segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O CLUBE dos CALACEIROS

.


Cada vez há mais desempregados porque a sua empresa encerra e mais gente que deixa de trabalhar porque decidiu parar.

O absentismo laboral está batendo, entre nós, todos os recordes.

Como dizia o grande Tip, quase todo o mundo gosta mais do plácido domingo que a fdp da segunda-feira.

Antigamente era o dia eleito para sofrer uma cólica ou sentir-se moralmente obrigado a levar ás urgências um parente mais velho que vive só e que sempre amou a independência, muito acima de qualquer outra coisa.

A situação chegou a tal ponto que só falta o chefe do governo dizer "que há que convencer os sindicatos de que devem deixar de proteger os vagabundos".

Quiçá não seja correcto entender o sindicalismo horizontal como o direito a permanecer na cama vários dias da semana, mas o certo é que as ausências ao trabalho duplicaram nos últimos três últimos anos, apesar de haver mais funis.


Se a isso adicionarmos que somos um dos países com os reformados mais jovens do mundo, como aquele circo que exibia os anões mais altos do mundo, que eram pessoas normais, ainda que baixas, completa-se o panorama.

Nem sequer há que acrescentar o alto número de cidadãos, todos de primorosa sensibilidade, que têm de pedir baixa por depressão.

Já sabemos que trabalhar, cansa, disse-o Pavese (*), antes de optar pelo descanso eterno.

Os dicionários etimológicos recordam-nos que trabalhar é uma palavra que deriva do latim "tripalium", que foi ou era uma espécie de cepo ou instrumento de tortura.

Aos que não gostam de lidar com dicionários, recordo-lhes o chefe de pessoal, o capataz ou o encarregado, para não lhe lembrar o patrão.

Não será fácil superar a crise e ultrapassar a situação contando com tantos indispostos, mas há muitos companheiros que estão convencidos de que as coisas se solucionam sempre, graças aos outros.

E que não tem qualquer mérito levantar uma mala fazendo força.



(*)
Cesare Pavese, foi um poeta, escritor, novelista e tradutor italiano. Um lutador anti-fascista que nasceu em 1908 e desiludido com a vida amorosa e política suicidou-se em 1950.

.


Sem comentários: