Cataratas do Iguaçu.
Antes que nos chegue ao pescoço convém "ver" vir a água - "útil, humilde, preciosa e casta", segundo Francisco de Assis -.
Nunca chove ao gosto de todos, mas tão-pouco começa a clarear ou deixa de chover com o beneplácito da maioria.
Agora que se avizinham tempos piores, segundo parece, o Ministério das Finanças e o da Economia, que sabem mais que ninguém da meteorologia económica, advertem que há "tremendas roturas na economia portuguesa".
Os ministros, Teixeira dos Santos e o seu parceiro, Manuel Pinho, que são tipos honrados, combativos na medida em que encontrem campo de batalha e, que me faz recordar o que Garcia Lorca chamou "o partido dos pobres", acabam de dizer que não se deve utilizar a crise para cortar direitos laborais.
O que sucede é que as coisas quando vão mal para todos, há sempre um sector da sociedade que vai pior.
Os cortes ou recortes afectam mais a quem tem um papel necessário, mas secundário.
As vendas de automóveis vêm a cair há anos, talvez influenciadas, não só pela avidez glutona dos impostos, como com a miséria da oferta para um velho em fim de vida.
Aos idosos todos espezinham.
As vítimas não se recrutam entre os condutores, mas sim sobre quem os fabrica.
O mesmo se passa com a caída da venda de discos, que não só afecta os artistas, como também a quem os escuta em silêncio.
Os vasos comunicantes da economia contêm bebidas venenosas.
Acertou ao formular, Sir Anthony Eden (*), que alem de político era conde, que todo o mundo está de acordo e a favor da economia geral e volta e meia a favor dos gastos particulares .
A rejeição da Europa a uma baixa dos juros afunda de novo as Bolsas.
Enquanto nós europeus estejamos regidos por juros, será difícil que saiamos a flutuar.
Nós, portugueses, como pobres que somos, não temos salva-vidas e somos os primeiros náufragos quando há roturas de água.
(*)Conde, além de político britânico, (1897/1977). Foi 1º ministro, tendo sido o sucessor de Winston Churchill.
1 comentário:
Dei cá uma saltada mesmo para lhe desejar uma boa semana e claro um bom carnaval.
Volto com mais tempinho. Até breve.
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