domingo, 22 de fevereiro de 2009

- A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento do homem ! (Pablo Neruda, pseudónimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, ( 1904-1973). Poeta chileno, considerado um dos mais importantes eruditos do século XX. O seu pseudónimo foi escolhido para homenagear o poeta checo, Jan Neruda. A sua obra é lírica, plena de emoção e marcada por um acentuado humanismo. No seu livro de estreia, com apenas 20 anos, Crepusculário (1923), já assinou Pablo Neruda que, em 1946, passou a usar legalmente).

CRISE

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Enquanto continuem a funcionar as padarias e os transportes públicos, o desastre económico só será relativo.

Quero dizer e acrescentar que se relacionará maioritariamente com os pobres, que são os mais acostumados a sobrelevá-la.

O mais intrigante neste momento é a conduta dos preços.

Dizem que em Portugal desabaram para taxas de há quatro anos, quando eu era mais jovem e quiçá mais português.

Quem é que vai estranhar que caíram pelo seu próprio peso?

Talvez só os que manipulavam a balança.

No que me diz respeito, só acredito nessa diminuição, quando baixarem os preços do whisky e dos bilhetes para ver um jogo de futebol.

Não ignoro que se abarataram outras coisas, mas são precisamente as que só alguns consumimos.

Os letreiros anunciando “grandes rebaixas”, competem com os anúncios de “Vende-se”.

A leitura está garantida a nível terrestre e aéreo.

A malta do “pé descalço”, que é a que tem os sapatos rotos, pergunta como se podem rebaixar, até 60 ou uns 70 %, alguns artigos e conseguir ganhar dinheiro com a sua venda.

Mas não param aí as suas perguntas.

A seguir fazem outra: quanto ganhariam antes os mercadores?

Deduz-se que o chamado preço justo é o máximo que pode suportar o comprador, do mesmo modo que o dinheiro que se tem que dar a um trabalhador despedido é o mínimo, para que não desfaleça no seu trajecto que vai da empresa até à sua casa.

Enquanto isto, os juízes trabalham afanosamente como nunca, até altas horas, pela moral baixíssima desta trama de corrupção que atravessa por debaixo de toda a sociedade da alta, incluindo o nosso primeiro ministro, que coitado, continua a esgaravatar, sem encontrar nada sobre a sangria do desemprego.




Também o nosso Banco de Portugal, parece que foi francamente enganado, por um tal, António Franco que, francamente, confessou só meias verdades, ou meias mentiras?

Tive um amigo que era um grande leitor de poesia e gostava de citar um poeta forasteiro que disse:

“ O que fala sempre do inimigo: esse é o inimigo”.

Como se podem dar tão mal os dois partidos maioritários, depois de consentirem que gentes de ambos os bandos tenham saqueado tudo?

Há um, cujo partido já não chega aos dois dígitos, já nem tuge nem muge, sobre a corrupção.

Pelo menos é coerente …

A nossa classe política não é digna de respeito, mas também seria exagerado deduzir que são todos filhos da mesma mãe.

Pelo menos que compreendam que o inimigo comum, são eles próprios e depois é a crise e que se deveriam reunir ou unir todos, não para sacar o que ainda resta, mas para lutar contra ela, a crise, em vez de andarem sempre a disparar uns contra os outros.

Faz falta uma grande manta de tamanho tal, que tape a trama de corrupção que nos corrói há muitos anos, que apesar das evidencias ainda e sempre será “presumível”, palavra que voltou a ter um sinónimo de “evidente”.

Ainda não se sabe como isto acabará, mas todos sabemos como começou: na mais ignóbil, desleal e sórdida luta pelo poder.

Não usam adagas florentinas, mas sim facas com cabos de corno.

O pobre povo português pergunta se há outra gente melhor que se dedique à alta tarefa da política.

Os mais trapaceiros dos nossos compatriotas são os que ouviram a chamada desse deus, que nem sempre é audível, para salvar a pátria.

Enquanto isto, os banqueiros britânicos pedem perdão por ter contribuído para a crise, os nossos, o que pedem é dinheiro e incautos clientes …






sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

- Não acrescentes dias à tua vida, mas vida aos teus dias ! (Harry Benjamin, 1885 - 1986, séxologo de origem alemã que se radicadou nos Estados Unidos. É principalmente conhecido por ser o pioneiro no trabalho com a transexualidade humana ).

DEBANDADA ...

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Os grandes partidos portugueses, que só o são pelo número de sócios e simpatizantes, estão a perder votos.

A ilusão está feita de uma matéria que se desgasta notavelmente com o uso e há muitas pessoas de boa fé e de boa esperança, que sem chegarem a ser encantadas como lhes disseram, sofrem o desencanto.

Não há que perguntar o que se está a passar, mas sim o que se terá deixado de passar.

Tanto entre socialistas como laranjistas parece que se difundiu o descontentamento.

Talvez tenham ocultado a quantidade de embustes assimilável.

Homens tão sensatos como os nossos economistas crêem que terá chegado a hora dum novo pacto, talvez social, ou sociável, porque vai ser difícil encontrar colaboradores virginais no pacto, antes do pacto e depois do pacto.




Pela sua parte, um homem tão fisiologicamente optimista como o nosso primeiro (Sócrates), pede mais esforço à banca, como se ignorasse que ficou exausta, depois de anos e anos a “roubar” pelas cercanias e já não pode correr mais que com os seus faustosos gastos.

Todos estão pedindo algo a esse ente abstracto, que chamamos povo, que o dicionário define como “gente comum e humilde de uma povoação”, mas, que pode dar o povo que seja inteiramente seu?

Há um refrão que refere:

“Bom povo para a pesca, se houvesse rio!”

Agora estão a matá-lo, inclusive os fãs do voto, que esteve tanto tempo proibido.



Uma terapia!


O entusiasmo decresceu, mas como nos havíamos acostumado a opinar sobre as coisas que nos importam, o voto tem toda a pinta de fazer-se nómada.

Parece que uns largos milhares, ou talvez milhões de portugueses, não estão dispostos a votar nos seus até terem a certeza que continuam a ser dos seus.

Entretanto, seguirão pedindo coisas aos que não têm nada e quiçá a luta eleitoral deixa de ser um mano a mano entre os dois partidos maioritários.

A verdade é que ambas as mãos, as temos nos bolsos vazios.



Mãos nos bolsos!
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,/
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,/
são eternos como é a natureza./

(Pablo Neruda, pseudónimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, ( 1904-1973). Poeta chileno, considerado um dos mais importantes eruditos do século XX. O seu pseudónimo foi escolhido para homenagear o poeta checo, Jan Neruda. A sua obra é lírica, plena de emoção e marcada por um acentuado humanismo. No seu livro de estreia, com apenas 20 anos, Crepusculário (1923), já assinou Pablo Neruda que, em 1946, passou a usar legalmente.)

GUERRA SEM ARMAS

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Em todas as guerra a primeira vítima que “bate a bota” é sempre a verdade.

Diminuem-se os mortos dum bando e acrescentam-se aos do inimigo e as retiradas denominam-se “avanços até à retaguarda”.

Trata-se de enganar quem segue a contenda, para dar-lhes um pouco de moral que é necessária aos combatentes.

Por isso o governo israelita proibiu a entrada dos jornalistas.

Controlar a informação é básico, até que se produza a vitória, já que, por muita que seja a superioridade técnica e a estratégia que houve, onde matam, também morrem.

Está comprovado que nas nações invadidas o sentido de hospitalidade deixa muito a desejar.

Também é possível que entre os israelitas que não combatem, haja alguns que pensem não só que não se devia ter matado tanto, como não era necessário expor tantas vidas de compatriotas.

Na luta porta a porta, a diferença para os carteiros, é que os soldados não chamam nenhuma vez.




Os foguetes Kassam, que são quase todos artesanais e outros artefactos explosivos são esperados quase sempre sobre o dintel.

Sem contar com isso, que apesar da imunidade, se deu o nome de chamar “factor humano”: os atentados suicidas.

Há uma lista de espera na Palestina para morrer, matando.

Mulheres e adolescentes estão a desejar inscreverem-se para prestar um serviço militar de uma só jornada.

A guerra que ao homem “entigrece” já fez que o mundo israelita decidisse enjaular os jornalistas.

Estes aspiravam viver a guerra, expondo-se a morrer nela, mas não querem testemunhos próximos salpicados de sangue.

Uns 500 aguardam a abertura da passagem fronteiriça de Ere para relatar o que está a ocorrer ali, de casa em casa e de porta em porta.



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