domingo, 13 de abril de 2008

NÚMEROS ou PROBLEMAS





Rio Siurana, afluente do Ebro.



É um caudaloso manancial de infortúnio acreditar que todos os problemas têm solução.

Não digo que estar convencido de que há problemas que não se têm, não o seja também, mas talvez resulte mais tolerável conviver com eles que enfrentá-los.

Contava-me o meu pai, que um amigo, general de alta patente, tinha duas pastas de idêntico volume sobre a sua secretária: numa, lia-se, "Problemas para solucionar urgentemente" e na outra, "Problemas que o tempo solucionará".

Nenhuma das chatices jamais foram resolvidas, mas há que reconhecer que uma lhe provocou menos insónias.

O que mais desassossego produz quando se tenta resolver uma situação difícil é trabalhar ou fazer números.

A aritmética não é o campo da piedade.

Como resolver isso de que os juízes portugueses tenham pendentes de execução, milhares de processos judiciais?

O Poder Judicial, cuja debilidade conhecem-na melhor que ninguém os delinquentes, tem sido alertado deste caos ao longo do tempo, cujos processos já se esgueiram por portas e janelas, tal o avolumar da situação.

Em Espanha, também se veio a descobrir que o curso do Ebro não estava de acordo com o curso dos acontecimentos.

A única forma de não vê-lo era fechar os olhos, ainda que permanecessem abertas de par em par, as comportas e assim chegou-se a uma situação de conflito de águas.

O pobre rio, lançou ao mar em quatro anos, a água que Barcelona necessita num século.

Se houvesse exames para políticos, suspenderiam 98 % deles.

Mas os políticos nomeiam-se a eles próprios.

Na confraria abundam os charlatães e enganadores resolvidos a pôr-lhes remédio para a cura a qualquer preço das coisas, com a condição de que não constituam um conflito.

O que se teria passado se nestes últimos anos nos habituássemos a dedicá-los a solucionar coisas em vez de prometer soluções ?



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