quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
PROTESTAI ! ! !
A nenhum bêbado lhe ocorreria arrancar vinhas, que é um trabalho tão fastidioso como plantá-las, mas alguém quer terminar com muitas vinhas, antes que termine o ano.
A presidência de serviço da EU tem muito interesse em fechar as negociações das reformas agrícolas da PAC.
Portugal, destila perto de oito milhões de hectolitros - louvados sejam os deuses - e uns senhores muito sérios, provavelmente abstémios empedernidos, querem colocar portas nos campos e limites à misericórdia divina.
Protesta violentamente Omar Khayyam, que viveu há quase nove séculos, mas muitos de nós podem ouvi-lo com toda a nitidez.
Ser um grande partidário do líquido taxado e "conversar de vez enquanto uma garrafa" com a maioria dos seus contemporâneos, especialmente se o vinho era da cor do rubi, não lhe faço perder tempo: Omar não foi só um grande poeta, que é o máximo que se pode ser, além dum matemático, um astrónomo e um médico e até filósofo.
Construiu fortificações e escreveu tratados de álgebra.
Não creio que haja em Bruxelas nenhum atarefado executivo que se possa comparar a ele.
Por isso deveriam ouvir as suas queixas.
Agora mesmo, está a lançar um grito nos céus de Portugal, sobre as monásticas fileiras verdes das vides.
Isso de comandar as produções dos países europeus pode ser que seja bem pensado, mas também pode conseguir que todos pensemos o mesmo.
Conspira não só contra a felicidade, como contra a diversidade, que é a grande musa do mundo.
Mais a mais, faz falta ter muito más uvas para se dedicar a arrancar vinhas.
Seria preferível que quem quiser reduzi-las, empregue o seu valioso tempo a arrancar cebolinho.
A vida suporta-se " tão débil e curta", por umas quantas coisas compartilháveis.
Já virá num tempo, quando não tenhamos sede.
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