terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

ERROS JUDICIAIS






É compatível a quem gosta do cancioneiro popular e da cozinha popular - incluindo os festejos populares, com a condição de não participar neles - não gostarmos demasiado dos tribunais populares.

Dito de outra maneira: é preferível que as pessoas sejam julgadas por quem estudou Leis.

A voz de Deus, segundo se diz, é a voz do povo, mas também pode ser a do demónio, ou seja um pobre demónio colectivo.

O confessado erro judicial, que foi cometido em Espanha, no caso Dolores Vásquez, condenada no caso Wanninkhof, e encarcerada por um crime que não cometeu, (?), devia-nos fazer revisar algumas coisas.

Dona Dolores, caiu mal a um júri mais ansioso de decretar vingança do que fazer justiça.

Parece que Dona Lola, (Dolores Vásquez), tem o mesmo gosto que os componentes masculinos daquele júri e por ser partidária activa da imortal Safo, (**), prejudicou-a muito.

A condenação fê-la perder não só o seu trabalho, como também alguns anos de vida.

Como se valoram os danos morais ?

A justiça é a linhagem divina e não costuma comparecer a nível terrestre.

Há erros judiciais e erros judiciais e não é fácil valorá-los economicamente.

Em quanto se taxa o sofrimento de algum inocente?

O preço que colocou à justiça pelo seu encarceramento erróneo é de 120.000 euros.

Uma ridicularia, já que a quantidade só pode ser quantificada, aproximadamente, por quem esteve entre grades e tão-pouco está em condições de fixá-la.

Quanto teria que pagar o júri, num conceito de indemnização? Quiçá seja verdade que a justiça, em Espanha, como cá, trabalha numas condições que fazem quebrar ou falir qualquer empresa normal, mas de momento, quebrou ou faliu a vida de uma pessoa, que merece a compaixão de todos.

Incluindo os de nós que lemos no jornal isso do "erro judicial" e passamos a página rapidamente, o que produz um vento fresco.


(*)
http://es.geocities.com/casowanninkhof/

(**)
SAFO, poetisa grega, natural da ilha de Lesbos, contemporânea e rival de Alceu, célebre pelas suas poesias líricas. Num acesso de desespero, por não ser correspondida no seu amor pelo barqueiro Fáon, precipitou-se no mar alto do rochedo de Lêucade, (séc. VII-VI a.C.). Pertencia a uma família nobre; no entanto a tradição bastante suspeita, faz de Safo uma cortesã, uma sacerdotisa do vício lesbiano, (safismo).


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