terça-feira, 29 de abril de 2008

- Se um único homem atingir a plenitude do amor, neutralizará o ódio de milhões ! (Mahatma Gandhi, líder religioso da Índia, 1869-1948)

PIRATAS de ATUM






Chegaram a Espanha de barco, com a alma tatuada pelos dias de cativeiro.

O importante é que estão a salvo e dentro de muitos anos podem contá-lo nalgum bar portuário, onde uma guitarra desprenda a sua móvel biblioteca sonora.

O que importa o preço do resgate?

O governo espanhol atribui à diplomacia a libertação do atuneiro, "Playa de Bakio", mas o ministro dos assuntos exteriores, confessa que se inteirou pelos jornais do desenlace feliz, assim não há dúvida, senão a dúvida inteira.

Tão-pouco há acordo quanto á quantidade de dinheiro paga pelo armador.

Uns dizem que foi só um milhão de dólares e outros cifram que foi uma quantidade mais elevada, mas para o caso o que interessa é que foi resolvido e os piratas não vão fazer a declaração de impostos.

Um experimentado em pirataria, que se sabe ter lido e relido muitas vezes "A Ilha do Tesouro", vaticina que o próximo 11-S, (11 de Setembro), produzir-se-á no mar,

Variou a conduta da corporação: agora são delinquentes que dispõem de armamento mais moderno e de barcos muito mais rápidos que os dos seus perseguidores.

Mais a mais a sua baixa política favorece muito as suas aventuras no alto-mar.

Parece que chegou o momento de criar uma polícia marítima internacional, já que há águas mais perigosas que bairros.

Os pescadores libertados contaram que, os piratas estavam cheios de fome, mas isso não os impedia de apontar-lhes metralhadoras.

Talvez até se possa considerar uma abordagem, como uma modalidade de "rapina famélica", mas os pescadores devem ter passado bastante medo na noite do Índico, enquanto os advogados britânicos negociavam o preço do resgate, entre o armador e os chefes somalis.

Os sequestradores despojaram o barco atuneiro e os pescadores regressaram quase nus, como os filhos do mar.

E ainda dizem que o peixe está caro!



segunda-feira, 28 de abril de 2008

- Todos procuram um amigo mas ninguém procura ser um deles !
(Alphonse Karr, Jean-Baptiste Alphonse Karr, 1808-1890, foi um crítico, jornalista e novelista francês)

FOME


NÃO É A FOME QUE MATA

É O TEMPO DA FOME QUE NOS VAI MATANDO

É O SILÊNCIO NA DESCULPA, DOS OUTROS

É A PELE DISTANTE, DOS OUTROS

A OUTRA VIDA QUE NÃO NOS PERTENCE

NÃO É A FOME QUE (NOS) MATA

À DISTÂNCIA DO SOFRIMENTO, DOS OUTROS

SÃO OS OUTROS, AQUELES QUE CARREGAM A FOME

A NECESSIDADE, DOS OUTROS

AQUELES QUE SÃO, OS OUTROS COM FOME

PEDINDO

OUTROS

OUTRO

OUTR

OUT

OU, OS (OUTROS)

(AQUILO DA FOME…)

(Desenho de José Pádua e texto de Eduardo Nascimento)











Os que acreditam na Divina Providência e dizem, "Deus Providenciará", estão convencidos de que neste planeta suburbano há alimentos para todos.

Atribuem o terrorífico feito de que dois terços dos seus habitantes não podem fazer habitualmente a digestão por causas diversas, que também deviam estar previstas, como o egoísmo, a ambição e a torpeza.

Bem distribuídos ou, pelo menos, medianamente distribuídos, haveria para todos, ainda que agora sejamos muitos mais que nos míticos tempos de Adão e Eva, que nunca pensaram constituir uma família tão numerosa.

Tão-pouco o sub director geral da FAO, o catalão, José María Sumpsi, havia calculado que o número de presumíveis comensais seria tão numeroso.

A crise de alimentos é segundo ele, o maior desafio que já enfrentou a sua benemérita instituição.

Desde a catástrofe, que vi, (via TV), na Índia, faz trinta anos mais ou menos, não confundo a fome com o apetite.

Então, morriam de inanição uma 25.000 pessoas diariamente, mas agora algo mudou nestas coisas.

Naquele tempo havia crise alimentar porque não havia alimentos.

Agora na Índia, na China ou na Bolívia, o que querem é "comer filetes".

Uma legião inumerável de esfomeados sonham com um "entrecot" como adequado substituto das "tortitas" de milho ou arroz, que apesar de serem órfãos vão de branco.

A Organização para a Agricultura e a Alimentação, pensa que são os preços das matérias primas os culpáveis deste novo "tsunami" que assola 53 países.

Antes, as crises alimentares deviam-se a catástrofes naturais, que nos confirmavam que a Mãe Natureza tem muito mau feitio, mas agora os responsáveis são os bio-combustíveis.

Como queixar-se da crise portuguesa sabendo que 100 milhões de pessoas passam fome?

Só há uma maneira: negar-se a ser cidadão do mundo e continuar sendo cadavez mais, um do nosso povo.


sábado, 26 de abril de 2008

- Aquilo que se começa está metade feito ! (Horácio, escritor italiano, 65-8 a.C.)

MEMORIAL DE POBRES











Não me digam que não tem mérito, andar um bom par de dias pelo Porto e conseguir não pisar nenhum pobre.

Percorrer ruas autobiográficas, esquinas com encontros impossíveis, cafés onde já não se pode estar á vontade, velhos bairros prateados pela Lua que reluz, mas que já não ilumina como dantes.


Também não é verdade que tudo me parece como se fosse ontem: nota-se que passou muito tempo.


Nos anos 50/60, todos eram muito pobres, mas havia menos pobres.


Agora, na esplendorosa cidade há dezenas ou centenas de "sem tecto" e cerca de uma terça parte dorme na rua.


Sempre me intrigou a pobreza absoluta.


Sei ainda que, não por experiência própria, que é muito difícil ter tudo ou quase tudo o que nos apeteceria possuir, uma grande casa, um grande e bom carro, uma boa conta corrente, mas suspeito que, todavia, é muito mais difícil não ter nada.


Como se pode arranjar alguém para não ter um colchão, uma cadeira e um telhado, ainda que seja com goteiras?


O número de náufragos não pode exceder o dos viajantes e tripulantes dum barco.


Nem o desemprego, nem os problemas familiares, nem a imigração justificam a estatística.


O retrato "robot" do necessitado reflecte, ainda que este tipo de fotografias saiam sempre algo tremidas, um homem, solteiro e de cerca dos quarenta/cinquenta anos mais ou menos.


Geralmente, não só estão mal de dinheiro, como também da cabeça.


García Lorca,
(*), observou e atreveu-se a dizê-lo, que "os pobres são como animais: parece que foram feitos doutra substância".

Agora, quando vier a crise que se está a aproximar, ou que até já chegou a alguns, vão aumentar notavelmente.

Seguem cumprindo uma importantíssima missão: fazer-nos crer que somos bons se os socorremos.

Dar-lhes esmola é o melhor sistema que se inventou para perpetuá-los.

Os outros requerem um esforço maior.


(*)

Federico García Lorca (1898 -1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Perseguido, foi preso a 16 de Agosto e executado a 18.
O seu corpo nunca apareceu).


quinta-feira, 24 de abril de 2008

- É extremamente fácil enganar-se a a si mesmo; pois o homem geralmente acredita no que deseja ! (Demóstenes, Filósofo grego nascido na Sicília, 487-380 a. C., foi embaixador em Atenas, onde se estabeleceu e fundou a primeira escola de retórica e filosofia.)

AINDA O CASO MARBELLA


URBANISMO = LADROAGEM






Roubar em Portugal ou em Espanha está na ordem do dia, mas o pior é que não é restituído o roubado.

Ambos os costumes, são Ibéricos e já constituem tradição nacional, ou tradições nacionais e exigem aos ladrões que, aparte o seu mau e feio vício, cultivem a sublime virtude da paciência.

Depois de se apoderarem do que não é seu, nalguns sonoros casos, são presos por uma temporada que ainda que lhes seja larga, será sempre curta.

"Todo o que aguarda sabe que a vitória é sua" e, quem diz vitória, diz os triunfais milhões que mudaram de local.

Posto em liberdade, o ex conselheiro de Urbanismo de Marbella, que é o posto mais ambicionado em todos as Câmaras da Península Ibérica, mobilizou as massas, ainda que nem todas.

A actual edil, que não só encontrou os cofres vazios, já que também tinham levado os cofres, calcula que o tristemente célebre Juan Antonio Roca, (ex assessor do Urbanismo), pode ter só em Espanha um património de 200 milhões.

Como além disso é possuidor de um rosto de equivalente dureza que o seu apelido, solicitou ser integrado no seu anterior posto de trabalho.

Não se sabe se tem nostalgia da sua cadeira ou o que aspira é arredondar a sua vertiginosa fortuna..

O cérebro do saque de Marbella tem cúmplices, uns ainda procurados, outros capturados, mas como ele tinha um milhão solto, agora está em liberdade e a única coisa que tem que ter, é paciência, muita paciência.

Sabe que desfrutar honradamente do que roubou é questão de tempo.

A paciência torna a burla em agravo da sorte, segundo Shakespeare e ele que teve a má sorte de ser apanhado, não quer que corram os mesmos riscos os seus milhões roubados.

Agora só tem o problema dos piratas: ir à ilha onde escondeu o tesouro.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

- A conduta é um espelho no qual todos exibem a sua imagem ! (Goethe, poeta e escritor alemão, 1749-1836)

HAJA CALMA


Não morra sem o código de barras!




Aconselharam-nos que ainda que percamos o emprego, não devemos perder os nervos.

Em Espanha, tanto o presidente do antigo governo, que é o actual presidente do actual governo, bem como o líder da oposição, que é o mesmo líder da oposição de então, coincidem nas suas estratégias que se podem resumir numa: têm que aguentar-se quatro anos.

O que são quatro anos na vida dum ser vivo? dizem os místicos, que são sempre gentes que procuram que a sua estadia na terra se aclimate à vida eterna.

Por outro lado, o tango assegura que 20 anos não é nada.

Como se mede o tempo, que é algo que tem mais a ver com o sentimento que com a distância?

Para mim, que sou a pessoa que tenho mais á mão, quatro anos supõem uma barbaridade.

Não espero nem desejo consumir esse prazo.

Pedirem-me que os transmita com calma, parece-me não só uma impertinência, como uma falta de educação.

Compreendo que haja que prevenir o pessoal, não sejam apanhados de surpresa, que no futuro vão passar pior.

Levará o seu tempo que toda a medíocre classe política se coloque de acordo para dedicar o seu horário a solucionar as coisas, em vez de empregá-lo em recriminarem-se mutuamente, o mal que vêm fazendo mais ou menos alternadamente.

Por cá até se guerreiam os irmãos de cor.

Parece-me que no nosso mercado, as laranjas não são calibradas e umas são mais sumarentas que outras.

Em Espanha há alguns sinais confortadores: Zapatero reconhece erros e oferece pactos.

Em troca, Rajoy oferece-se para perpetuá-los.

No que estão de acordo os dois é pedir-lhes serenidade.

Há que ter calma, muita calma.

Ainda que nos ocorra como aqueles espectadores do teatro, quando se declarou um incêndio.

Ninguém se moveu quando ouviram o grito, Fogo!!!,
Fogo!!!

E morreram todos calcinados.

O que é que mais nos convém?

Seguir esses conselhos ou seguir a pista do dinheiro sobrevivente?

A mim ocorre-me, como aquele senhor que confessava que teria o dinheiro para chegar ao final da sua vida, com a condição de não gastar dinheiro nenhum.

É por isso que, penso eu, falta pouco para vender a barraca das misérias e procurar outra, com mais fartura, do outro lado da fronteira.

INTÉ!!!





terça-feira, 22 de abril de 2008

- O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir ! (Charles Chaplin)

JUÍZES


Juízes do Inferno
ROUBADA DAQUI


Um juiz culpou uma funcionária, por estar em liberdade o repugnante assassino da pequenita Mari Luz.

Uma vez mais é cumprido o unânime regulamento, cujo artigo Primeiro, diz:

"Todo o inferior será severamente castigado".

É muito mais fácil recrutar os responsáveis entre as gentes que têm menos responsabilidade: são muito mais numerosos e portanto há mais por onde escolher.

O Governo espanhol admite que se trata de um "terrível e trágico" erro judicial, mas a maioria dos espanhóis consideram que o erro trágico e terrível, é permitir que a justiça esteja na situação em que está.

Enumerar os nojentos últimos episódios, que a imprensa deu relevo, transbordaria não só o meu parco espaço e tempo gasto para escrever, como o tempo disponível para os meus caríssimos leitores, lerem.

"A Justiça espanhola é uma brincadeira", disse um político espanhol que era seu costume, expressar-se com muita reserva, mas o pior: é uma ignomínia que parece idealizada para ofender as pessoas decentes.

Se Justiniano, (*), ressuscita, a esse político dá-lhe um telelé.

- Temes a justiça? Assusta-te pois a tua consciência?, diz uma personagem teatral.

- A minha não, a dos meus juízes.

Muitos mais motivos há para o temor pelo grande teatro do Mundo.

O juiz instrutor do caso Malaya, (**), acaba de impor uma fiança de um milhão de euros de fiança, ao ex assessor de urbanismo de Marbella, um tal snr. Roca, que entrou naquele departamento sem um tusto e em pouco tempo pavoneava-se com milhões e colecções de relógios.
(Não daqueles que se falam por cá, no caso Apito Dourado.

Os nossos são muito mais pequenos e perdem-se com facilidade …), cavalos de raça e automóveis de muitos cavalos e todos pura raça.

Ás vezes descuido-me e começo a pensar "naquele" anafado vermelhinho, com um bruto charuto que se candidatava, contra tudo e contra todos.
Queria experimentar os outros bancoa, para além dos da Suiça e da Bélgica

A que é que estamos a chamar Justiça, com letras maiúsculas?

Se se teme que haja "um elevado perigo de fuga".

O nosso medo colectivo é de não podermos fugir de um país onde a justiça funciona assim!

(*)
Flávio Pedro Sabácio Justiniano ou Justiniano I, (483-565), Imperador romano do Oriente.


(**)
Operação contra a corrupção urbanística, veja aqui.



domingo, 20 de abril de 2008

- Qual é a primeira coisa que deve fazer quem começa a filosofar?
Rejeitar a presunção de saber.
De facto, não é possível começar a aprender aquilo que se presume saber !
(Epicteto, (55 d.C./135 d.C.), foi um filósofo grego, pertencente à Escola Estóica, que viveu a maior parte de sua vida como escravo em Roma)




Está claro que vêm tempos de crise, mas está menos claro como poderemos superá-los.

Os nossos governantes, dão-nos esperança de esperarmos de mãos vazias.

Ninguém parece tomar medidas. Os alfaiates escasseiam.

Também aqui ao lado, em Espanha, esperam por uma solução de imigrantes.

Dizem que a solução de dois milhões de emigrantes, poderia ser mesmo a solução.

De momento, os "experts" consideram que pode ser uma solução.

Assim surgirão muitos postos de trabalho, na hotelaria, serviços domésticos e atenção ás pessoas dependentes, que agora só dependem de si mesmas.

É engraçado que os espanhóis, ante o medo generalizado de empobrecerem, se dediquem a importar pobres.

Terá que haver uma maior tolerância na burocracia.

Terão que vir de fora para desempenhar os papeis que os nativos se esquivam e seria excessivo pedir-lhes demasiado papeis.

Talvez se trate do famoso e misterioso efeito de chamada, mas há que colocar letreiros nas fronteiras dizendo:

"Vinde e vamos todos solucionar a crise".

Como nesse bar de novíssima instalação onde se pode ler num cartaz onde se faz público sem o mínimo pudor, que urgem os clientes e que se não lhes pede experiência.

De fora virão, não quem lhes encha a casa, mas sim quem lhes salve os móveis.

Depois de converter o estreito num cemitério marinho, reclamam-se novos navegantes pelo largo mar da miséria.

Talvez devessem facilitar-lhes meios de transportes mais cómodos que as "cascas de noz".

Além disso, podem dar uma mão, ou talvez outra parte do organismo, nesse assunto tão grave que é a baixa da taxa de natalidade.

Os espanhóis preocupam-se com tudo.

A sua evolução demográfica é preocupante, ( a nossa é igual ou pior, mas ninguém liga).

O pessoal em geral e talvez porque estão sempre a pensar nos juros à habitação e respectiva hipoteca, não pensa em ampliar a família trazendo um desconhecido para casa.

Os hóspedes, dos espanhóis, por muito necessitados que estejam, podem resolver as primeiras necessidades.



sábado, 19 de abril de 2008

- Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar ! ( Francis Bacon, 1561- 1626, foi um político, filósofo e ensaísta inglês).

TRABALHOS POR UM PEDÓFILO



O presumível ser humano que assassinou a pequenita Mari Luz e, a sua irmã, estão rodeados de cuidados para salvaguardar as suas vidas.

Quando transbordam os açudes de ódio, surgem novos verdugos amadores e não é necessário promulgar a Lei de Linch, (assassinato de um indivíduo, geralmente por uma multidão, sem procedimento judiciário legal e em detrimento dos direitos básicos de todo o cidadão - Wilkipédia).

Inclusive, doces e adoradas pessoas, (como por exemplo, S. Francisco de Assis), já defenderam publicamente a castração para os pedófilos.

(Não me parece uma má solução se aplicada com anterioridade).

Também os habitantes do bairro estão exaltados, depois de terem estremecido e tentaram matar os irmãos do repulsivo sujeito, que não são culpados de nenhum assassinato, para além da consanguinidade.

Não se sabe se serão muito bons, mas em princípio parece-me equivalente a castigar Abel, pelo que segundo dizem, fez Caím.

A vingança, descansa a cólera acumulada e se não se deita fora, pode estragar-nos o carácter.

Na prisão de Huelva é onde tem havido mais ressonância o escândalo pela impunidade que desfrutava o monstro, coerentemente com o monstruoso funcionamento da justiça espanhola, (afinal aqui tão perto e tão igual à nossa!).

Se o deixam solto no pátio da prisão, não é que lhe façam a barba com água fria, podem-lhe é esfolar a garganta com um garfo lascado.

Os reclusos sabem que não é digno de estar com eles e em todas as prisões existe um código moral, perfeitamente legível, ainda que não esteja escrito em sitio algum.

Se alguém rouba correndo risco, não com garbo ou luvas brancas, como alguns políticos, torna-se digno de crédito e admiração pelos seus colegas.

Todos querem ser o seu "talhe" e pedem-lhe autógrafos inclusivamente os que não sabem ler.

Se matou a sua mãe, mulher ou uma criança, é homem morto ao menor descuido dos carcereiros.

A sua consideração social está abaixo de cão.

Todas estas incomodidades tornam desejável que as precauções se tomem antes.


quinta-feira, 17 de abril de 2008

- O tempo descobre o que é falso e fingido, dando força à verdade ! (Juan Luís Vives, ensaísta e filósofo espanhol, 1492-1540)

LOTAÇÃO ESGOTADA










A João Paulo II, deram-lhe um tiro quando benzia a multidão aglomerada na Praça de S. Pedro e, ainda que digam que a história repete-se, há que evitar a sua insistência.

A visita do actual Papa, Bento XVI, colocou em marcha uma das operações de segurança mais complicadas e custosas que alguma vez tiveram como cenário as cidades de Washington e Nova Yorque.


A Guarda Suiça, misturar-se-á com o FBI, que leva uniformes menos vistosos, já que os seus agentes vão à paisana.


Jogam, também, um papel muito importante os cães detectores de explosivos, já que o seu olfacto é muito superior aos dos melhores rastreadores humanos.


Inclusivamente não é descartada a possibilidade de que haja gatos policiais.


O passeio de Sua Santidade motivou que haja restrições do espaço aéreo e haja escafandristas no East River de Manhattan.


Existe uma expectativa que não seria maior do que se tivesse ressuscitado Elvis Presley e oferecesse o seu primeiro concerto "post morten".


Esgotaram-se todos os "boletos" que é a denominação que a comunidade hispânica, denomina ás entradas.


Dizem os "experts" que a afluência de imigrantes hispânicos fez renascer as igrejas católicas, que sem deixarem de ser ecuménicas, palavra que procede do grego e significa universal, têm os seus gostos nacionalistas.


A verdade é que há muitos mais adeptos do Sumo Pontífice entre os hispânicos, que entre os anglo-saxões.


Osana Bin Laden acusa o Papa de "liderar uma nova cruzada contra o Islão", mas outros, do que o acusam é de não aludir, por nada, ao problema dos padres pedófilos.


Ali, registaram-se ultimamente mais padres homossexuais que janelas têm os arranha-céus.


Não pode repreendê-los a todos.


Para isso necessitava que a sua estadia fosse por um bom par de anos.



quarta-feira, 16 de abril de 2008

- Eu não acredito em qualquer Deus que tenha feito os homens e muito menos, no Deus que os homens dizem que fizeram ! (xistosa)

UMA FALTA NO ALBUM






Parece que Ronaldinho não levanta a cabeça, mas o que é pior, é que convenceu todos de que cada vez lhe é mais difícil levantar do chão os pés de Aquiles negro.

Talvez seja importante trasladar uma pantera para "Las Ramblas", mas depois de deslumbrar todos e de fazer jogos de malabarismo no relvado, pouco a pouco, foi-se extinguindo o prodígio.

Antes dizia coisas inesquecíveis sobre as verdes páginas dos estádios e agora diz adeus à temporada.

Que se terá passado com o rei mago que se enfileirava junto do seu próprio camelo, nas fileiras do Barça?

Os futebolistas, coma desculpa de que as suas carreiras são mais curtas que a dos registos de propriedade, querem-se fazer proprietários de muitas mais coisas em menos tempo.

Ter-lhe-á oferecido mais dinheiro outra equipa?

É impossível que se tenha esquecido de jogar futebol, do mesmo modo que os adeptos não se esqueceram de como ele jogava.

Se tivesse assinado pelo meu "Os Belenenses", parecer-me-ia o mais bonitão do mundo, ainda que de verdade seja uma mistura de Ray Sugar Robinson e da Mula Francis, (o famoso burro falador em fluente espanhol, que se converteu num êxito televisivo há cerca de 40 e tal anos).

O seu sorriso de anúncio de dentífrico para consumo dos pretos,(*) de África, sempre me pareceu encantador, incluso de serpentes e não posso resignar-me á sua ausência.

Figura no meu álbum ideal - também intemporal - de cromos.

Junto a Arza, a Molowny, a Bem Barek, a Gainza, a Zarra, a Di Stéfano - fora os barretes - Pelé, Luisito, Matateu, Eusébio, Suárez, Maradona, Bekenbauer, Cruift, Ronaldo e tantos outros que sei que sou injusto ao não recordá-los, ainda que os recorde.

Sempre haverá um espaço vazio no meu álbum de cromos.

Não é nenhuma frivilidade.

Falo de gente que ouvi falar e me ajudaram a viver e nessa nómina, não só figuram, entre muitos, muitíssimos, Quevedo, Fernando Pessoa, Schopenhauer, António Machado, (poeta espanhol), Florbela Espanca.

Também quantos me divertiram.

Nada melhor que divertir-me.

É um clarão no bosque.


(*)
Já me referi ao termo preto.
É uma cor, o branco e o preto, o amarelo e o vermelho, o verde e o azul, etc. Negro, quanto a mim, refere-se aos brancos-negros, de negreiros, que vendiam, à força, vidas humanas.

Se estiver enganado, que me desmintam e mo provem.



domingo, 13 de abril de 2008

- Querias ser livre ? Para essa liberdade, só há um caminho: o desprezo das coisas que não dependem de nós ! (Epicteto, (55 d.C./135 d.C.), foi um filósofo grego, pertencente à Escola Estóica, que viveu a maior parte de sua vida como escravo em Roma)

NÚMEROS ou PROBLEMAS





Rio Siurana, afluente do Ebro.



É um caudaloso manancial de infortúnio acreditar que todos os problemas têm solução.

Não digo que estar convencido de que há problemas que não se têm, não o seja também, mas talvez resulte mais tolerável conviver com eles que enfrentá-los.

Contava-me o meu pai, que um amigo, general de alta patente, tinha duas pastas de idêntico volume sobre a sua secretária: numa, lia-se, "Problemas para solucionar urgentemente" e na outra, "Problemas que o tempo solucionará".

Nenhuma das chatices jamais foram resolvidas, mas há que reconhecer que uma lhe provocou menos insónias.

O que mais desassossego produz quando se tenta resolver uma situação difícil é trabalhar ou fazer números.

A aritmética não é o campo da piedade.

Como resolver isso de que os juízes portugueses tenham pendentes de execução, milhares de processos judiciais?

O Poder Judicial, cuja debilidade conhecem-na melhor que ninguém os delinquentes, tem sido alertado deste caos ao longo do tempo, cujos processos já se esgueiram por portas e janelas, tal o avolumar da situação.

Em Espanha, também se veio a descobrir que o curso do Ebro não estava de acordo com o curso dos acontecimentos.

A única forma de não vê-lo era fechar os olhos, ainda que permanecessem abertas de par em par, as comportas e assim chegou-se a uma situação de conflito de águas.

O pobre rio, lançou ao mar em quatro anos, a água que Barcelona necessita num século.

Se houvesse exames para políticos, suspenderiam 98 % deles.

Mas os políticos nomeiam-se a eles próprios.

Na confraria abundam os charlatães e enganadores resolvidos a pôr-lhes remédio para a cura a qualquer preço das coisas, com a condição de que não constituam um conflito.

O que se teria passado se nestes últimos anos nos habituássemos a dedicá-los a solucionar coisas em vez de prometer soluções ?



sexta-feira, 11 de abril de 2008

- As flores desabrocham para continuar a viver, pois reter é perecer ! (Kahlil Gibran, pensador, poeta, romancista e pintor libanês radicado nos EUA, 1883-1931)

A TOCHA ou FACHO









Paris ia ser uma festa quando se fundiu o chumbo, "Made in Grécia", da tocha Olímpica.

Funcionou, como é habitual no mundo globalizado, o comando à distância.

Hillary Clinton, que acaba de destituir o chefe da sua campanha eleitoral, que até agora era considerado um génio das relações públicas, pediu a Bush para não assistir em Pequim à inauguração dos Jogos Olimpicos, que são a mais alta ocasião que tem o mundo de relacionar-se publicamente.

O judoca David Douillet, capaz de derrubar o Atlas, viu como se lhe apagava o fogo.

Que culpa terá Píndaro que estejam chateados os activistas pró-tibetanos?

Que culpa terão os tibetanos da atitude da China?

Os pacíficos monges, peritos em compaixão e contemplação são como um exército inerte.

Vestidos de cor Fanta laranja, ferve-lhes o sangue submisso ante a injustiça.

Laranjas amargas da China.

O certo é que, pela primeira vez na história, a tocha não foi apagada pelo vento ou pela chuva, mas pelos protestos de milhares de pessoas.

O fogo sagrado do desporto, que é a única competição incruenta e além do mais é o único esperanto pelo qual se podem entender todas as raças e todos os seres humanos, sofreu um apagão na cidade da luz.

A tocha teve que ser transportada num autocarro para impedir novos incidentes no percurso.

O protesto a favor do Tibete, talvez seja bom para todo o mundo, menos para o Tibete.

Os gigantes sempre têm podido esmagar quem se cruze no seu caminho e é isto que explica, que acabem por ter pés de barro.

A prepotência incrusta-se-lhes nas plantas e chega um momento em que não podem dar um passo, sem que não sejam vaiados pelos espectadores do grande teatro do mundo.


quinta-feira, 10 de abril de 2008

- Entre um governo que governa mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa ! (Victor Hugo)

LIMPAR AS RUAS


LIBERTEM O TIBETE !





Os gregos, que segundo Indro Montanelli, (*), formavam "um país de manias", suspendiam as guerras quando chegavam as Olimpíadas.

O primeiro é sempre o primeiro e Píndaro, (**), devia urdir os seus hinos em honra dos atletas e dos seus impávidos louros.

Agora, na China, o que estão a fazer é acelerar as guerras para que não estorvem o desporto, ou seja, matar mais depressa, para que não se confundam as crónicas de guerra com a s crónicas desportivas.

Mais a mais, para turista ver, estão a "limpar as ruas de indesejáveis".

A Amnistia Internacional denuncia milhares de pessoas - há quase tantas pessoas, como pessoas chinesas - estão presas em centros de reeducação.

Todos sabemos o que consiste em reeducar.

Trata-se de induzir verdades incontrovertíveis que ninguém, salvo uma pequena parte da população, acredita que estão certas.

O mais estranho é que se deseje sempre ocultar os pobres.

É necessário um polícia para cada mendigo.

Em Portugal de elástica democracia, (como em muitos outros países), mascaram-se os mendigos por um procedimento melhor: encerrando-os ou enxotando-os, quando chega algum hóspede ilustre.

Também não é conveniente mostrar alguns descampados, ou casas e fábricas abandonadas.

Colocam-se grandes taipais para que não se possa ver, nem os necessitados, nem o entulho.

Todo o mundo vive das aparências, já que isso é compatível com o receio delas.

No final, quem mais trabalha, nestas épocas históricas são os encarregados dos serviços de limpeza.

Segundo as notícias, registaram-se 180 denúncias de violações, do direito de informação.

O que queriam os hóspedes?

Que lhes programassem excursões ao TIBETE?

A imagem que transmite um país acaba por ser o país, já que só há tempo de ver a sua representação.

São outras as medalhas que querem pendurar os organizadores, daí que as tenham sempre no escaparate e na farsa destes grandiosos eventos.

Aqui, ali, além e em Pequim !!!


terça-feira, 8 de abril de 2008

- Todos nós nascemos originais e morremos cópias !
(Carl G. Jung , 1875/1961, Carl Gustav Jung. Psicanalista e psicólogo suíço. Como psiquiatra e psicoterapeuta, é considerado o pai da psicologia analítica)

TORCIONÁRIOS ! ! !




PRESIDENTE da ARGENTINA








Já choveu muito e estiou outras tantas vezes desde que Clemenceu, (*) depois de viajar pelas belas terras argentinas, disse que, "é um país tão rico, que recupera durante as oito horas que dormem os seus políticos".

Agora parece que estão há uma grande temporada com insónias.

Talvez a beleza não seja uma das qualidades imprescindíveis para exercer o governo de uma nação e Cristina Fernández de Kirchner, fez com que voltasse a desordem e a angústia.

Os agricultores, como é natural, rejeitam a subida dos impostos sobre as exportações e cortaram algumas estradas.

A quem leva a Argentina no coração, não por Gardel, Di Stéfano, Maradona ou Borges, (**), mas sim por muitos amigos de lá, que são também de cá, dá-nos um nó no peito, a meia altura.

Qual é o indecifrável enigma da Argentina?

Por que não sendo, individualmente, inferiores a ninguém, são um rotundo fracasso colectivo?

Ao chegar a Buenos Aires, extraditado de Espanha, o ex-verdugo, digo, ex-militar, Ricardo Miguel Cavallo, negou-se a falar ou declarar algo, perante os tribunais de Justiça do seus país, acusado de crimes contra a humanidade.

A ditadura durou de 1976 a 1983 e se durasse mais, não deixava vivalma com vida, extinguindo boa parte da juventude.

Os torcionários repressores pensaram que para salvar a pátria não havia melhor procedimento que diminuir o número de compatriotas.

Ao genocídio e ao terrorismo do estado, uniram-se as minuciosas torturas.

O torcionário, algoz e carrasco, Cavallo, era um especialista.

Reconheceram-no alguns sobreviventes que atestaram contra o heróico martirizador cujo campo de batalha eram as celas.

Merecia, mas não se lhe deve aplicar as suas técnicas.

Só a lei, mas este monossílabo está merecidamente desacreditado.


(*)
Clemenceu, primeiro ministro francês durante a I Guerra Mundial,

(**)
Jorge Luis Borges Acevedo (1899-1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta argentino) .




segunda-feira, 7 de abril de 2008

- Abandonar a vida por um sonho é estimá-la exactamente por quanto ela vale ! (Michel Eyquem de Montaigne, 1533/1592, escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal.)

ADEUS MEU QUERIDO PASSADO









A caída a pique do consumo, que não se sabe se poderá levantar-se, vai determinar o encerramento de muitos pequenos comércios.

Deduz-se, face aos números que se prevêem que somos um país de pequenos comerciantes, ou seja, de gentes especializadas em escala menor em levar algo desde onde abunda até onde falta.

O que chamam "desaceleração económica" não consiste em avançar menos, mas sim andar para trás.

É algo equivalente ao que na guerra, ambas as partes, em certas ocasiões, denominam "progressão até à retaguarda".

O caso é que os pequenos comerciantes de bairro, onde se fiava aos vizinhos e se conheciam os seus gostos, bem como as possibilidades de satisfazê-los, estão chamados a desaparecer e não há mais remédio que atenda a essa chamada.

Ouvi-la-ão, sem dúvida, os grandes armazéns e superfícies comerciais.

Como em tempos, em vez do puzzle africano, tínhamos propriedades além mar, essas que se chamavam "tendas ultramarinas".

É curioso que ás vezes se sinta nostalgia de coisas que não sentimos saudades.

Talvez seja porque formam parte da nossa irreparável vida.

Não sentimos saudades, mas tão-pouco as podemos deixar nos ouvidos.

Passei uma boa parte da minha infância, quer na inicial, quer posteriormente, a ver essas tendas.

"Rapaz, vai fazer-me um recado", (alguns, malcriadamente, mandavam os mais velhos fazê-los).

Recordo, séculos depois, aquelas facas de cortar bacalhau e os cilindros com êmbolos por onde corria o pacífico azeite.

Também as barras maciças de áspero sabão, como azulejos para edificarem a higiene do pós-guerra.

Havia barris náuticos, com arenques ou sardinhas esticados, que eram como um altar desconstruído.

Velhas tendas de bairro.

Eu ia à da Mélita e gostava muito.

Não da tenda, mas sim dela.

Teria uns seis a sete anos mais que eu.

Portanto é muito provável que ainda esteja viva.


sábado, 5 de abril de 2008

- O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração ! (Alphonse Karr, Jean-Baptiste Alphonse Karr, 1808-1890, foi um crítico, jornalista e novelista francês.)

AUSTERIDADE




Buda em austeridade

Sempre andamos melhor pelo meio do trajecto, fazendo caso das opiniões dos economistas em vez dos dados económicos e da tradição dos provérbios, estribilhos, refrãos e afins.

Lograram convencer-nos que éramos ricos se adquiríssemos um andar, com magníficas vistas, em vez de um outro num desses bairros que não elegemos para passear à noite.

Quanto valerá isto no dia de amanhã, quando o subúrbio caia no concelho limítrofe?

Nós fazíamos esta pergunta.

Pois bem, o dia de amanhã chegou - certamente será domingo - e o andar, não é que valha menos, é que não vale nada porque ninguém paga nada por ele.

O mesmo "boom", está a passar-se na nossa vizinha Espanha.

Lá, como cá, estão a moderar o consumo para níveis baixíssimos e inimagináveis.

O mesmo é dizer, que estamos condenados a praticar a difícil virtude da austeridade.

Curiosamente, em ambos os países, os gráficos de evolução do consumo privado, parecem desenhos dos espeleólogos.

Por lá, o nostálgico desertor da gerência do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo Rato, alertou de que, se a crise de liquidez se prolonga, a situação será complicada.

Do nosso lado, quando se aproxima a borrasca internacional, ouve-se falar que se vai lançar à água o "casca de noz" dos navegantes ou sobreviventes.

Temos que agradecer aos nossos "sabedores", como os espanhóis agradecerão o desinteresse do que Rodrigo Rato disse, já que ele, como os nossos governantes, não vão ter a menor complicação.

Todos, de ambos os países compartem a douta opinião, (podem não divulgá-la - para não alarmar), que a economia mundial atravessa o momento mais crítico desde 1930, quando eu ainda não tinha nascido, nem tinha havido a 2ª Grande Guerra.

Não nos adianta perguntar o que vai ser de nós: uns ver-se-ão obrigados a praticar a virtude da austeridade e outros, ver-se-ão obrigados a pronunciar brilhantes discursos, cá no Parlamento, em horários nobres, em Espanha, no Congresso, também ás horas pré-concebidas.

A diferença é que, os dos discursos, terão digestões mais pesadas.

As vacas fracas da aldeia fugiram e o açougueiro cobra muito por matá-las.

Os outros espadas, (toureiros), não têm valor para lidá-las e, mais a mais as suas bandarilhas, nem cheiram nem fedem.

Só podemos esperar que eles saltem as "barreiras".




sexta-feira, 4 de abril de 2008

- As palavras são como moedas: uma pode valer por muitas, e muitas não valer por uma ! (Quevedo)


PAGADORES DE PROMESSAS





Diz-se que triunfar, o que se chama triunfar, consiste em ter o dinheiro suficiente para fazer frente a todos os compromissos e obrigações que nunca se teriam no caso de não se haver triunfado.

Também deve ser aproximadamente o mesmo nas vitórias eleitorais.

Um certo número de cidadãos, donos de uma grande memória e de uma pasta, não mais pequena, começam a recordar aos triunfadores todas as promessas que fizeram para conseguir o triunfo.

Disse Quevedo, (*) que olhava para as ofertas como para espias, mas nós vemo-las como ofertas dos grandes armazéns.

Ainda que não as creiamos á medida, exigimos o seu inteiro cumprimento.

Em pior transe vêem-se os derrotados, ainda que estejam isentos de ter de realizá-las.

A sua vantagem é só comparável á das crianças órfãs, que não têm que fazer ofertas no chamado Dia do Pai.

Aos perdedores, ninguém lhes vai pedir contas, porque além do mais não são eles que as transportam.

Em oposição, ao ganhador vão chover-lhe os credores morais.

A coisa começou a agoniar o homem forte da economia espanhola, Pedro Solbes, que vai por acabar de entortar o outro olho, para não ver os seus reclamantes.

Uma coisa é certa, parece-me que já vai mesmo ter de começar a repartir os famosos 400 euros prometidos e arbitrar o procedimento para fazer desaparecer o custo que se supõe existir, se alargar os prazos dos empréstimos.

Os cidadãos verdadeiramente curtidos em democracia não ignoram que os oferecimentos que se fizeram durante a campanha eleitoral, ainda que não tenham leite retardado, caducam como os iogurtes quando passam as eleições.

Devemos ser compreensivos, já que foi sempre assim.

Porquê colocá-lo num aperto quando está a festejar a sua legítima jornada aritmética?

O petróleo, nos EUA, já chegou aos 107,9 dólares por barril.

Como se vai repartir a coisa?

Todos em fila.

De quem é a vez?

(*)
Quevedo, Francisco Gómez de Quevedo y Santibáñez Villegas (1580 - 1645), foi um escritor e pensador espanhol.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

- Os investimentos em conhecimento geram os melhores dividendos ! (Benjamin Franklin)

UMA SOLUÇÃO





Se se pregunta aos jovens a sua opinião acerca dos políticos, a resposta é que ocupam o último lugar no índice de credibilidade, ou seja, são os primeiros do "ranking" de embusteiros.

Como se pode corrigir esta solução?

É muito fácil, não perguntar nada aos jovens.

Está claro que, se se interrogam os velhos obter-se-á um resultado muito similar.

Sete em cada dez cidadãos, independentemente da sua idade, estão convencidos de que os políticos, segundo o barómetro dos "fazedores" de estatísticas, "só procuram os seus interesses pessoais".

A verdade é que toda a juventude, muito jovem e os velhos desconfiados, vivemos num país muito estranho chamado mundo.

Parece que o universo em que passamos uma curta temporada, tem 13.730 milhões de anos, mas conserva-se tão bem, em termos comparativos, como o nosso Nobel da Literatura.

Os problemas fundamentais jamais tiveram conserto, nem o terão até que este planeta seja engolido pelo Sol.

Não é nada com que tenhamos de preocuparmo-nos, já que isto sucederá, segundo os cientistas, dentro de 7590 milhões de anos.

O que urge solucionar é o dia de amanhã, ainda que seja quinta-feira.

Como impedir que os jovens tenham uma má opinião dos políticos e mostrem o seu desprezo por eles, cada vez que se lhes pergunta?

A solução, vou dizê-lo, está clara: não se lhes pergunta nada.

O problema da habitação protelou-lhes o porvir e mais de uma quarta parte dos menores de 17 anos está em risco de cair no umbral da pobreza, que está um pouco mais para lá, mas só a meia dúzia de passos mais, da pobreza autêntica.

O que vão expor ou opinar sobre os que vivem de pronunciar discursos?

Pode parecer pouco mas ao Decálogo juntou-se-lhe um marmóreo suplemento e há mais pecados mortais por necessidade.

Não como os veniais que se perdoam com água benta ou com água tónica.

terça-feira, 1 de abril de 2008

- Não te alongues a contar as tuas façanhas, nem os perigos que terás passado; não podes querer que os outros tenham tanto prazer em escutar-te como tu em contá-los !

Epicteto, (55 d.C./135 d.C.), foi um filósofo grego, pertencente à Escola Estóica, que viveu a maior parte de sua vida como escravo em Roma.

BIN LADEN, O CHATO









O líder da al-Quaed, emerge periodicamente das grutas do seu enigmático território.

Tem uma metralhadora e um rádio.

Também está com muito má cara.

É como se "El Greco", tivesse pintado um apóstolo de Maomé, mas chateado.

Recomenda-se o combate de desforra das Cruzadas e empenha-se em acusar o papa Bento XVI de uma campanha contra o Islão.

Neste caso é indignar-se e procurar motivos para a vingança, ainda que a ofensa não se tenha produzido.

Há muito pouco tempo, católicos e muçulmanos lançaram, a partir do Vaticano um novo Foro, para abrir o diálogo entre ambas as religiões, pensando que, todas são iguais e verdadeiras.

Os monoteísmos contribuíram para muitas guerras, muitos mortos, muitas conquistas e reconquistas.

Algum dia haverá que nos pormos de acordo sobre o tipo de residência que desfrutaremos quando partirmos deste encarniçado planeta.

A Humanidade necessita chegar a um consenso.

A vida eterna, que só se pode definir sempre com a palavra, mais uma semana, é um assunto muito preocupante, dada a nossa resistência em desaparecer.

Porque levam a mal os que pensam sentar-se à direita de Deus, onde por certo deve haver "overbooking", e os que calculam que vão estar rodeados de huris em cadeiras móveis, bebendo hidromel com cubos de gelo?

A raiva que agora pegou Bin Laden, que é mais pesado que um camelo em braços ladeira acima, deve-se ás caricaturas de Maomé publicadas num periódico da Dinamarca.

Quem lhe manda a Bin Laden estar subscrito num periódico da Dinamarca e que lho enviem para a sua caverna?

O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, desaprovou estas caricaturas.

A coisa não está para desenhos ou arabescos, quando entretanto se cumprem cinco anos da invasão do Iraque.