sábado, 30 de junho de 2007

A FÓRMULA do COSMOS








Em 1919, um professor auxiliar de matemática chamado Theodor Kaluza, que leccionava na Universidade de Könisberg sem qualquer vencimento, pegou nas equações da relatividade que Einstein havia escrito três anos antes e, por alguma razão que só um matemático poderá explicar, juntou-lhes uma quarta dimensão espacial.

Anteriormente existia, altura, largura e profundidade e agora passou a haver, altura, largura, profundidade e essa quarta coisa que se não pode imaginar, mas sim manejar com as ferramentas analíticas da geometria que não fazem destrinça entre os objectos reais e os fantasmagóricos.

O resultado dessa gratuita extravagância foi realmente assombroso.

A relatividade geral é um conjunto de equações que descrevem o comportamento da gravidade, uma das forças fundamentais que se conheciam na época.

Mas quando Kaluza lhes adicionou uma quarta dimensão espacial, apareceram, além disso, outras fórmulas diferentes. Kaluza, reconheceu-as de imediato.

Eram exactamente as fórmulas que James Maxwell havia escrito 40 anos antes para descrever o electromagnetismo, a outra força fundamental conhecida na época.

Duas grandes teorias desconexas, formuladas para explicar duas forças totalmente distintas, convertiam-se numa só teoria unificada sem mais que propor a existência de que nada havia visto nunca, a quarta dimensão.

Mas que diabos significava tudo aquilo?

Kaluza escreveu um rascunho do seu trabalho e, à falta de melhor destinatário, enviou-o directamente para Einstein.

“A minha escrita”, escrevia um imodesto Kaluza, “possui uma sedução de um acidente caprichoso”.

Einstein, para se dizer a verdade, ficou petrificado, respondendo-lhe que as suas ideias eram extraordinariamente originais e animou-o a publicá-las numa revista científica.

O artigo apareceu em 1921, graças à intervenção do próprio Einstein, que acabava de receber o prémio Nobel.

Cinco anos depois, apercebendo-se que Kaluza continuava como professor auxiliar em Könisberg – o matemático, devia ser um dos poucos académicos da história ocidental que conservava um subemprego deste tipo, durante um quarto de século -, Einstein disse a todos que Kaluza era um inovador e que seguramente merecia algo melhor que aquele lugar humilhante de matemático e que raramente era remunerada.

Mas não foi só por isso.

O tema da 4ª. Dimensão pôs a pensar a comunidade científica, já que se tinha esgotado o pensamento com “O Homem Invisível” de H. G. Wells.

Kaluza era um teórico convencido.

Não sabia nadar, mas mais ou menos na mesma altura que enviou o rascunho a Einstein, leu um livro de natação e atirou-se à água.
O seu filho assegura que só com os conhecimentos teóricos adquiridos pela leitura do livro, começou a nadar sem qualquer problema.

A sua intuição sobre a unificação das forças físicas, também acabaram por saír nadando, ainda que demasiado tarde para conseguir uma boa promoção na Universidade.

Unificar todas as forças fundamentais – que agora são quatro em vez de duas – é o seu Santo Graal da física teórica e as maiores esperanças de alcançá-lo estão depositadas numa teoria de suposição ou hipótese, que propõe que o mundo não tem já quatro dimensões, mas sim dez.

Curiosamente, os fundamentos matemáticos da teoria das hipóteses foram desenvolvidos no século XVIII pelo grande matemático suiço, Leonard Euler, que supostamente não pretenderia chegar a nenhuma unificação das forças fundamentais, nem nada parecido.

Se a teoria da suposição ou hipótese resulta correctamente, o segredo mais profundo do cosmos não terá sido descoberto pelos físicos, mas sim, inventado pelos matemáticos.

2 comentários:

xistosa, josé torres disse...

"A FÓRMULA do COSMOS"
1 comentário - Mostrar postagem original

rui disse...

obrigado pela informação. sempre a aprender...

11-06-2007 20:09

Anónimo disse...

Aprendi muito