quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CALDO ENTORNADO !!!

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Se não existisse o descontentamento, não poderia explodir.

Os líderes da revolta na Grécia, que é algo mais que um alvoroço das ruas, afirmam que “o assassinato do jovem Alexis foi a gota que transbordou da taça” e que não pensam ceder.

A vasilha estava cheia até aos bordos da miséria e da injustiça.

Por isso se uniram os que não ganham nada porque não têm trabalho e os que não podem viver porque o salário não basta, do que ganham trabalhando.

Não só querem justiça, no caso do jovem morto, como algo que pode levar mais tempo: que se faça justiça social.

Em Atenas mantém-se algo muito parecido com o estado de guerra e a oposição socialista quer que se antecipem as eleições, enquanto o povo já escolheu: o que querem é comer já.

A Grécia pode ser a nossa Universidade à distância, uma vez mais, como nos tempos em que aprendemos saberes e condutas, daqueles que começaram a dar a volta ás coisas, debaixo duma figueira.

Em Portugal, a vasilha ainda não derramou, mas está até ás bordas.



Por cá o desemprego e a fome ultrapassam largamente os 2 milhões de pessoas vivendo debaixo do umbral da pobreza e uma alta percentagem, sem tecto condigno.


Temos também os imigrantes que vieram á procura da vida e estão ás portas da fome e do frio, da morte.


Têm-se muito maus sonhos quando se dorme num contentor de lixo.


O que se pode passar, se estes escravos sem dono, encontram o seu Espártaco, (ou Spartacus)?


Diz-se, e o primeiro que o disse foi Tolstoi, que os estudantes fazem ou provocam algazarras, mas nunca revoluções.


Os distúrbios gregos nasceram na Universidade Politécnica de Atenas, mas congregou-se muita gente.


O tiro do estúpido polícia que matou o jovem pode ser o disparo de saída.


O seu eco vai ouvir-se longe.


Muito longe.



Distúrbios na "Place de La Nation" - Paris
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2 comentários:

Luís Maia disse...

A vazilha portuguesa está a transbordar mas a preguiça nacional é obra séria.

xistosa, josé torres disse...

Luís Maia

Não vou criticar quem não gosta de trabalhar ...
Por não gostar, é que me reformei aos 48 ou 49 anos, já nem sei ... porque foi no século passado.

Só tenho medo que o copo ou vaso, que está a transbordar, contenha gasolina ...