sábado, 16 de fevereiro de 2008

QUANDO O LONGE … É PERTO




Os imigrantes, em linhas gerais, não estão ao corrente dos comunicados do G-7 e não se inteiram de como vão as principais economias do mundo, basta-lhes saber como vão as suas.

O nosso governo, não teve piedade e mandou-os borda fora, àqueles que desembarcaram, talvez por não conhecerem os bons caminhos, nas costas algarvias.

O governo espanhol tem-se mostrado mais hospitaleiro e concedeu dois milhões de autorizações de residência, nos últimos quatro anos, mas parece-me que não previu como lhes ia dar de comer a estes hóspedes.

Neste ponto, o nosso governo foi mais previdente.

Em Espanha, quase um quarto deles encontrava-se sem emprego no mês de Janeiro, logo numa altura que começavam a ser espanhóis.

Talvez nem tanto como lá, nem tão-pouco como cá, mas seria mais sensato convidar para nossa casa só quando dispomos de mais quartos.

Há que ter em conta que todos, inclusive os de mais perto, vivem longe.

A distância confunde-se com o sentimento e não se pode medir só em quilómetros o trajecto que vai desde os seus corações, até ao país onde ficou a família à espera do regresso.

A chamada "crise financeira global" já apunhalou muitos globos.

O que vão fazer os que estão sem trabalho, que foi ocupado pelos imigrantes, porque os nativos não queriam trabalhar nesses ofícios?

Quem professa um certo pessimismo antropológico assegura ofensivamente que vai crescer a delinquência.

Todos sabemos que há muitas possibilidades de ser "cidadão exemplar" se possuirmos dinheiro. "

Tu és bom porque levas uma boa vida", disse o poeta.

O problema é, o que vão comer os imigrantes no desemprego, agora que a cesta de compras ameaça arrastar o IPC, (Indíce de Preços ao Consumidor), para níveis históricos.

O pão, a carne, o peixe, a fruta, tudo subiu, como cá em Portugal.

Mas o leite bateu todos os recordes, tendo aumentado mais de 30 %.

Eles estão-se borrifando para o preço do leite.

Valia a pena vir de tão longe?

Para essa viagem não necessitavam de alforjes.

Está claro que para eles os alforjes eram os estômagos.

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