segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

- Um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz. Vou silenciar muitas. Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alma inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras. Criar é viver duas vezes ... Todos tentam imitar, repetir e recriar sua própria realidade. Sempre acabamos adquirindo o rosto das nossas verdades ! (Albert Camus, 1913-1960, escritor francês, nascido na Argélia. Camus é, com Sartre, o escritor mais representativo do existencialismo francês)

AMIGOS E CÚMPLICES

.Até Ali Babá necessitou de colaboradores.

Como nos podemos surpreender que o prestidigitador, digo prestigioso senhor Maddof não estivesse só, para urdir a sua grandiosa trama fraudulenta?

Teve que ter muitos íntimos, ainda que nenhum conhecesse as suas intimidades, já que um líder é um líder e está condenado à solidão, ainda que depois o condene a justiça.

Por cá, parece-me que ninguém investigou, ou se o estão a fazer tão afanosamente, não se sabe a quem venderam os seus insondáveis fundos.

Também se investigam ou investigaram, (?), encerra-se o caso que é o melhor e sempre dá um final igual aos demais.

Gostava de saber se houve sólidos bancos e solventes gestores que cooperaram com a gigantesca fraude.

Parafraseando aquele jornalista, que depois dum grande acidente ferroviário, não recordo onde, confortava os leitores, fazendo-lhes saber que "afortunadamente todas as vítimas viajavam em 3ª classe",

Nesta catástrofe bursal ou da bolsa pode dizer-se que todas as vítimas iam na carruagem cama, mas trata-se de apurar quem eram os revisores.



Farão falta muitos detectives.


O "Cowboy solitário" Maddof estava acompanhadíssimo.


Está pronto para identificar os cooperadores mas até agora não há mais que suspeitos.


Como vão andar as línguas das gentes que não têm outra coisa para levar à boca?


O fundo, Fairfield Greenwich e as entidades, Optimal e Banif, do Grupo Santander, Espanha, figuram no centro da investigação, mas a investigação tem muitos arredores.


Para demonstrar o meu bom coração desejo tranquilizar a extensa banda de avarentos.


Não terão que restituir.


Assaltaram meio mundo, ou melhor, uma escassa parte do mundo.


O resto não pode ser estafado.


Já o foi de nascimento.





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domingo, 21 de dezembro de 2008

- Não sou eu o dono do mundo ... sou só o seu filho !

ÚLTIMO "ROUND"

.Até que se detecte outra maior, a estafa mais gigantesca foi o negócio equilátero perpetrado por Bernard Madoff, ex presidente da Nasdaq, que passou de guru das finanças a vagabundo de levita, que é o nome com que se mimoseia a quem rouba nos escritórios alcatifados.

Uma irmandade extensa e que tende a aprimorar muito a sua indumentária; a diferença para os antigos bandoleiros que se ataviavam de maneira enjoada e displicente é que os distinguíamos pelo bacamarte e não pela carteira plana e a marca do relógio de pulso.

Há que reconhecer que tem o seu mérito ser o maior embusteiro da história, porque sempre o fez com muita competência.

Uma fraude de 50.000 milhões de dólares, que traduzidos para “português”, supõem 37.500 milhões de euros, têm que contar com a colaboração de muitos mentecaptos ambiciosos.



O ex respeitável senhor Madoff, de 70 anos, confessou aos seus dois filhos, directores da firma que encabeçava, que o seu negócio não tinha pés nem cabeça e era só “uma grande mentira”.

Estamos a viver o mesmo em Portugal, ainda que o neurótico e impávido e sereno Sócrates resista a admiti-lo com todas as suas consequências e nos anime, em vez de dar-nos dinheiro.

Foi a avareza, que não é pecado ao alcance dos pobres, a culpável.

Os que não podem armazenar o que lhe faz falta, são inocentes.

Não é totalmente certo que o avarento pense que vá viver para sempre: tem que entesourar mais e mais porque não lhe satisfaz o que tem.

A cobiça, que tiveram os excelsos representantes, noutras épocas, é pecado capital do nosso tempo.
Como é que vai ser pecado a gula e a luxúria?

Só há um pecado: o desamor.

Quem aferrolha, são os culpáveis do que se está a passar.

Uma das entradas de Wall Street desemboca na porta do Sol, esquina com o Largo de S. Bento.




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