domingo, 11 de maio de 2008

E(I)MIGRANTES À FORÇA




Domingos Rebelo - Museu Carlos Machado (Ponta Delgada)





A UE debateu as novas normas que vão reger o regresso dos emigrantes sem documentos, os "sem papeis".


Antes de dizer que se endureceu o jogo, convém aclarar que não se trata dum jogo, mas sim de um drama que afecta oito milhões de pessoas.


Quantos voltarão, não só de testa franzida como no tango, como com os bolsos vazios?


Aqui ganhavam um dinheiro, que avultava muito uma vez traduzido para o idioma do mercado de seus países de origem.


Passou-se o mesmo aos nossos imigrantes, que foram trabalhar para França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, etc.


Se faziam contas, não gastavam nada: com o que ali valia um chamado "cachorro quente", na sua terra natal podiam comprar, meio leitão ou cabrito, à temperatura ideal.


Os que vão para fora não se esquecem, nem da família nem dos preços que ficaram cá dentro.


Não há que estar sempre a repetir que o problema não é de fácil solução.


Aqui não cabem todos os que querem vir.


Mas por não terem papeis, não deixam de ser pessoas, ainda que se embalem para devolvê-los ao seu país de origem.


Actualmente chegam à Europa, em cada ano, quase um milhão de jovens sem permissão.


Dispõem-se a desempenhar qualquer trabalho, mas não estão dispostos a irem-se.


Atravessaram o mar nessas bateiras ou balsas, que têm vocação de ataúde, ludibriando o cemitério marinho.


Alguns são "menores não acompanhados".


Quem possuir a solução adequada não deve atrasar-se nem um minuto mais e deve torná-la pública.


Segundo as estatísticas mais solventes agora há milhares de estrangeiros no desemprego.


Estima-se que só em Espanha sejam cerca de meio milhão


Por cá, ainda se contam as orelhas para depois dividir por dois, tirar-se a prova dos nove e verificar se estão prontas as vírgulas.


Convidá-los a obrigatoriamente irem-se por onde vieram, não é a melhor oferta que podem receber.


A maioria adaptou-se bem ao modo de vida do respectivo país e aos seus costumes.


Parece-me que, uma delas, é comerem um par de vezes ao dia.



2 comentários:

Joice Worm disse...

Não sei como este post não tem milhares de comentários. O que se está passando em Espanha a respeito de trabalho é grave, mas todo mundo está sofrendo um pouco com este tema também, mas quando se toca no assunto de ser estrangeiro, ou de ter uma cor diferente... Aí o contexto e a melancolia do assunto muda radicalmente. Infelizmente ainda existe xenofobia e boas e profissionais pessoas vão embora porque não são iguais aos demais... É triste.

xistosa, josé torres disse...

Se em espanha é grave, que cresce mais de 3,5 % ao ano, apesar do desemprego ser um pouco elevado, veja o que se passa por cá.
Alta taxa de desemprego, crescimento, artificialmente de pouco mais de 1% e impostos e taxas dos mais elevados da Europa.
Agora até temos a gasolina mais cara do mundo ...
Vou repetir o que escrevi já hoje.
Tenho dois filhos.
Ela está casad e segue um rumo.
Ele está solteiro ... é médico dentista em Manchester. A namorada é professora de Química.
Talvez consiga lugar em Inglaterra, perto dele.
Se casarem, vendo a moradia e vou para Espanha.
Há um local que adoro, La Manga del Mar Menor, pertence à província de Múrcia.
Aí tenho amigos espanhóis de há muitos anos.
Vou abrir um restaurante, sonho de longínquos anos.