sábado, 23 de fevereiro de 2008

CONTRA VENTOS e MARÉS









No estreito, (de Gibraltar), deu-se uma ventania e o ar pôs-se a mais de cem à hora, sem que Neptuno o tenha multado.

Destroçaram-se praias e os que capturam os escondidos pequenos bivalves e os peixes nossos de cada dia, não sabem agora, como os devem pescar.

Foi a ruína.

Os trabalhadores do mar, cifram em muitos milhares de euros os prejuízos.

As gaivotas sempre esfomeadas desapareceram. (Há falta de outras marcas ou recordes, tenho a mania de contar gaivotas).

Acredito e creio firmemente, que o vento protesta por ter convertido o estreito num cemitério marinho.

Quantos barquitos, cascas de noz, serviram de ataúde, enquanto estou a escrever isto, a imigrantes com e sem documentos?

Não estaremos a esquivarmo-nos com tantos discursos?

De momento descobre-se um método magnífico para diminuir o desemprego: contar os desempregados das intempéries.

Não considerar desempregados quem necessita de formação, encurta muito as estatísticas.

É um problema de cálculo e de nomenclatura.

Podem-se eliminar uns largos milhares se criamos a categoria dos "à procura do 1º emprego", pois não vamos considerar desempregado quem nunca trabalhou.

Uma boa ideia para o esforçado ministro, Vieira da Silva.

A maré alta do desemprego tem uma má solução em tempo de crise e quando sopram ventos maus.

Se não está na sua mão alterar o mercado de trabalho, é sempre possível alterar as estatísticas.

Alguma coisa se pode aproveitar.

As gaivotas deveriam ter levado muitos problemas que não são exactamente de agora.

O fisco, "fareja" incessantemente para que não prescrevam as dívidas.

Mas algumas coisas ou procedimentos, parece-me que são suspeitosas.

Não se pode arrebanhar as notas de qualquer maneira e sem lei.

Quantas notas cabem, bem prensadas, numa caixa de sapatos?

Depende do número do calçado que use o "sem-vergonha" ou caloteiro.

Muito dinheiro já desapareceu como areia duma qualquer praia que o mar vai corroendo, mas ambas as coisas estão nalgum sítio.

É impossível que as tenha levado o vento.


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