terça-feira, 10 de junho de 2008

ESTAREMOS NÓS, EM PLENA SAÚDE MENTAL ???




A justiça em Portugal sofre transtornos de todos os géneros, mas os mais graves são os mentais.

Os que fizeram a muito respeitável carreira de juízes e quem cursou a desapiedada carreira de político, ou a desavinda cátedra de advocacia, têm-se desencontrado nas carreiras ou estradas da vida e querem, ambos, (não pode ser ambos, porque são três, mas vamos supor que uns são, cegos, surdos e mudos, como os outros, mas não ligamos), que se explique o inexplicável.

Faz falta haver um dialéctico excepcional para justificar, se se chega tarde a casa, com uma mancha de carmim nos "shorts", mas não requer menor atitude convencer todos de que é normal, falar alto, do alto de um alto cargo, ainda que se tenha como assessores, quem se está marimbando para tudo.

O que podemos pensar da Justiça com maiúscula?

Há perguntas de muito difícil resposta e outras perante as quais que o melhor é ficar em silêncio, incluso quando o interrogado é um inocente.

Um alta madrugada em Valparaiso, (Santiago do Chile), depois de "conversarmos uma garrafa", eu e Pablo Neruda, que era tão bom bebedor como poeta, dizia-me, com aquela voz caturrante e contrita:

- "Frederico era meu irmão" e depois da pausa que ocupa um suspiro, acrescentava:

- Mataram-no!

Depois continuava.

- Miguel era meu filho!

Suspirava de novo e depois acrescentava:

- Mataram-no!

Não ousava, eu, interromper-lhe os seus silêncios.

Depois, olhando-me nos olhos fazia-me a pergunta mais difícil, que alguma vez me fizeram na minha larga vida:

- O que se pode pensar dum país que não liga á cultura e que mata os seus poetas que querem nascer?

Naturalmente, não disse nada.

Mas agora estou-me a perguntar, o que se pode pensar dum país onde a Justiça funciona assim e se trata tão mal a cultura.

Um poeta, um escritor, um ser vivo com sentimentos mais sentidos que os sentidos das editoras, está nas garras aduncas da ganância devoradora, dos empecilhos da cultura, que só vêm notas ou papel merda, digo, papel-moeda!

Neste país, qualquer fazedor de filetes, que teve a sorte, (também o engenho), de sair por aí fora ... se um dia voltar aos filetes, mesmo que sejam de chaputa, (o mais miserável dos peixes, sempre recheados de parasitas, apesar da alvidez das sua carne), serão elevados a cherne e vendidos como tal.

Depende do número de juízes chamados "progressistas", ou melhor denominados, "conservadores", mudar os pratos da balança, por loiça suja e confundir a espada enferrujada, pela colher e o garfo.

Talvez lhe junte uma faca.

Podemos pensar que há juízes que perderam o juízo.

Uma boa desculpa.



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