Há um mouro na costa que apregoa a sua bagunçada mercadoria, valendo-se das palavras que domina do nosso vasto idioma.
Desgraçadamente são sempre as mesmas.
De contas parece que não anda nada mal, mas a sua penúria do léxico é evidente.
O meu amigo mouro, que é muito trabalhador, bastante simpático e muito formal, só sabe dizer, "barato, barato".
Usualmente, não mente, ainda que todos saibamos que o barato, barato, sai caro, caro.
É um tipo admirável, o meu mouro, trabalhador que sorri em qualquer época do ano e não sua em Agosto.
O seu sistema comercial vai ser parcialmente plagiado pelas Associações Patronais, que se dispõe a baixar o preço da única coisa em que exercem a sua influência: os despedidos.
Segundo o meu "amigo" Forges, do El País, os lagartos são desgraçados porque não têm família, nem câmara municipal, nem sindicato.
Um triplo infortúnio que os faz ser felizes ao sol.
Curiosamente, a petição de alguns dos defensores do Novo Código do Trabalho, que se dispõem a tornar mais baratos os despedimentos, só foi bem acolhida entre os empresários, mas não suscitou nenhum entusiasmo, nem entre o Governo, que anda preocupado, nem entre os sindicatos, que estão domesticados ou "adormecidos".
A chamada flexibilidade laboral, que talvez seja necessária em épocas de crise, que são todas as que sucedem a tempos de absurda opulência, mas a sua aplicação oferece inconvenientes graves: pedir a flexibilidade dos despedidos pressupõe a elasticidade dos trabalhadores e essa admirável condição não é comum a todos, já que a maioria quando se dobram até certo limites, quebram.
Que fazemos com fragmentos de trabalhadores, agora que estamos na cauda da euro zona da competitividade?
Necessita-se pessoal com muita integridade para superar a situação e quando se arroja um trabalhador da sua empresa, ainda que se lhe ofereça um lenço para que se despeça, tende a utilizá-lo para secar as lágrimas.
Só há algo pior que ter um trabalho: não tê-lo!
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2 comentários:
arrematou com chave d 'ouro, é bem verdade, só perdendo-o damos valor ao que perdemos.
gostei do texto e as imagens estão o máximo!
JúliaML
Primeiro agradecer os elogiose vou começar a avisar as minhas visitas que vou encerrar o "ucometa".
Tenho algum trabalho entre mãos e não tenho tempo de sustentar os dois blogs.
Gosto mais deste ...
Mas tenho a certeza que a m/visitas do "inséte", ir-me-iam "exigir" mais e ia acabar num blog igual.
Gosto de escrever, que ler ... agora não compro mais nenhum livro.
Já não tenho local vago ...
Tenho montes de caixas numa "barraca" que herdei perto de Monção.
Estão empacotados, porque aqui tive que transformar um quarto numa biblioteca.
Um dia que aprenda a colocar fotos, vou postar algumas do escritório que ficou para a minha mulher ... porque onde estou, tenho mais uma carrada de livros.
Já sei ler há muito ...
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