mundo e continuar sendo cadavez mais, um do nosso povo.
3 comentários:
Acredite que só de pensar me dói o coração... e ainda dizem que o coração não dói...
ajo
Dói e não são os "males de amor" as piores dores.
A fome, deve "doer" muito mais.
E eu meu caro, tenho sempre muita fome. Pelo menos são sete refeições por dia. Estou a gastar as reservas do planeta! Já agora quero dizer que alguns dos seus blogs são demais!!!!!!
Enviar um comentário