quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

PERSPECTIVAS


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José Gutiérrez Solana, “Recogiendo a los muertos”, 1937

Por muito estreita que tenha ficado a Faixa de Gaza todavia cabem mortos.

A invasão israelita foi completa: por terra, mar e ar,

Já se está a atingir o milhar de mortos, mas como sempre ocorre, as cifras são imprecisas, já que o número de vítimas aumenta à medida que falecem os feridos de maior gravidade.

Por seu lado, o Hamas respondeu à invasão profetizando que o território "será um cemitério para o inimigo sionista", que de momento já dividiu o mundo islâmico.

Menos mal que o Médio Oriente nos fica longe.

Também a notícia da invasão nos é servida matizada.

Para alguns, o seu motivo exclusivo é acabar com o terrorismo do Hamas, mas outros suspeitam que serão causas mais enviesadas, que podem envolver vários países no conflito.

A neutralidade informativa não é que seja difícil: é que é impossível.



Nada pode ser objectivo, nem sequer manipulando uma objectiva e assim vimos fotos de miúdos estripados, que só vão depender do ângulo donde são tiradas, se do ponto de vista do fotógrafo ou da perspectiva da agência.

Não é fácil fazer caso a Charles Morgan, (*), que dizia que registar os factos é função do jornalismo e que comentar esses factos continua a sê-lo, mas adaptá-los a uma ordem conveniente ou a uma determinada ideologia, é mentir.

Só tentar penetrar neles é ser artista, mas correm maus tempos para a arte.


Todos temos arte e parte nesta nova guerra que começou com o novo ano.


Grande desolação.

Já sabemos de antemão, como vão ser as primeiras páginas dos jornais e as primeiras palavras das notícias televisivas: uma parte da guerra dificilmente imparcial, já que o bosque dos nossos mortos nos impedirá de ver os cadáveres e contá-los.



Coluna de fumo na Faixa de Gaza.

(*)
Charles Morgam, 1894-1958, romancista inglês

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2 comentários:

Nanda Assis disse...

muito triste viu? eu sofro so de pensar.

bjosss...

xistosa, josé torres disse...

Nanda Assis

As guerras são fomentadas pelos países que produzem armas ... Portugal, Brasil, Espanha ..., para não falar nos outros que são imensos.

Tão criminosos são os que as usam, como os que as fabricam.
Se não houvesse armas não existiriam guerras.

Mas o ser humano só olha para o espelho ou para o umbigo.
na minha idade, tenho a certeza que não verei paz no mundo.

Que se matem uns aos outros, mas longe ...
Já andei 3 anos numa guerra que não desejava ...
Fiquei vacinado!