sexta-feira, 14 de setembro de 2007

UM CADÁVER CHAMADO IRAQUE !





Quando ocorrem os grandes genocídios da História, nada nem ninguém parece dar-se conta.

Faz falta que o tempo perpasse, que o “genocida” passe de vencedor a vencido e que surjam investigações, que se obtenham documentos e testemunhos para conhecer os factos a fundo e restituir a verdade e a memória, onde não houve mais que ocultação e manipulação.

Nenhum vencedor foi castigado por “genocida”.

Só o são os perdedores, que com a derrota, vêem como os demais países se atrevem a reconhecer a ignomínia perpetrada que, sem dúvida, quando eram vencedores já estava à vista da comunidade internacional.

Esta a tese que defende, “Autópsia do Iraque”, o extraordinário livro de Hans Von Sponek, que nem sei se já foi traduzido para português, mas o meu amigo, Snr. Pedro, do restaurante Atlanta, em La Manga, me ofereceu, na língua de Cervantes.

Este alemão que em 1998 foi nomeado, pelo secretário geral da ONU, para dirigir um departamento, salvo erro, o Departamento de Operações Humanitárias, mais conhecido como a operação, “Petróleo por alimentos”, depois duma longa carreira no Programa da ONU para o Desenvolvimento no, Gana, Paquistão, Botswana, Turquia, India e nem sei quais os outros países.

Como o seu predecessor em Bagdade, Denis Halliday, Von Sponek, dimitiu-se do cargo em Fevereiro de 2000, em sinal de protesto pelo prolongamento das sanções ao Iraque, ILEGAIS, desde a promulgação das disposições de Haia de 1907, que proibem impor qualquer castigo a pessoas, por actos de que não são responsáveis, como o sofrimento, a fome, a doença, dor e morte, infligidos ao povo do Iraque durante mais de dez anos.

Assim, demonstra-se com dolorosa atenção, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, especialmente, os Estados Unidos e a Inglaterra, violaram aquelas condições mínimas de comportamento civilizado no seu programa de sanções dirigidas.

Agora viu-se, não o devolver da democracia, nem o castigar pela inexistência de armas de destruição maciça, mas sim a converter o Iraque num cadáver, ou melhor dizendo, fazê-lo desaparecer como Estado, com a sua cultura, a sua história, a sua memória e as suas riquezas


A guerra do Iraque, podemos dizer, não começou com a invasão, mas foi desenhada muito antes pela mente de quem ambicionava estruturar o Médio Oriente, como uma nova colonização norte americana.

Este livro, “Autópsia do Iraque”, supõe um passo mais na análise dos segredos dessa confusa verdade, da qual parece que nos temos esquecido: a guerra do Iraque não terminou, nada nem ninguém sabe quando e como terminará.



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