terça-feira, 27 de janeiro de 2009

- Aquele que encomendou meia garrafa de vinho, faltar-lhe-á sempre a outra meia ! (Gomez de La Serna, 1888/1963, escritor espanhol, que viveu grande parte da vida na Argentina. Teve casa em Lisboa)
Quem é que ia dizer aos mais sagazes analistas políticos que o novo imperador seria um negro?

E sobretudo, quem é que lho ia dizer a ele?

Passar da “Cabana do Pai Tomás” ou "Cabana do Tio Tom”, para a Casa Branca, é uma mudança histórica que requer um notável acarreto.

Até as cabeças melhor dotadas tiveram necessidade dum frete interior e isto causou muito ruído.

O presidente Obama soube pôr de pé a esperança que estava de rastos e alguns até a deram como morta, mas a “enganosa esperança” ( o adjectivo é de Shakespeare) só estava adormecida.

Oxalá tenha toda a sorte do mundo, incluindo o Terceiro Mundo, este jovem inteligente e valente que prometeu uma nova era.

Até há pouco, quase nada, os negros norte americanos só podiam redimir-se da pobreza, quando subiam a duas tarimbas: à do jazz ou à do ringue.

Tinham que ser o Louis Amstrong ou o Cassius Clay.

Graças ás insurgentes semifusas ou aos “jabs” ou “uppercuts”, encadeado(s) num gancho de esquerda ao fígado.


Até o nome não era o dos seus antepassados, os que atravessaram com correntes e cadeias o mar e quando chegaram à “civilização”, impunham-lhe a dos seus donos.


Tudo isto deu uma inversão definitiva com Barack Obama.


Muitas das pessoas que o aclamaram em Washington eram da sua mesma cor e viram-se letreiros de hotéis e bares dizendo, “Proibido para negros e cães”.


Obama falou de um novo tempo de responsabilidade.


Também de crises e de guerras.


Soou a palavra “codícia” como a culpada da situação económica, mas a palavra que iluminou o presidente é “esperança”.


Oxalá a sua luz não se extinga porque é algo que se desgasta ou empalidece, rapidamente.


A sua foi milagrosa, mas os milagres não vão ocorrer todos os dias do seu mandato.






segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

- Quando o jogo acaba, rei e peão voltam para a mesma caixa. (Provérbio italiano)

PROVAVELMENTE DEUS NÃO EXISTE

.Di-lo a publicidade num autocarro, (que o El País mostrou).

E também a ciência.

Não é lógico, se pararmos para pensar, que exista um deus todo poderoso e tão estúpido para ter trazido ao mundo Charles Darwin, aquele cientista desagradecido e traidor que descobriu a farsa e desmontou a “mina d’ouro”: descendemos do macaco, não da costela do Adão.

No ano do bicentenário do nascimento de Darwin, com os israelitas a matarem os palestinianos, ou palestinos, o Vaticano opinando sobre bioética e ecoética, os ateus incham o peito.

E gastam “as massas” numa campanha publicitária: (PROVAVELMENTE DEUS NÃO EXISTE. DEIXA DE TE PREOCUPAR E DISFRUTA A VIDA).

Nem Deus se livra da publicidade, recurso fundamental para a sobrevivência de televisões comerciais e do estado, políticos ocos e profissionais da manipulação.




A publicidade é um valor seguro, um grande investimento ou aplicação e uma garantia de futuro.

A televisão, converteu-se no seu melhor suporte.

George Bush, outra prova irrefutável de que Deus não existe, pediu ás cadeias de televisão dos EUA, “15 minutos de glória”, para despedir-se dos seus fieis. (Por mim, com poucos segundos, um pontapé no cu … e estava feita a glória !!!).

Os responsáveis das cadeias de televisão ponderaram: um quartos de hora de “prime time” na ABC, CBS, FOX, ou NBC, (desculpem se não são estas as siglas correctas … mas é o que me lembro), custam uma pipa de massa e, ainda mais importante, podia aquele parasita estúpido e bronco, ter alguma mensagem relevante para oferecer?




Bush's (FULL) Final Farewell Speech: pt 1/2 -- January 15, 2009




Bush's Farewell Speech: "I was willing to make the tough decisions" 2 of 2



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domingo, 18 de janeiro de 2009

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O "ucometa" está a afastar-se ... cada vez mais da visão a olho nu ...

Caminha a passos largos para o "sem fim" do cosmos, onde não mais será visto.

Suponho que o seu périplo em relação a Portugal está a esfumar-se e talvez hoje seja o seu fim, ou ...

Talvez um dia ... quem sabe, voltará.

Para além do mais e acima de tudo, estou sem "a ferramenta".
Emprestaram-me uma.

Mas a nossa é a nossa e onde temos os cantos que já conhecemos, ou melhor, conhecíamos.

Aquela onde se escreve, descreve. sonha-se, vive-se, transpira-se e explode-se.

Foi isso que sucedeu ...

Confiei nas máquinas e fiquei sem nada ...

Para já não me despeço ... não sei ainda bem qual o rumo ...

Mas voltarei, ou para me despedir e agradecer ... ou mesmo para morrer.

INTÉ!!!


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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

- É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar ! (Jean Jacques Rousseau, 1712-1778, filósofo humanista, escritor e compositor suíço. Influenciou a revolução Francesa, com a sua filosofia política).

PERSPECTIVAS


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José Gutiérrez Solana, “Recogiendo a los muertos”, 1937

Por muito estreita que tenha ficado a Faixa de Gaza todavia cabem mortos.

A invasão israelita foi completa: por terra, mar e ar,

Já se está a atingir o milhar de mortos, mas como sempre ocorre, as cifras são imprecisas, já que o número de vítimas aumenta à medida que falecem os feridos de maior gravidade.

Por seu lado, o Hamas respondeu à invasão profetizando que o território "será um cemitério para o inimigo sionista", que de momento já dividiu o mundo islâmico.

Menos mal que o Médio Oriente nos fica longe.

Também a notícia da invasão nos é servida matizada.

Para alguns, o seu motivo exclusivo é acabar com o terrorismo do Hamas, mas outros suspeitam que serão causas mais enviesadas, que podem envolver vários países no conflito.

A neutralidade informativa não é que seja difícil: é que é impossível.



Nada pode ser objectivo, nem sequer manipulando uma objectiva e assim vimos fotos de miúdos estripados, que só vão depender do ângulo donde são tiradas, se do ponto de vista do fotógrafo ou da perspectiva da agência.

Não é fácil fazer caso a Charles Morgan, (*), que dizia que registar os factos é função do jornalismo e que comentar esses factos continua a sê-lo, mas adaptá-los a uma ordem conveniente ou a uma determinada ideologia, é mentir.

Só tentar penetrar neles é ser artista, mas correm maus tempos para a arte.


Todos temos arte e parte nesta nova guerra que começou com o novo ano.


Grande desolação.

Já sabemos de antemão, como vão ser as primeiras páginas dos jornais e as primeiras palavras das notícias televisivas: uma parte da guerra dificilmente imparcial, já que o bosque dos nossos mortos nos impedirá de ver os cadáveres e contá-los.



Coluna de fumo na Faixa de Gaza.

(*)
Charles Morgam, 1894-1958, romancista inglês

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domingo, 11 de janeiro de 2009

- Seja verdadeiro consigo mesmo e não seja falso com os outros ! (Francis Bacon, também referido como Bacon de Verulâmio (1561-1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês. O iniciador do empirismo, enalteceu a experiência e o método dedutivo de tal modo, que o transcendente e a razão acabam por desaparecer na sombra).

SILÊNCIOS e sombras !!!

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Faixa de Gaza a ferro e fogo!

O que nos fica de Gaza é todo o ruído e a fúria, mas o resto do mundo continua em silêncio.

Apenas o balbuciar de umas palavras de reprovação ou o rosnar de alguns resmungos.

É difícil escolher entre dois males, quando se suspeita que os dois são piores.

As principais potências do mundo preferem contemplar mortos e contá-los, nos momentos livres.

Como ajudar o Hamas?

Como apoiar Israel?

No Líbano foi um ensaio geral com quase tudo.

Assim é que, as Nações Unidas aguardam um desenlace que não admite elucubrações.

As tropas de elite israelitas partiram em dois a Franja de Gaza, mas do lado palestino não há vítimas de elite.

Uma das peculiaridades das guerras modernas é que morrem mais civis do que militares, o que prova sem qualquer dúvida o nosso grau de civilização.

O que sobrará desse fragmento do planeta, castigado pela Geografia, pela História e, sobretudo pelos seus habitantes?




O dr. Thebussem, (*), melhor dito, escritor, que ocultava o seu nome debaixo desse pseudónimo, disse que, a colecção mais difícil que pode empreender qualquer paciente maníaco, é a de néscios de cidades sitiadas.

Não fica nenhum.


O zero só permite que viva a fome, que também tem os dias contados.

O bloqueio vai continuar enquanto nos gabinetes se discute se se trata de uma "resposta desproporcionada" ou de um justo castigo aos teimosos lançamentos de projécteis dos fanáticos do Hamas.

Salvar o sargento Shalit, (**), pode acarretar a morte de milhares de pessoas e os defuntos têm todos a mesma nacionalidade: eram seres humanos que passavam uma temporada neste planeta belicoso, dividido em parcelas muito desiguais.

Um local cheio de deuses, de bandeiras e de armas.





(*)
Mariano Pardo de Figueroa e de la Serna (1828-1918), foi um escritor espanhol.
Adoptou o exótico pseudónimo de Doctor Thebussem, que não é mais do que o anagrama da palavra "Embustes", em espanhol, juntando-lhe "Th" para dar-lhe um estilo mais germânico, publicando assim, com um pretendido distanciamento de "espanhol estrangeiro", artígos sobre a situação espanhola.

(**)
O cabo Gilad Shalit foi feito refém em 25 de junho de 2006 por militantes palestinianos que entraram em Israel partindo da Faixa de Gaza.
A sua captura provocou uma incursão de tropas israelitas na Faixa de Gaza.
Nas quatro semanas seguintes, mais de cem palestinianos foram mortos pela intervenção militar.
Foi promovido a sargento


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