quarta-feira, 16 de julho de 2008

DESEMPREGADOS




Durante muitas vidas duvidosamente produtivas, como este servidor de vocês ou vocemecês, que vos escreve, não ter nada que fazer é considerado uma bênção.

Mau, é quando não se tem nada que fazer, nem tão-pouco que comer.

É injusto que para nos alimentarmos se necessite só de um par de horas por dia, incluindo as de bendizer os alimentos, que já não se usa e, as das sagradas sobremesas, com café, uma aguardente velha e um charuto, coisa que demora, todavia menos, enquanto que para poder aceder à alimentação se requerem muitas horas de trabalho.

O normal numa sociedade bem equilibrada, seria empregar o mesmo tempo em ganhar a vida e fazer-se por ela, mas entre nós, que não somos nenhuma potencia mundial, cada vez é mais difícil.

O desemprego aumenta, já vai ou ultrapassa os 500.000 ou perto disso, talvez uns três ou quatro mais, se tu e os teus amigos mais íntimos não foram despedidos enquanto liam estas linhas.

Recordo-me de Beltrand Russel, que dizia que só existem duas formas de trabalho.

Uma, altera a forma das coisas à superfície da terra e outra, ordena que isso o façam os outros.

Está suficientemente comprovado que a primeira modalidade cansa mais e também que é a única imprescindível para isso que chamamos progresso.

Como é possível que, num país onde ficam por fazer tantas coisas, haja cerca de 500.000 habitantes que não têm nada que fazer?

Ser um desempregado é uma maneira de antecipar-se a ser um morto.

Os mortos são muito preguiçosos e ninguém pode reprovar o seu absentismo laboral.

O terrível é querer trabalhar e não ter onde, nem como.

É algo tão frustrante como ter vocação de mártir e não encontrar á mão de semear, nenhum verdugo disposto a sacrificá-lo.

Impedem-se muitos destinos, que não vocações!



2 comentários:

Paula Raposo disse...

Sem dúvida que concordo contigo.

xistosa, josé torres disse...

Paula Raposo

Tenho sempre razão!!!

(não é presunção, é "gozação")