sábado, 24 de maio de 2008

A PÃO E ÁGUA




Acreditam que se houvesse um sítio melhor para viver, que eu não estaria lá? perguntava-me um colega e amigo de longa data, talvez a pessoa mais generosa que tive a oportunidade de conhecer durante estes largos anos de estância no mundo, onde conheci muitos que não soltavam nada a não ser a língua.

Recordo agora aquele mecenas burguês, sempre entre Epicuro, (*) e S. Juan de la Cruz, (**), porque talvez estejamos a exagerar penúrias, ou pelo menos esquecendo, que quando chegam, não se apresentam para todos.

Em muitos lares negam-se a recebê-las e noutros nem sequer se atrevem a chamá-las à porta.

As épocas más, só são para alguns, geralmente para os que estão treinados para suportá-las.

É mais fácil que haja buracos nos "estendidos ao sol" que nas barreiras de sombra, como muito bem sabem os entendidos empresários de praças de touros.

Assim como nas guerras, segundo Napoleão, que alguma coisa sabia disso, "sempre morreram os mesmos", nos tempos de "desaceleração" económica, os que comeram o pão que o diabo amassou, são primos-irmãos.

Certamente que mais primos que irmãos.

Acreditaram que as vacas do povoado iam ter pasto para sempre.

Ah! Se estes pastos conversassem, dir-nos-iam quantos abusos se cometeram, fabricando casas suburbanas e minúsculas e vendendo-as a preços de grandes mansões.

Por que é que se queixam os que não podem continuar a insistir no roubo e vigarice?

Agora do que mais se fala é do pão e da água, que eram as grandes preocupações do Conde de Montecristo quando estava na sua cela.

Temos que ter atenção ás padarias e aos transvases dos espanhóis.

É que a batalha autonómica que travam, estabelece um novo financiamento autonómico da, (ou à), sua comunidade.

Portugal, tem que contar as gotas de água, para não ser enganado.

Se alguém pergunta se há um sítio melhor para viver, do que em Portugal, a resposta já depende "donde" ou "onde".

A Pátria não é só diversa, como distinta.

Nem o pão nem a água são de todos.


(*)
Epicuro de Samos, 341-270 a.C., foi um filósofo grego do período helenístico.

(**)
SAN JUAN DE LA CRUZ, (1542-1591), Juan de Yepes Álvarez; poeta e religioso español.

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