sábado, 31 de maio de 2008

- O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é ! (Albert Camus, 1913-1960), escritor francês, natural da Argélia)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

- Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente ! (Shakespeare).

JUÍZ JULGADO




Nem paro para discutir se o comentário do presidente da Audiência de Barcelona, José Luis Barreros, foi especialmente inoportuno e o que é pior, é que não me "aquenta nem me arrefenta".

Pois o bom homem, não vai de modas e antes de perguntar a um marido, se nunca tinha tido ganas de matar a mulher, deveria ter antecipado outra interrogação, igualmente válida, mas ninguém pergunta ás mulheres se nalguma ocasião tiveram o desejo de matar o seu marido.

Bem.

Dito isto em primeiro lugar, em segundo, digo que a histérica reacção me parece absolutamente excessiva.

Aqui do longe, quero defender o senhor José Barreros, que aliás não conheço, nem desejo conhecer.

Não podem anular-se os méritos de uma carreira que pelos vistos, os seus colegas, consideram, "impecável e intocável", por ter dito algo inadequado.

"A graça que se quer ter, prejudica a que se tem" e este senhor, que pelos vistos teve uma admirável trajectória profissional, ainda que não possua nenhuma das duas, mas não deve ser julgado tão duramente por permitir-se a uma "brincadeira".

A Espanha, tal como nós, são dois países muito orgulhosos e muito sérios.

O humor, em ambos, ofende, mas em alternativa toleram-se as anedotas.

Tenho por hábito dizer que a anedota tem mais parentesco com as cócegas, que fazem rir bruscamente, que com essa amarga e salvadora situação que propicia o humor, que é algo indefinível, como é evidente.

Se qualquer suave chasqueio com uma vitima feminina se considera uma agressão do género, o seu autor tem a hostilidade de meia humanidade.

Não se poderia estrear uma obra de teatro chamada, " O caso da mulher assassinada", nem Groucho Marx teria podido dizer que todos os maridos estariam ansiosos por chegar quanto antes à noite, a sua casa, se não soubessem que há uma mulher esperando-os.

Não exageremos.

Os espanhóis vão julgar um juiz com um pouco de piedade.

Só espero que os espanhóis não sejam tão susceptíveis nem tão transcendentes, nem tão espanhóis nem tão espanholas, como seriamos, absolutamente infalíveis, nós, tão portugueses e tão portuguesas.


"
Leia a notícia aqui:

http://www.abc.es/20080516/sociedad-sociedad/presidente-audiencia-barcelona-disculpa_200805161824.html



sábado, 24 de maio de 2008

- Compreender a dificuldade dos outros é perdoar !
(Leon Nikolaievitch Tolstoi, russo, 1828-1910. Foi um novelista, pacifista e pensador moral, notável pelas suas ideias de resistência a não violência).

A PÃO E ÁGUA




Acreditam que se houvesse um sítio melhor para viver, que eu não estaria lá? perguntava-me um colega e amigo de longa data, talvez a pessoa mais generosa que tive a oportunidade de conhecer durante estes largos anos de estância no mundo, onde conheci muitos que não soltavam nada a não ser a língua.

Recordo agora aquele mecenas burguês, sempre entre Epicuro, (*) e S. Juan de la Cruz, (**), porque talvez estejamos a exagerar penúrias, ou pelo menos esquecendo, que quando chegam, não se apresentam para todos.

Em muitos lares negam-se a recebê-las e noutros nem sequer se atrevem a chamá-las à porta.

As épocas más, só são para alguns, geralmente para os que estão treinados para suportá-las.

É mais fácil que haja buracos nos "estendidos ao sol" que nas barreiras de sombra, como muito bem sabem os entendidos empresários de praças de touros.

Assim como nas guerras, segundo Napoleão, que alguma coisa sabia disso, "sempre morreram os mesmos", nos tempos de "desaceleração" económica, os que comeram o pão que o diabo amassou, são primos-irmãos.

Certamente que mais primos que irmãos.

Acreditaram que as vacas do povoado iam ter pasto para sempre.

Ah! Se estes pastos conversassem, dir-nos-iam quantos abusos se cometeram, fabricando casas suburbanas e minúsculas e vendendo-as a preços de grandes mansões.

Por que é que se queixam os que não podem continuar a insistir no roubo e vigarice?

Agora do que mais se fala é do pão e da água, que eram as grandes preocupações do Conde de Montecristo quando estava na sua cela.

Temos que ter atenção ás padarias e aos transvases dos espanhóis.

É que a batalha autonómica que travam, estabelece um novo financiamento autonómico da, (ou à), sua comunidade.

Portugal, tem que contar as gotas de água, para não ser enganado.

Se alguém pergunta se há um sítio melhor para viver, do que em Portugal, a resposta já depende "donde" ou "onde".

A Pátria não é só diversa, como distinta.

Nem o pão nem a água são de todos.


(*)
Epicuro de Samos, 341-270 a.C., foi um filósofo grego do período helenístico.

(**)
SAN JUAN DE LA CRUZ, (1542-1591), Juan de Yepes Álvarez; poeta e religioso español.

terça-feira, 20 de maio de 2008

- Se eu fosse um fabricante de livros, faria um registo comentado das diversas mortes.

Quem ensinasse os homens a morrer, ensiná-los-ia a viver ! (Michel Eyquem de Montaigne, 1533-1592, escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal)

ANTIGAS DIFICULDADES NOVAS












Se ao impossível "cocktail" da vida portuguesa juntarmos umas gotas de sangue, o quotidiano faz com que caia mal inclusive aos abstémios.

Não falamos nos que têm sede de justiça.

A história de que temos de habituarmo-nos aos assassinatos e considerá-los como um tributo, não está ao alcance de todos.

Muitos acreditamos que não foram ainda disseminadas metáteses do cancro e que nem todos os problemas se resolvem assassinando os mais humildes e abnegados servidores da lei.

Para o caso de não existirem conflitos, juntam-se neste momento os que têm como missão única criá-los.

O cercado e constrangido senhor Santana Lopes, diz que vai mudar os seus princípios, mas augura novas dificuldades.

A verdade é que não são novas.

O desgaste a que se sujeita é ao mesmo tempo o que sempre fomentou e fomenta.

Copos e pu… ras divindades.

Começou por aceitar ser o pastor do rebanho, que deveria estar reunido no redil, do ausente MeneZes, sem saber ler nem escrever em qualquer boletim de voto, mas agora vai submeter-se para novo cargo e não se escusará de se submeter ao veredicto dos seus.

O mau é que os seus são, cada um, de seu pai e sua mãe.

O pior que pode passar por um líder é que inspire lástima.

Da mesma maneira que o pior que pode perpassar por um povo é que o aborreçam.

Já chegam de querelas internas e canalhices que já tentaram sobreviver, mas Sampaio acabou com a garotada.

Por que é que o pessoal, atarefado com essa questão de "ganhar a vida" e atenta ao preço do arroz e da luz, tem que estar super-informado das demissões, ambições desmedidas e prostituições dos aldrabões que dizem representar uma data de milhões?

Seria muito mais fácil que nos dessem a conhecer se no PSD está pendurado o famoso letreiro, esse que diz que: "O último a sair que apague a luz e traga um pacote de arroz".

Aqueles que nos traem com cuidado, mas sem preferência, nem, supostamente por exclusividade, a luta político-partidária, está a provocar-nos um tédio muito próximo do nirvana, que para os budistas é uma espécie de bem-aventurança que incorpora o indivíduo à sua essência divina, mas que para nós, os outros e falando português vernáculo, é uma MERDA.


sábado, 17 de maio de 2008

- Os auditórios não são constituídos por pessoas que ouvem, mas por pessoas que aguardam a sua vez de falar ! (Alphonse Karr, Jean-Baptiste Alphonse Karr, 1808-1890, foi um crítico, jornalista e novelista francês).

quinta-feira, 15 de maio de 2008

RUÍDOS E BARULHOS






Não se sabe se o PPD ou o PSD, ou as duas siglas com uma tranca a meio, decidiu cumprir um "slogan" que ouvi a alguém desses lado, "renovar-se ou morrer", ou, eu que sou um incréu, acho que era mais conveniente fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Algum dia, não muito longe, saberemos qual foi a opção, ainda que de nenhuma maneira sejam compatíveis.

De momento devemos conformarmo-nos com os comentários dos "sabões", digo, dos "experts" em política interna ou meio pensionistas, digo, semi-interna.

Alguns acreditam que a marcha do playboy, digo, Santana Lopes, deixa as mãos livres a um futuro Durão Barroso, se tiver vergonha e voltar.

De momento só podemos assistir à manifestação de arrogância, com batuques e tambores enviados pelo soba da Madeira, que fez marcha atrás.

Outros acreditam que o profissionalismo, que é, há muitos anos, letra morta no nosso país, (ainda não descobriram quem o matou), da Ferreira Leite, será a última facada nos vestígios santanistas.

Apesar da minha confessada ignorância nestas intrigas cortesãs, tanto mais que ainda há outro náufrago a debater-se, com estes dois, nas águas podres da política, creio que depois de tudo bem misturado e ganhe quem ganhar, continuarão a ouvir-se grunhidos animalescos, duma espécie humanóide, vindos da Madeira e que ecoam nas outras 7 ilhas ou ilhotas, Porto Santo, ilhéus Desertas, (Grande, Bugio e Chão) e Selvagens, (Grande, Pitão Grande e Pitão Pequeno), chegando a atingir o continente.

Agora tudo são rumores e como ninguém ignora, os rumores em Portugal fazem um estrépito muito superior ao que produzem as notícias.

A contaminação acústica, segundo quem sabe, origina "stress", (estresse ou setresse, qual a melhor forma ?), e agrava os problemas neurológicos e cardiovasculares.

Pois bem, podemos orgulharmo-nos, que além dos desordeiros japoneses, os primeiros, somos dos países mais ruidosos do mundo.

Parece que a Espanha está à nossa frente.

Não há imbatíveis e fica-nos bem estarmos bem classificados em qualquer coisa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, sofremos níveis de decibéis insurgentes completamente inaceitáveis.

Os níveis descem de noite, não só quando dormem os bebés, como as suas mães.

Aqui as mães gritam muito e não contentes com isso, educam a sua descendência no mesmo sentido.

"Dá-me um áááálhuuuuu" gritam e as criaturas, dão-lho.

Sabem que têm mais e não lhes importa desprenderem-se de um.

Os rumores, os boatos e as confidências feitas em voz alta estão a contribuir para esta algaraviada.

Talvez rapidamente possamos usurpar, por mérito próprio, o primeiro lugar do Japão.

Não há outra solução que não sejam os auriculares ou tampões para os ouvidos, ou o hara-quiri, mas creio que este é ainda mais incómodo.



quarta-feira, 14 de maio de 2008

- Quase sempre, a maior ou menor felicidade, depende do grau de decisão de ser feliz ! (Abraham Lincoln, 1809/1865, 16º presidente dos EUA, que morreu assassinado a tiro. Aboliu a escravatura, derrotando os 11 estados esclavagistas).


ONDE ESTÃO OS CULPADOS ?

.










A ONU culpa os militares birmaneses por o ciclone "Nargis" ter alcançado uma velocidade de 200 quilómetros por hora.

Crêem que o responsável tenha sido o sistema de alerta e não o ar, que enlouquece de súbito e leva tudo pela frente.

É mais fácil na Birmânia e em qualquer outra igual, atirar a culpa para os barómetros do que para o tempo.

Glorifica-se a Mãe Pátria e não a Mãe Natureza.

Sempre que sucede uma desgraça procuram-se os responsáveis, como se a desgraça necessitasse de cúmplices.

A verdade é que o mundo é um planeta de conquistas.

O seu comportamento tem sido muito desigual desde os primitivos povoadores, que passaram as passas do Algarve, para se adaptarem.

Os homens primitivos foram uns sobreviventes e agora, milhões de anos depois, nós, os seus descendentes, continuamos a sê-lo.

Este planeta, em traços gerais, não nos quer, porque se mostra tão desigual no seu trato.

Há lugares benignos, onde o mar lambe a terra, como um imenso cão azul e onde crescem frutas muito parecidas com pássaros e pássaros que são como pássaros que cantam.

Eu vivo num desses lugares, não porque tenha especial predilecção pelo vegetarianismo, nem pela ornitologia, mas sim porque estou melhor que em qualquer outro lugar, com a certeza porém, que é grande o número de habitantes do globo terráqueo que residem em locais inabitáveis.

Mais de 25.000 mortos, (outros cifram que serão mais de 100.000), que desencadeou o ciclone.

Uma catástrofe.

Talvez nem tantos como os processos sem julgamento, que se amontoam nos nossos tribunais.

A junta militar birmanesa, colocou travões à ajuda internacional e a justiça portuguesa põe travões a si mesma.

O sentimento de culpa pesa nas nossas costas e convém descarregá-lo noutros, para não nos chatearmos.

Não sei de quem é a culpa que já vem de longe, muito longe, mas era bom que conhecêssemos quem provoca este ciclone na justiça.

Quem será o responsável por este "ciclone"?

É que o vento só costuma levar o pessoal que pesa pouco.


domingo, 11 de maio de 2008

- A amizade de duas mulheres é sempre a conspiração contra uma terceira ! (Jean-Baptiste Alphonse Karr, 1808-1890, foi um crítico, jornalista e novelista francês).

E(I)MIGRANTES À FORÇA




Domingos Rebelo - Museu Carlos Machado (Ponta Delgada)





A UE debateu as novas normas que vão reger o regresso dos emigrantes sem documentos, os "sem papeis".


Antes de dizer que se endureceu o jogo, convém aclarar que não se trata dum jogo, mas sim de um drama que afecta oito milhões de pessoas.


Quantos voltarão, não só de testa franzida como no tango, como com os bolsos vazios?


Aqui ganhavam um dinheiro, que avultava muito uma vez traduzido para o idioma do mercado de seus países de origem.


Passou-se o mesmo aos nossos imigrantes, que foram trabalhar para França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, etc.


Se faziam contas, não gastavam nada: com o que ali valia um chamado "cachorro quente", na sua terra natal podiam comprar, meio leitão ou cabrito, à temperatura ideal.


Os que vão para fora não se esquecem, nem da família nem dos preços que ficaram cá dentro.


Não há que estar sempre a repetir que o problema não é de fácil solução.


Aqui não cabem todos os que querem vir.


Mas por não terem papeis, não deixam de ser pessoas, ainda que se embalem para devolvê-los ao seu país de origem.


Actualmente chegam à Europa, em cada ano, quase um milhão de jovens sem permissão.


Dispõem-se a desempenhar qualquer trabalho, mas não estão dispostos a irem-se.


Atravessaram o mar nessas bateiras ou balsas, que têm vocação de ataúde, ludibriando o cemitério marinho.


Alguns são "menores não acompanhados".


Quem possuir a solução adequada não deve atrasar-se nem um minuto mais e deve torná-la pública.


Segundo as estatísticas mais solventes agora há milhares de estrangeiros no desemprego.


Estima-se que só em Espanha sejam cerca de meio milhão


Por cá, ainda se contam as orelhas para depois dividir por dois, tirar-se a prova dos nove e verificar se estão prontas as vírgulas.


Convidá-los a obrigatoriamente irem-se por onde vieram, não é a melhor oferta que podem receber.


A maioria adaptou-se bem ao modo de vida do respectivo país e aos seus costumes.


Parece-me que, uma delas, é comerem um par de vezes ao dia.



sábado, 10 de maio de 2008

- O segredo de progredir é começar. O segredo de começar é dividir as tarefas árduas e complicadas em tarefas pequenas e fáceis de executar, e depois começar pela primeira !
(Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido por seu pseudónimo, MARK TWAIN, 1835/1910, foi um famoso escritor, humorista e romancista dos EUA. Foi ainda aprendiz de tipógrafo, piloto no Mississípi, garimpeiro na corrida ao ouro, jornalista globe-trotter antes de ser escritor a tempo inteiro).

NÃO ESTAMOS MORTOS - SÓ SONOLENTOS









Os sindicatos despertaram e, como é natural, primeiramente o que querem fazer é tomar o pequeno almoço.

A sua voz, talvez um pouco rouca, deixou de se ouvir no 1º de Maio, apesar da escassa entrada que registou a histórica data, comparativamente a anos de abundância.

A UGT, quebrou a tradição e fez uma festa separada, que as misturas estão sob a alçada da ASAE.

Os apreciados, Carvalho da Silva, da CGTP e João Proença da UGT, que por certo formariam uma parelha ideal para uma "revista", falaram claro, ainda que não forte.

Como resignar-se que em épocas duras se deleguem os sacrifícios nos trabalhadores que são os que lhes custa mais ganhar a vida?

Já se sabe que os proletários são no geral umas pessoas que não se conformam com o que têm, mas o que não se sabe é que agora ser proletário não depende da prole, mas sim do dinheiro.

Os mais discretos lideres sindicais decidiram dizer que - esta "boca" é minha -

Não são autistas e se se calam é para não afrontarem ninguém.

"Língua sem mãos, como ousas falar?", pode ler-se no poema, (ou cantar) de Mio Cid, (*).

Agora advertem, nobremente a entidade patronal, que o tempo da reforma do mercado laboral e embaratecer o despedimento, está próximo e por fortuna jaz nas terríveis fossas da História.

Passada a acumulação de ofertas que é um esbanjamento sempre que há eleições, o que se oferece agora, não parece muito sugestivo: moderação salarial.

Este é o ciclo inexorável, como as estações do ano, que se altera quando se aproximam mais promessas, (vãs).

Não é difícil compreender que um projecto semelhante não suscite um grande entusiasmo colectivo.

O "tsunami" de preços está a ocasionar revoltas em meio mundo.

Está ameaçada a estabilidade de 40 países e a ONU vaticina que o aumento dos custos, criará 100 milhões de novos pobres.

Não estamos, afortunadamente, nessa horrorosa "tesura", mas tão-pouco somo deficitários de pobres.

Damo-nos por satisfeitos com os que temos.

Não faz falta mais nenhum

(*) Rodrigo (ou Ruy) Díaz de Vivar, (1043-1099), chamado de El Cid (do mourisco, sidi, senhor) e de Campeador (Campidoctor), foi um nobre guerreiro espanhol que viveu no século XI. Veja ou leia os seus poemas ou cantares aqui:

http://www.hs-augsburg.de/~harsch/hispanica/Cronologia/siglo12/Cid/cid_poe0.html

quinta-feira, 8 de maio de 2008

- Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória ! (Michel Eyquem de Montaigne, (1533-1592), escritor e ensaísta francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal).

ÁS DUAS POR TRÊS






... Sobre o amor ... Como sempre que se pede a alguém que se justifique, exige-se-lhe e dá-se-lhe ocasião, na realidade, para que mostre o seu ser e sentido último; porque toda a exigência é avidez, amor “que não se cura/senão com a presença e a figura”. Maria Zambrano


Apesar de ter ganho as eleições o Partido Socialista espanhol, atravessa momentos difíceis.

Dois em cada três espanhóis, incluindo os que não querem sê-lo, mas contestam as sondagens, crêem que Zapatero não disse a verdade sobre a crise, durante a sua campanha eleitoral.

Dois de cada três é uma percentagem muito alta, sobretudo se se tem em conta que num dos mais famosos trios do últimos tempos, os irmãos Marx, um deles era mudo.

Confirma-se isso que Deus nos deu, o divino dom da palavra para poder ocultar os nossos pensamentos e não a melhor forma de ocultação de dizer que esta boca é minha, inclusive quando se fala num comício.

Por que não disse a verdade Zapatero, sobre a crise que sabia que estava para chegar?

Eu, que vivo cá longe, do outro lado da fronteira, penso, em sua defesa, que não tenha sido por ter créditos na adesão à mentira, mas sim para não desmerecer dos outros oradores políticos.

Quem não engana quando promete melhores tempos graças à sua arbitragem?

Os líderes deviam ser como aquele enamorado que jamais disse à sua amada que não era digno dela: preferiu que ela o fosse comprovando ao longo do tempo.

Uma terça parte dos espanhóis, segundo as estatísticas, que só falseiam a verdade até certo ponto, acreditam que foram enganados.

Entre eles talvez haja que descontar os que foram chamados ao engano e, como tinham muito bom ouvido, ouviram a chamada, apesar do barulho ultrapassar em muito os decibéis que se produzem nos comícios.

Por que se queixam agora?

Sabe-se que a esperança ganha, à partida, à experiência.

Ninguém recolhe votos prometendo dificuldades económicas.

Vaticinar uma época sombria pode outorgar a alguém, a fama de adivinho, mas não arrasta seguidores.

Para quê dizer a verdade?

Maria Zambrano, (*) dizia que a verdade é impossível: ou é horrível ou é inefável.

(*)

María Zambrano Alarcón, (1904-1991), foi uma filosofa e ensaísta espanhola.


terça-feira, 6 de maio de 2008

- Faça sempre o bem; isto contentará algumas pessoas e deixará as demais perplexas !
(Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido por seu pseudónimo, MARK TWAIN, 1835/1910, foi um famoso escritor, humorista e romancista dos EUA.

MATEM-SE os HERÓIS !!!




O ayatollah, mais notório da sua tribo iraniana, pediu ao vice-presidente do seu governo que decrete a expulsão, de todos os bazares, de alguns ícones infantis.

Não gosta da Barbie, que substituiu as antigas bonecas de trapos, não gosta do Spiderman, nem do Batman.

Considera que há que proteger os jovens da sua "nefasta influência".

A célebre boneca tem mamas, se bem que em adequada proporção, que corresponde à sua adolescente idade e, o Spiderman e o Batman são possuidores doutros atributos que também, não são lá muito bem vistos.

Na opinião do acreditado feiticeiro, estes brinquedos são um perigo para a saúde das crianças, os quais tão-pouco devem estar à altura das prolíficas peripécias de Harry Potter.

Com as coisas de brincar, não se deve brincar.

Que culpa têm as crianças de que o regime iraniano considere estes brinquedos uma maneira de "intoxicação de valores ocidentais"?

Por certo, também nós, as crianças do Ocidente, noutras épocas padecemos do mesmo, mas só até certo ponto.

Ainda que nos tenham oferecido livros de quadradinhos com "Índios e Cowboys", os que não eram definitivamente tontos compravam "O Aventureiro", onde Flash Gordon se batia vitoriosamente com os habitantes dum planeta maligno, ajudado pelos "homens falcões", que eram tipos de altos voos e de grande coração.

Como teria sido a nossa bombardeada infância se não nos têm permitido ler o Cavaleiro Andante, as novelas do Dr. Savage, o Peter Pan, os livros de Emílio Salgari, Pete Rice, que era como o avô de Gary Cooper que vendia depois uma versão completa.

Naquele tempo todos os jogos saltitavam, menos os de papel, que eram os semanários.

Mais a mais eram os únicos que se faziam a cores naquela época em que quase todo o mundo andava de luto.

Graças a essas primeiras leituras que nos tornámos aficionados dos livros que eram proibidos pelos nossos "ayatolas".

E, não sendo muito católico, posso porém dizer, graças a Deus!!!



domingo, 4 de maio de 2008

- Na prosperidade os nossos amigos conhecem-nos; na adversidade nós conhecemos os nossos amigos ! (Collins, escritor inglês, 1848-1908)


Entre os amigos que me restam, cujas vidas Deus guarde por muitos anos, todos incluem na conversação o sector das belas artes.

Reunimo-nos para beber a "nu e cru", ou "à tripa forra".

Falamos de tudo o que é divino, de tudo o que é humano e, em certas ocasiões, de tudo o que é desumanizado, por exemplo a política.

Eu escuto, mas não com o desejo de aprender, mas sim para não transitar por esses caminhos ímpios, que ao mais simples acabam por conduzi-lo ao Parlamento.

Agora alguns amigos falam das primárias e outros do preço do arroz.

Deputados, reputados, dirigentes e ingentes do PPD, concentram-se na petição das próximas "primárias", que são uma espécime de directas, onde todos mudam as marés de opinião.

Outros, não são absolutamente partidários, já que preferem navegar por águas tranquilas, ainda que turvas.

Junto dos que aprovam a opção, Bananeiro, ou Santana L., ou F. Leite, ou pois Antão, estão os que só qualificam o acto de interessante e ao lado destes, figuram os que repudiam o projecto deste ou daquele, dizendo que não são próprios e não estão nunca os que eles chamam de "cultura da laranja".

A agricultura tem seguido calamitosa.

Como o primeiro é sempre o primeiro, o arroz é o protagonista minucioso de outras conversações.

Será possível que o seu preço vá alcançar um recorde precisamente em tempo de crise?

Já sei que não constitui o alimento básico de deputados e dirigentes mas há que deixar a dieta a todos os que não recebem dietas cada vez que se reúnem.

Nos EUA restringiram a sua venda e já sabemos como se repercutem as coisas do Império nesta longínqua província.

De maior transcendência colectiva parece-me o futuro das "paellas" que
a confusão que se está a guisar nas apinhadas cozinhas do PPD, alimenta.

A ONU pediu ajuda extra de 320 milhões para afrontar a escalada dos preços dos alimentos indispensáveis.

Aos políticos não lhes importa o que aconteça com o arroz.