sábado, 30 de junho de 2007

“OBVIEDADES” dos POLÍTICOS













(Estátua em bronze de Baltasar Gracián, salvo erro em Saragoça)



Dizia Frank Billings Kellog, secretário de estado dos EUA entre 1925 e 1929, que “o silêncio é uma das coisas mais difíceis de refutar”.

As generalizações são geralmente um equívoco.

E tanto é assim que dizê-lo é um erro, porque também é uma generalização.

Por isso não quero dizer que essa generalização deixe de conter uma verdade dificilmente refutável.

Com talento igual, Schumpeter, (importante economista do séc. XX, se não o maior, um dos mais importantes, segundo Joseph Alois), disse, meio século depois que “não há nada mais difícil de demonstrar que o óbvio”.

Seguramente há tão poucos especialistas em calar, ainda que seja na versão de disfarçar os silêncios de discursos cheios de palavras vazias e tantos peritos em “obviedades” que não necessitam de demonstração.

Tomem como exemplo qualquer das declarações dos políticos que ontem disseram com toda a seriedade:

“São os cubanos que devem definir o seu futuro”.


“A situação em Gaza é alarmante”.


O acidente do metro de Valência, não era “nem previsível nem evitável e dele não deriva nenhuma responsabilidade política”.


A queda da ponte de Entre-os-Rios, era uma miragem muito ténue, mas “a culpa não morrerá solteira”.


“A paz no país basco, é um processo irreversível”.


Etc., etc. ...

Converter em vantagem o inconveniente, a desgraça em estímulo, os erros próprios em perversidades alheias é a obsessão dos políticos
.

Parece que acabaram de descobrir o truque que revelou Baltasar Gracián*: o de “El Gran Capitán (de Juan Granador)” quem, tendo pegado fogo à pólvora, naquela memorável batalha de chirinola, (trapacice), animou as suas gentes dizendo:

“Ei! Não é uma desgraça, mas sim o clarão da nossa pronta e resplandecente vitória”.

Alguns políticos no poder devem ter a “Argúcia e a Arte do Génio”, na mesa de cabeceira, aberto no discurso XVIII, onde Gracián fala dos artifícios, da inventiva e das tropelias do engenho.

Por isso, em lugar de se calarem, conseguindo que nada possa refutar as suas banalidades, dizem OBVIEDADES com a confiança de que nada nem ninguém lhes exigirá uma demonstração.

ILUMINADOS!!!

* Baltasar Gracián: 1601/1658, escritor espanhol, jesuita, teólogo, filósofo e literato, escreveu, entre outros, El Criticón e Tratado de Agudeza Y Arte de Ingenio.

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