domingo, 22 de fevereiro de 2009

CRISE

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Enquanto continuem a funcionar as padarias e os transportes públicos, o desastre económico só será relativo.

Quero dizer e acrescentar que se relacionará maioritariamente com os pobres, que são os mais acostumados a sobrelevá-la.

O mais intrigante neste momento é a conduta dos preços.

Dizem que em Portugal desabaram para taxas de há quatro anos, quando eu era mais jovem e quiçá mais português.

Quem é que vai estranhar que caíram pelo seu próprio peso?

Talvez só os que manipulavam a balança.

No que me diz respeito, só acredito nessa diminuição, quando baixarem os preços do whisky e dos bilhetes para ver um jogo de futebol.

Não ignoro que se abarataram outras coisas, mas são precisamente as que só alguns consumimos.

Os letreiros anunciando “grandes rebaixas”, competem com os anúncios de “Vende-se”.

A leitura está garantida a nível terrestre e aéreo.

A malta do “pé descalço”, que é a que tem os sapatos rotos, pergunta como se podem rebaixar, até 60 ou uns 70 %, alguns artigos e conseguir ganhar dinheiro com a sua venda.

Mas não param aí as suas perguntas.

A seguir fazem outra: quanto ganhariam antes os mercadores?

Deduz-se que o chamado preço justo é o máximo que pode suportar o comprador, do mesmo modo que o dinheiro que se tem que dar a um trabalhador despedido é o mínimo, para que não desfaleça no seu trajecto que vai da empresa até à sua casa.

Enquanto isto, os juízes trabalham afanosamente como nunca, até altas horas, pela moral baixíssima desta trama de corrupção que atravessa por debaixo de toda a sociedade da alta, incluindo o nosso primeiro ministro, que coitado, continua a esgaravatar, sem encontrar nada sobre a sangria do desemprego.




Também o nosso Banco de Portugal, parece que foi francamente enganado, por um tal, António Franco que, francamente, confessou só meias verdades, ou meias mentiras?

Tive um amigo que era um grande leitor de poesia e gostava de citar um poeta forasteiro que disse:

“ O que fala sempre do inimigo: esse é o inimigo”.

Como se podem dar tão mal os dois partidos maioritários, depois de consentirem que gentes de ambos os bandos tenham saqueado tudo?

Há um, cujo partido já não chega aos dois dígitos, já nem tuge nem muge, sobre a corrupção.

Pelo menos é coerente …

A nossa classe política não é digna de respeito, mas também seria exagerado deduzir que são todos filhos da mesma mãe.

Pelo menos que compreendam que o inimigo comum, são eles próprios e depois é a crise e que se deveriam reunir ou unir todos, não para sacar o que ainda resta, mas para lutar contra ela, a crise, em vez de andarem sempre a disparar uns contra os outros.

Faz falta uma grande manta de tamanho tal, que tape a trama de corrupção que nos corrói há muitos anos, que apesar das evidencias ainda e sempre será “presumível”, palavra que voltou a ter um sinónimo de “evidente”.

Ainda não se sabe como isto acabará, mas todos sabemos como começou: na mais ignóbil, desleal e sórdida luta pelo poder.

Não usam adagas florentinas, mas sim facas com cabos de corno.

O pobre povo português pergunta se há outra gente melhor que se dedique à alta tarefa da política.

Os mais trapaceiros dos nossos compatriotas são os que ouviram a chamada desse deus, que nem sempre é audível, para salvar a pátria.

Enquanto isto, os banqueiros britânicos pedem perdão por ter contribuído para a crise, os nossos, o que pedem é dinheiro e incautos clientes …






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