quinta-feira, 5 de julho de 2007

ROTAS ou CAMINHOS ÍMPIOS




Em vez de declarar guerra à fome, a Europa declarou-a aos esfomeados.

Enquanto a ONU debate a maneira de parar o fogo no Médio Oriente, no Darfur e noutros locais incendiados ..., aqui, que temos o mar mais próximo, o que debatemos é a maneira de colocar barreiras.

Os planos contra a imigração ilegal estão a dar em nada.

Em princípio pensou-se em patrulhar as costas, conjuntamente com os espanhóis, ou utilizar helicópteros ou algum avião, para travar a saída dos botes ou bateiras, com rumo ás Canárias, costa espanhola e portuguesa, (esta pouco), mas a contribuição voluntária comunitária encolheu muito: reduz-se a dois barcos e um avião.

As bateiras ou botes são uma autêntica armada invencível.

Não é que a sua tripulação esteja dotada dum grande espirito bélico e queiram fazer a guerra: o único que querem é fazer a digestão de algumas vitualhas.

Por outro lado, não vêm armados até aos dentes, senão desejosos de dar-lhes a sua função natural.

Quem pára os estômagos mauritanos, senegaleses e doutros confins insondáveis?

Como disse Saramago, nada os detém ainda que ponham labaredas ou arame farpado no mar.

Só ás Canárias, chegam cerca de 15.000 ilegais, que passaram a ser denominadas de Transbordadas, em vez de Afortunadas.

Os centros de acolhimento estão a abarrotar.

A comunidade espanhola, recebe o dobro da sua capacidade, que é muita, quase tanta como o seu caudal de piedade, bondade e compaixão.

A única solução possível, que não será imediata, é tirar-lhes a vontade de viajar, mas isso só é possível se antes lhe tirarem a fome.

Os grandes problemas descobrem-nos os pequenos governantes, que só têm soluções para os problemas que não existem.

Para se resolver este, é necessário Deus e ajuda, mas uma ajuda menos miserável que a oferecida pela Europa, principalmente à Espanha e Itália.

Neste momento há 15.000 africanos em fila para agarrar uma passagem de bote ou bateira, de frente para as indiferentes ondas das praias de Nuadibú, (capital económica da Mauritânia, junto ao Sahara Ocidental.

Mal embarcam, afiam logo as suas colheres!


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