quarta-feira, 16 de abril de 2008
UMA FALTA NO ALBUM
Parece que Ronaldinho não levanta a cabeça, mas o que é pior, é que convenceu todos de que cada vez lhe é mais difícil levantar do chão os pés de Aquiles negro.
Talvez seja importante trasladar uma pantera para "Las Ramblas", mas depois de deslumbrar todos e de fazer jogos de malabarismo no relvado, pouco a pouco, foi-se extinguindo o prodígio.
Antes dizia coisas inesquecíveis sobre as verdes páginas dos estádios e agora diz adeus à temporada.
Que se terá passado com o rei mago que se enfileirava junto do seu próprio camelo, nas fileiras do Barça?
Os futebolistas, coma desculpa de que as suas carreiras são mais curtas que a dos registos de propriedade, querem-se fazer proprietários de muitas mais coisas em menos tempo.
Ter-lhe-á oferecido mais dinheiro outra equipa?
É impossível que se tenha esquecido de jogar futebol, do mesmo modo que os adeptos não se esqueceram de como ele jogava.
Se tivesse assinado pelo meu "Os Belenenses", parecer-me-ia o mais bonitão do mundo, ainda que de verdade seja uma mistura de Ray Sugar Robinson e da Mula Francis, (o famoso burro falador em fluente espanhol, que se converteu num êxito televisivo há cerca de 40 e tal anos).
O seu sorriso de anúncio de dentífrico para consumo dos pretos,(*) de África, sempre me pareceu encantador, incluso de serpentes e não posso resignar-me á sua ausência.
Figura no meu álbum ideal - também intemporal - de cromos.
Junto a Arza, a Molowny, a Bem Barek, a Gainza, a Zarra, a Di Stéfano - fora os barretes - Pelé, Luisito, Matateu, Eusébio, Suárez, Maradona, Bekenbauer, Cruift, Ronaldo e tantos outros que sei que sou injusto ao não recordá-los, ainda que os recorde.
Sempre haverá um espaço vazio no meu álbum de cromos.
Não é nenhuma frivilidade.
Falo de gente que ouvi falar e me ajudaram a viver e nessa nómina, não só figuram, entre muitos, muitíssimos, Quevedo, Fernando Pessoa, Schopenhauer, António Machado, (poeta espanhol), Florbela Espanca.
Também quantos me divertiram.
Nada melhor que divertir-me.
É um clarão no bosque.
(*)
Já me referi ao termo preto.
É uma cor, o branco e o preto, o amarelo e o vermelho, o verde e o azul, etc. Negro, quanto a mim, refere-se aos brancos-negros, de negreiros, que vendiam, à força, vidas humanas.
Se estiver enganado, que me desmintam e mo provem.
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