segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

REFORMADO INCORRIGÍVEL

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O ex-presidente norte americano, considerado como o poder da recente história do seu país, propõe-se não nos deixar descansados e em paz.

Ameaça escrever um livro, depois de ter lido tão poucos.

O género memorialista, se se refere ás autobiografias, é sempre uma exculpação ou uma acusação.

Se escreve para estabelecer posturas que no seu tempo foram obrigatórias ou para inventar álibis.

Ao “Terrível George”, que representou uma intenção de construção de democracia hereditária, espera-o o chamado “juízo da História”, mas muito se teme que a História tenha perdido o juízo.

Pela sua parte, ele confia em influenciar os psiquiatras.

Segundo as suas póstumas declarações, retira-se para o seu grande rancho, para “repor o seu património pessoal e reivindicar o seu legado presidencial”.

Só o segundo aspecto é que ficou maltratado.

Como se amanhará para justificar as suas decisões e para fazer atractivos discursos?




Ao “negro” que contratou para escrever as suas memórias vai-lhe ser mais difícil do que a Obama endireitar o rumo do seu grande país.

Um reformado de 62 anos, se colecciona selos ou se se dedica á bricolage, não causa dano a ninguém, mas se emprega o seu tempo livre para justificar as suas sangrentas decisões, pode remexer muitas coisas.

O novel escritor venderá muitos livros, mas em qualquer caso será sempre inferior ao número de vidas que ele vendeu.

Agora começa uma etapa para desfrutar de um mal ganho descanso, depois de ter decretado que tantos seres humanos descansem em paz.

Se incorresse na anómala virtude política da sinceridade, cometeria um novo equívoco e se dissesse a verdade, mentiria.

Em suma, estou desejoso que saia o seu livro para comprá-lo.



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