quinta-feira, 8 de maio de 2008

ÁS DUAS POR TRÊS






... Sobre o amor ... Como sempre que se pede a alguém que se justifique, exige-se-lhe e dá-se-lhe ocasião, na realidade, para que mostre o seu ser e sentido último; porque toda a exigência é avidez, amor “que não se cura/senão com a presença e a figura”. Maria Zambrano


Apesar de ter ganho as eleições o Partido Socialista espanhol, atravessa momentos difíceis.

Dois em cada três espanhóis, incluindo os que não querem sê-lo, mas contestam as sondagens, crêem que Zapatero não disse a verdade sobre a crise, durante a sua campanha eleitoral.

Dois de cada três é uma percentagem muito alta, sobretudo se se tem em conta que num dos mais famosos trios do últimos tempos, os irmãos Marx, um deles era mudo.

Confirma-se isso que Deus nos deu, o divino dom da palavra para poder ocultar os nossos pensamentos e não a melhor forma de ocultação de dizer que esta boca é minha, inclusive quando se fala num comício.

Por que não disse a verdade Zapatero, sobre a crise que sabia que estava para chegar?

Eu, que vivo cá longe, do outro lado da fronteira, penso, em sua defesa, que não tenha sido por ter créditos na adesão à mentira, mas sim para não desmerecer dos outros oradores políticos.

Quem não engana quando promete melhores tempos graças à sua arbitragem?

Os líderes deviam ser como aquele enamorado que jamais disse à sua amada que não era digno dela: preferiu que ela o fosse comprovando ao longo do tempo.

Uma terça parte dos espanhóis, segundo as estatísticas, que só falseiam a verdade até certo ponto, acreditam que foram enganados.

Entre eles talvez haja que descontar os que foram chamados ao engano e, como tinham muito bom ouvido, ouviram a chamada, apesar do barulho ultrapassar em muito os decibéis que se produzem nos comícios.

Por que se queixam agora?

Sabe-se que a esperança ganha, à partida, à experiência.

Ninguém recolhe votos prometendo dificuldades económicas.

Vaticinar uma época sombria pode outorgar a alguém, a fama de adivinho, mas não arrasta seguidores.

Para quê dizer a verdade?

Maria Zambrano, (*) dizia que a verdade é impossível: ou é horrível ou é inefável.

(*)

María Zambrano Alarcón, (1904-1991), foi uma filosofa e ensaísta espanhola.


4 comentários:

Luís Maia disse...

As eternas mentiras da política, mas também se percebe que é preciso vender e ninguém vende desgraças

xistosa, josé torres disse...

Caro Luís Maia

Eu também falaria e faria como eles.
Quem é que ganha eleições vendendo desgraças.

Só tenho uma mágoa.
Não poder colocar aqui o que escrevo sobre os nosso "patrões".
Um amigo advogado, já me chamou a atenção para o desbragamento da linguagem que utilizo.
Como já tive uma chatice, vivo na ilusão de viver onde não vivo, mas ... logo que o meu filho case, vou para lá viver!

Joice Worm disse...

Eu estou em Badajoz e até sinto o cheiro da crise que vem de Portugal e tenta invadir com a mesma intensidade que lá está, os ares espanhóis. Não será novidade alguma quando nos colocarem o prato à mesa... Já sabemos qual é a comida.

xistosa, josé torres disse...

JOICE WORM

Não digo que esteja num paraíso, mas nada pararecido com o inferno de dantes, quero dizer, o Inferno de Agora, que sopra deste lado.
Não atravesse a fronteira.
Por muito mal que esteja, estará perto do céu em comparação ao que "chira", vindo deste lado.

Obrigado pela visita.

Sou um pouco desbragado na linguagem e nunca sei se o que escrevo é verdade se é para me enganar, ou enganar alguém.
Aos 61 anos já não espero pelos míticos reis magos e posso escrever o que me apetecer.
Até a minha metade não acredita em tudo o que digo, faço e escrevo e tem razão.

Também não sou de bajulações e antes de escrever isto, fui ler os seus escritos.

Como pode ler, no blog, Casa Comum, onde sou visita assídua, não gosto de seguir histórias.
Nasci assim, sou assim, serei assim e morrerei assim, por isso, volta e meia, irei assistir a "O Pequeno Milagre", palavra do xistosa